Miradas afrocêntricas em torno da africanização do Egito Antigo

entre racialização e identidades

Autores/as

  • Raisa Sagredo UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

Palabras clave:

Afrocentrismo. Egito Antigo. Identidades. Racialização.

Resumen

Diferentes narrativas do passado trataram das “origens raciais” dos egípcios antigos, vindo a constituir-se como uma verdadeira polarização entre um Egito branco versus um Egito negro. Neste artigo, busca-se mostrar a corrente interpretativa do Afrocentrismo, historicizando-a dentro dos debates raciais sobre o Egito. Esta, defende a origem africana como sinonímia de negra, e encontra nos debates identitários e políticos do presente um solo fértil para estudos que não se limites aos “usos do passado” mas às próprias concepções do passado faraônico. Deste modo, revisita-se a historiografia africanista que debruçou-se sobre o Egito Antigo como bandeira de luta, e analisam-se reflexos de como esse Afrocentrismo repercutiu na Egiptologia brasileira.

Biografía del autor/a

Raisa Sagredo, UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

Mestre em História Cultural pela Universidade Federal de Santa Catarina -UFSC (2017) e graduada em História pela mesma. Integrante do GEHA - Grupo de Estudos em História Antiga, e do MERIDIANUM - Núcleo Interdisciplinar em Estudos Mmemdievais, ambos da mesma universidade.

Citas

APPIAH, Kwame A. Na casa de meu pai – a África na filosofia da cultura. Contraponto, 1997.

ASSMANN, Jan. Collective memory and cultural identity. New German Critique; N°. 65, Cultural History/Cultural Studies, pp. 125-133. Duke University Press: 1995.

BAINES, John. The Aims and Methods of Black Athena. In:LEFKOWITZ, Mary R.; ROGERS, Guy McLean. Black Athena Revisited. Chapel Hill & London: The University of North Carolina Press, 1996.

BAKR, A. Abu. O Egito faraônico. In: MOKHTAR, Gamal. História Geral da ÁfricaII: África Antiga. Brasília: UNESCO, 2010.

BAKOS, Margaret (Org.). Egiptomania: O Egito no Brasil. São Paulo: Paris Editorial, 2004.

BAKOS, Margaret. El antiguo Egipto en Brasil: História de la Egiptologia en Brasil. ArqueoWeb Revista Eletrônica, Espanha, v. 5, n.3, 2004.

BAKOS, Margaret. Fatos e Mitos do Antigo Egito.3° Ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009.

BAKOS, Margaret. Three Moments of Egyptology in Brazil. Proceedings of Seventh International Congress of Egyptologists, Cambridge/Inglaterra, vol. 1, p. 87-91, 1998.

BAKOS, Margaret. Visões modernas do mundo antigo: a egiptomania. In: FUNARI, Pedro Paulo et al (org), História Antiga: contribuições brasileiras. São Paulo: Annablume, 2008, p.15-35.

BARBOSA, Muryatan Santana. A África por ela mesma: a perspectiva africana na História Geral da África (UNESCO).Tese; Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade de São Paulo – USP. São Paulo, 2012.

BERNAL, Martin. Black Athena: the afroasiatic roots of classical civilization. New Jersey: Rutgers University Press, 1987.

CARDOSO, Ciro Flamarion. Etnia, nação e antiguidade: um debate. In: Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos. Fronteiras & etnicidade no mundo antigo. Pelotas: UFPEL/ULBRA, 2005, p.87-104.

CARDOSO, Ciro Flamarion. O Egito antigo. Coleção Primeiros Passos. São Paulo: Brasiliense, 1982.

CARDOSO, Ciro Flamarion. Sete olhares sobre a Antiguidade. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1994.

CERTEAU, Michel de. A escrita da história. Tradução Maria de Lourdes Menezes. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.

DAWSON et al. The Frederick Douglass Encyclopedia. Greenwood Publishing Group: California, Colorado, England, 2009.

MBAYE DIOP, Babacar; DIENG, Doudou (org). A Consciência Histórica Africana. Angola e Portugal: Edições Mulemba e Edições Pedago, 2014.

DIOP, Cheikh Anta. A origem dos antigos egípcios. In: MOKHTAR, G. (Org). História Geral da África II. África antiga.São Paulo: Cortez/Brasília: UNESCO, 2011.

DIOP, Cheikh Anta. The african origin of civilization: myth or reality. New York: Lawrence Hill & Company, 1974.

DU BOIS, W.E.B. The Negro. University of Pennsylvania Press, 1915.

FAGE, J. DA evolução da historiografia da África. In: KI-ZERBO (coord.). História Geral da África I: Metodologia e pré-história da África. São Paulo: Ática; Paris: UNESCO, 1982.

FARIAS, Paulo F. de Moraes. Afrocentrismo: entre uma contranarrativa histórica universalista e o relativismo cultural. Revista Afro-Ásia, Salvador, n. 29/30, 2003, p. 317-343.

FIRMIN, Anténor. De l’égalité des races humaines: anthropologie positive. Cotillon, 1885.

GOBINEAU, Arthur. The inequality of human races. William Heinemann: London, 1915.

KI-ZERBO, Joseph. História geral da África I: Metodologia e pré-história da África. 2.ed. rev. – Brasília : UNESCO, 2010.

LEMOS, Rennan de S. O Egito antigo – novas contribuições brasileiras, Rio de Janeiro, 2014.

LEMOS, Rennan de S. Entrevista. Arquivo pessoal, 2016.

LEMOS, Rennan de S; VIEIRA, Fábio A. Práticas mortuárias no Egito e na Núbia sob o reino Novo Egípcio: avaliando o emaranhamento cultural na África antiga.Revista de Ciências Humanas, Viçosa,vol. 14, n. 2, 2014,p. 302-325.

LOPES, Carlos. A pirâmide invertida – historiografia africana feita por africanos. In: Actas do Colóquio Construção e Ensino da História da África. Lisboa: Linopazas, 1995.

M’BOKOLO, Elikia. África Negra:História e civilizações. Tomo I (Até o século XVIII). Salvador: EDUFBA; São Paulo: Casa das Áfricas, 2009.

MBEMBE, Achille. As formas africanas de auto-inscrição. In: Revista Estudos Afro-Asiáticos, Ano 23, no 1, 2001, p.171-209.

MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. Antígona: Portugal, 2014.

MOKHTAR, Gamal. História Geral da África II: África Antiga. Brasília: UNESCO, 2010.

MOKHTAR, Gamal; VERCOUTTER, Jean. Introdução Geral. In:MOKHTAR, G. (org). História geral da África II: África Antiga. São Paulo: Ática, Unesco, 1983.

MUDIMBE, V.Y. The idea of Africa. Indiana University Press Bloomington and Indianapolis / James Currey: London, 1994.

MUDIMBE, V.Y. The invention of Africa: gnosis, philosophy and the order of knowledge. London: James Currey, 1988.

OBENGA, Teóphile. O sentido da luta contra o africanismo eurocentrista. Portugal e Angola: Edições pedago e Edições Mulemba, 2013.

SAID, Edward. Orientalismo: o oriente como invenção do ocidente. São Paulo. Companhia das letras, 1990.

SAGREDO, Raisa. Raça e etnicidade: questões e debates em torno da (des)africanização do Egito Antigo.Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Florianópolis, 2017.

SANDERS, Edith R. The Hamitic Hypothesis: Its Origin and Functions in Time Perspective. The JournalofAfricanHistory, Vol. 10, No. 4, 1969, pp. 521–532.

SCHMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel; MARTINS, Estevão de Rezende (Org.). JörnRüsen e o Ensino de História. Curitiba: Editora da UFPR, 2011.

SERGI, Giuseppe. The Mediterranean Race:a Study of the Origins of European Peoples. London: Walter Scott, Paternoster Square, 1901.

URSTAD, Kristian. Book Review: James, George G. M.,Stolen Legacy: The Egyptian Origins ofWestern Philosophy. In:KRITIKE, vol. 3, n° 2 (DECEMBER 2009), p.167-170. ISSN 1908-7330. Disponível em: www.kritike.org/journal/issue_6/urstad_december2009.pdf.

VIEIRA, Fábio Amorim; MALAVOTA, C. M. Racialização e vozes dissonantes na historiografia sobre o Egito faraônico. Revista Mundo Antigo, v. 2, 2013, p. 139-166.

VITELLO, Paul. Martin Bernal, ‘Black Athena’ Scholar, Dies at 76. Disponível em: http://www.nytimes.com/2013/06/23/arts/martin-bernal-black-athena-scholar-dies-at-76.html. Acessado em 21/03/2016.

Publicado

2018-01-03

Cómo citar

SAGREDO, Raisa. Miradas afrocêntricas em torno da africanização do Egito Antigo: entre racialização e identidades. Faces da História, [S. l.], v. 4, n. 2, p. 6–27, 2018. Disponível em: https://portalojs.assis.unesp.br/index.php/facesdahistoria/article/view/166. Acesso em: 14 nov. 2024.