Autêntico para quem?

A noção de autenticidade do patrimônio cultural na contemporaneidade

Autores

Palavras-chave:

Autenticidade, Teoria e crítica da arte, Turismo cultural, Teoria da Conservação, Desafios contemporâneos

Resumo

Nos últimos anos uma noção vem sendo continuamente discutida no âmbito da conservação do patrimônio cultural: autenticidade. Mesmo com os avanços alcançados, é latente a necessidade de aprofundamentos conceituais e operacionais. Nesses termos, este artigo se propõe a discutir a autenticidade na contemporaneidade na perspectiva de compreender os sentidos que vem sendo aplicada nas dimensões teórica e prática da conservação. Para tanto, o fará por meio do aporte de três distintas áreas do conhecimento que se debruçam sobre o tema: a teoria e crítica da arte, o turismo cultural e a teoria da conservação do patrimônio cultural. Com isso, pretende-se refletir sobre a autenticidade de modo a compreender suas diversas facetas, sentidos e, em especial, seu papel na teoria contemporânea da conservação. Valendo-se dessas distintas visões, foram obtidos subsídios para se identificar questões emergentes sobre a autenticidade que precisam ser consideradas ao empregá-la na prática da conservação do patrimônio cultural.

 

Biografia do Autor

Flaviana Barreto Lira, Universidade de Brasília

É Professora Adjunta do Departamento de Projeto, Expressão e Representação e do Programa de Pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (PPG-FAU/UnB), vinculada à linha de pesquisa de Patrimônio e Preservação (2019), da área de Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo. Arquiteta e Urbanista graduada pela UFPE (2004), com intercâmbio acadêmico por um ano letivo (2000-2001) na Faculdade de Arquitectura do Porto (FAUP). Doutora em Desenvolvimento Urbano pela UFPE (2009), na linha de pesquisa da Conservação Integrada, com tese sobre autenticidade do patrimônio cultural. Autora do livro ?Patrimônio Cultural e Autenticidade: Montagem de um sistema de indicadores para o monitoramento? (Editora UFPE- 2011). Técnica do IPHAN-DF entre os anos de 2010 e 2011. Membro titular do Conselho Fiscal da ANPUR durante a gestão 2015-2017. Pós-doutorado na Brandenburgisch Technische Universitat/ Alemanha entre 2015 e 2016.

Referências

ARGAN, Giulio Carlo. História da arte como história da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

BOITO, Camillo. Os Restauradores. Tradução de Beatriz Mugayar Kühl e Paulo Mugayar Kühl. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2003.

BRANDI, Cesare. Teoria da Restauração. Tradução de Beatriz Mugayar Kühl. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2004.

BURNETT, Kathryn. Patrimônio, autenticidade e história. In: Drummond A., Yeoman I., Questões de qualidade nas atrações de visitação a patrimônio. São Paulo: Roca, 2004. p. 38-52.

COUTINHO, Evaldo. O Espaço da Arquitetura. São Paulo: Editora Perspectivas, 1998.

DENSLAGEN, Wim. The artificial life of heritage. KNOB Bulletin, Jaargang 100, n. 3, p. 116-122, 2001.

DROSTE, Bernard von; BERTILSSON, Ulf. Authenticity and world heritage. In: LARSEN, EINAR K. (Org.). Nara Conference on Authenticity. UNESCO, ICCROM, ICOMOS: Japão, 1995. p. 5-6.

DUTTON, Denis. Authenticity in art. In: LEVINSON, Jerrold (org.). The Oxford Handbook of Aesthetics. New York: Oxford University Press, 2003. s/p. Disponível em: http://www.denisdutton.com/authenticity.htm. Acesso em: 01 out. 2018.

FIELDEN, Bernard M., JOKILEHTO, Jukka. Management Guidelines For World Heritage Sites. 2. ed. Rome: ICCROM, 1998.

GYIMÓTHY, Szilvia; JOHNS, Nick. Desenvolvendo o papel da qualidade. In: Drummond A., Yeoman I. (Org.). Questões de qualidade nas atrações de visitação a patrimônio. São Paulo: Roca, 2006. p. 235-256.

HARVEY, William Robert. Authenticity and experience quality among visitors at a historic village. 2004. 73 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) – Virginia Polytechnic Institute and State University, Blacksburg, 2004. Disponível em: <http://scholar.lib.vt.edu/theses/available/etd-03052004-132332/unrestricted/result.pdf>. Acesso em: 10 set. 2018.

ICOMOS National Committees of the Americas. The declaration of San Antonio. San Antonio, Texas: 1996. Disponível em: <http://www.icomos.org/docs/san_antonio.html>. Acesso em: 17 out. 2017.

JAMAL, Tazim; HILL, Steve. Developing a framework for indicators of authenticity: the place and place of cultural and heritage tourism. IAsia Pacific Journal of Tourism Research, v. 9, n. 4, p. 353-371, 2004.

JOKILEHTO, Jukka; KING, Joseph. Authenticity and conservation: reflections on the current state of understanding. In: SAOUMA-FORERO, GALIA (org.) Authenticity and integrity in an African context: expert meeting, Great Zimbabwe, Zimbabwe, 26-29 May, Paris: UNESCO, 2001, p. 33-39.

JOKILEHTO, Jukka. Considerations on authenticity and integrity in World Heritage context. City & Times, v. 2, n. 1, 2006a, p. 1-16. Disponível em: <http://www.ct.cecibr.org/novo/revista/viewarticle.php?id=44&layout=html>. Acesso em: 4 jun. 2018.

______. World Heritage: defining the outstanding universal value. City & Times, v. 2, n. 1, 2006b, p. 1-10. Disponível em: <http://www.ceci-br.org/novo/revista/docs2006/CT-2006-45.pdf>. Acesso em: 4 jun. 2018.

LARSEN, Einar K. (org.). Nara Conference on Authenticity. UNESCO, ICCROM, ICOMOS: Japão, 1995.

LIRA, Flaviana. Da natureza complexa dos bens culturais: a indissociabilidade entre significância cultural, integridade e autenticidade. In: V Encontro Internacional sobre patrimônio edificado – Arquimemória, 2017, Salvador. Anais. Salvador: Departamento da Bahia do Instituto dos Arquitetos do Brasil, 2017, s/p.

______. Patrimônio cultural e autenticidade: montagem de um sistema de indicadores para o monitoramento. Recife: EdUFPE, 2010.

LORETTO, Rosane. As [des]venturas da integridade no Patrimônio Mundial. 2016. 345 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.

LOWENTHAL, David. Authenticity: rock of faith or quicksand quagmire? Conservation: the Getty Conservation Institute newsletter, v. 14, n. 3, p. 5-8, 1999.

______. The past is a foreign country. Cambridge: University Press, 1985.

MARTÍNEZ, Ascención Hernández. La clonación arquitectónica. Madrid: Ediciones Siruela, 2007. (La Biblioteca Azul, serie mínima).

PETZET, Michael. Place, memory, meaning: preserving intangible values in monuments and sites. ICOMOS 14th General Assembly and Scientific Symposium, Zimbabwe, 27- 31 out. 2003. Disponível em: <http://international.icomos.org/victoriafalls2003/papers/4%20-%20Allocution%20Petzet.pdf >. Acesso em: 12 nov. 2017.

PHILIPPOT, Paul. La teoria del restauro nell’epoca della mondializzazione. Arkos: scienza e restauro, Anno 3, n. 1, p. 14-17, 2002.

PHILIPPOT, Paul. Restoration from the perspective of humanities. In: PRICE, Nicholas Stanley; TALLAEY, M. K.; VACCARO, Alessandra Melucco. (Orgs.). Historical and Philosophical issues in the conservation of cultural heritage. Los Angeles: The Getty Conservation Institute, 1996a, p. 216- 229.

______. The Idea of Patina and the Cleaning of Paintings. In: PRICE, N. S.; TALLAEY, M. K.; VACCARO, A. M. (Orgs.). Historical and Philosophical issues in the conservation of cultural heritage. Los Angeles: The Getty Conservation Institute, 1996b, p. 366-371.

RUSKIN, John. A lâmpada da memória. Tradução Maria Lúcia Bressan Pinheiro. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2008.

SILVA, P. Conservar, uma questão de decisão: o julgamento na conservação da arquitetura moderna. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2012.

STOVEL, Herb. Efective use of authenticity and integrity as world heritage qualifying conditions. In: City & Times, v. 2, n. 3, 2007, p.21-36. Disponível em: <http://www.ct.cecibr.org/novo/revista/viewarticle.php?id=71&layout=abstract>. Acesso em: 1 ago. 2018.

TAYLOR, Charles. The Ethics of Authenticity. Cambridge- London: Harvard University Press, 2003.

TOMASZEWSKI, Andrzej. I valori immateriali dei beni culturali nella tradizione e nella scienza occidentale. In: VALTIERI, Simonetta (Org.). Della bellezza ne è piena la vista!: restauro e conservazione alle latitudini del mondo nell’era della globalizzazione. Università degli studi Mediterranea, Reggio Calabria, Italia. Roma: Nuova Argos, 2004, p. 30-55.

UNESCO. Operational Guidelines for the implementation of the World Heritage Convention. Paris: World Heritage Centre, 1977. Disponível em: <http://whc.unesco.org/archive/opguide77b.pdf>. Acesso em: 3 abr. 2018.

UNESCO. Operational Guidelines for the implementation of the World Heritage Convention. Paris: World Heritage Centre, 2013. Disponível em: <http://whc.unesco.org/archive/opguide05-en.pdf>. Acesso em: 3 abr. 2018.

MUÑOZ VIÑAS, Salvador. Teoria contemporanea de la restauración. 1. ed. Madrid: Editorial Sintesis, 2004.

VIOLLET-LE-DUC, Eugène E. Restauração. Tradução de Beatriz Mugayar Kühl. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2000.

ZANCHETI, Silvio; LORETTO, Rosane. Dynamic integrity: a new concept to approach the conservation of historic urban landscape (hul). In: Textos para discussão - Série 1 – Gestão da conservação urbana, CECI, Olinda, V.53, 2012.

Downloads

Publicado

30-12-2018

Como Citar

Barreto Lira, F. (2018). Autêntico para quem? A noção de autenticidade do patrimônio cultural na contemporaneidade. Patrimônio E Memória, 14(2), 272–298. Recuperado de https://portalojs.assis.unesp.br/index.php/pem/article/view/3364