"Escrava que fui, deixo esse meu testamento"
alforrias em Belém na segunda metade do século XIX
Mots-clés :
escravidão negra; alforria; liberdade; testamentoRésumé
Este artigo realiza uma breve análise dos processos de alforria ocorridos na cidade de Belém/PA entre 1850 e 1880. Para cumprir essa tarefa, propomos um diálogo entre a obra O Cortiço(1890), de Aluísio Azevedo, o livro Um Naturalista no Rio Amazonas(1848), de Henry Walter Bates, e os documentos pesquisados no Arquivo Público do Estado do Pará e no Arquivo do Tribunal de Justiça do Estado do Pará. Ademais, objetivamos os aspectos relevantes no que se refere ao “domínio senhorial” e às diferentes estratégias utilizadas pelos escravos para conseguirem suas alforrias. Além da tessitura entre as diferentes fontes documentais, o diálogo com algumas pesquisas realizadas em Belém (PA) e com as obras literárias mencionadas evidenciam numerosos matizes e peculiaridades da temática da escravidão negra no Brasil. A partir desse cenário é possível vislumbrar as diferentes modalidades de alforria, além de demonstrar como ex-escravas(os) conseguiram adquirir bens, alforriaram parentes e pessoas próximas e tiveram condições de deixar herança, circunstâncias que revelam o lugar histórico-social de “escravo que fui”.
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