Exílio sem dor

uma leitura de Quando chegar a minha vez, de Giselda Laporta Nicolelis

Autores

Palavras-chave:

Exílio, Ditadura militar, Giselda Laporta Nicolelis, Literatura infantojuvenil

Resumo

Ao se deter no romance infanto-juvenil Quando chegar a minha vez, de Giselda Laporta Nicolelis (1984), este artigo problematiza a forma pela qual a obra figura literariamente o regresso ao país dos exilados políticos pelo regime militar (1964-1985), mote inicial da narrativa. Para a análise, dialoga-se com a concepção crítica de Flávio Aguiar (s.d.) sobre os grandes enredos que vêm sendo tecidos pela literatura e pela cultura brasileiras, bem como com a problematização das complexas questões referentes ao exílio formuladas por Maren e Marcelo Viñar (1992) e por Edward Said (2003). A partir dessa discussão, e das contribuições do historiador Daniel Aarão Reis Filho (2004) sobre o clima político, ideológico e cultural vivido pelo Brasil a partir do final dos anos 1970 e início dos 80, mostra-se como o exílio é traçado, no romance, como uma experiência ordinária, e não extraordinária, ocultando, assim, o horror e o sofrimento sempre existentes nesse tipo de experiência.

Biografia do Autor

Marina Silva Ruivo, Universidade Estadual Paulista UNESP

Professora do Departamento de Educação da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), campus Rolim de Moura, onde ministra as disciplinas de Fundamentos e Práticas do Ensino de Língua Portuguesa, Literatura Infantil e Fundamentos e Práticas do Ensino de Arte. Ministra também a disciplina de Língua Portuguesa para outros cursos do mesmo campus. É coordenadora do projeto de extensão "Amigos da Gente em Rodas de História", de mediação de leitura para crianças e adolescentes da cidade, com ênfase nos alunos das escolas públicas. Doutora e mestre em Letras pela USP, mesma instituição onde se bacharelou em Letras, com habilitação em Língua Portuguesa. Atualmente realiza estágio pós-doutoral junto ao Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Autora de "Geração armada: literatura e resistência em Angola e no Brasil" (Alameda Editorial/Fapesp, 2015) e do livro de poesia "Nossa barca" (Patuá, 2019). Sua experiência tem ênfase nas Literaturas de Língua Portuguesa, no Ensino de Leitura e de Escrita Literária, e na Literatura Infantil e Juvenil.

Referências

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Publicado

30-06-2017

Como Citar

Silva Ruivo, M. (2017). Exílio sem dor: uma leitura de Quando chegar a minha vez, de Giselda Laporta Nicolelis. Patrimônio E Memória, 13(1), 54–78. Recuperado de https://portalojs.assis.unesp.br/index.php/pem/article/view/3418