Um lugar para recordar a imigração no sul do Brasil

debates políticos e intelectuais na criação do Museu Nacional de Imigração e Colonização em Joinville / SC (1949-1957)

Autores

Palavras-chave:

Museu Nacional de Imigração e Colonização, Câmara dos Deputados, Imigração, Colonização, Diversidade cultural

Resumo

Este artigo analisa debates políticos e intelectuais que precederam a criação do Museu Nacional de Imigração e Colonização, em Joinville, Santa Catarina. Conforme a Lei Federal nº 3.188, de 2 de julho de 1957, essa instituição teria por finalidade recolher e guardar acervos relacionados à imigração e colonização no sul do Brasil, porém, limitou-se à história de Joinville e dos imigrantes de origem germânica. Ao analisar os projetos de lei apresentados na Câmara dos Deputados para criar o museu, e pareceres de comissões legislativas, foi possível compreender diferentes entendimentos sobre a ideia de “diversidade cultural” no Brasil.

Biografia do Autor

Diego Finder Machado, Universidade Estadual Paulista UNESP

Diego Finder Machado é Professor Colaborador no Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural e Sociedade da Universidade da Região de Joinville (Univille). Pós-Doutor pela Univille. Mestre e Doutor em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Licenciado em História pela Univille.

Referências

ALMEIDA, Maria Hermínia Tavares. Castelos na Areia: dilemas da institucionalização das ciências sociais no Rio de Janeiro (1930-1964). Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, Rio de Janeiro, n. 24, p. 41-60, 1987.

BARTH, Fredrik. Grupos étnicos e suas fronteiras. In: POUTIGNAT, Philippe; STREIFFFENART, Jocelyne. Teorias da etnicidade: seguido de grupos étnicos e suas fronteiras. São Paulo: UNESP, 1998.

BÖBEL, Maria Thereza. Entrevista concedida a Diego Finder Machado e Eleide Abril Gordon Findlay. Joinville, 23 out. 2003.

BOLÉO, Manuel de Paiva. O Congresso de Florianópolis, comemorativo do bicentenário da colonização açoriana. Coimbra: Coimbra Editora, 1950.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil03/constituicao/constituicao.htm>.

______ . Convênio para a organização, instalação e funcionamento do Museu Nacional de Imigração e Colonização. Diário Oficial da União, Seção I, Parte I, 22 mar. 1962. p. 3337. Disponível em: <https://www.jusbrasil.com.br/diarios/ 2727950/pg-45-secao-1-diariooficial-da-uniao-dou-de-22-03-1962/pdfView>.

_____ . Decreto nº 67.647. 23 nov. 1970. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-67647-23-novembro-1970-409148-publicacaooriginal-1-pe.html>.

______ . Lei nº 3.188. 2 jul. 1957. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/L3188.htm>.

CÂMARA DOS DEPUTADOS. Projeto de Lei nº 3.055. 4 mai. 1953. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=209221>.

______ . Projeto de Lei nº 390. 2 jun. 1949. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=176150>.

CHAGAS, Mário. A imaginação museal: museu, memória e poder em Gustavo Barroso, Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro. Rio de Janeiro: MinC/IBRAM, 2009.

COELHO, Ilanil. É proibido ser alemão: é tempo de abrasileirar-se. In: GUEDES, Sandra P. L. de Camargo (Org.). História de (I)migrantes: o cotidiano de uma cidade. 2. ed. Joinville: Univille, 2005.

CONGRESSO NACIONAL. Apresentação do Projeto de Lei nº 390, de autoria de Max Tavares d’Amaral. Diário do Congresso Nacional, Rio de Janeiro, ano IV, n. 111, 16 jun. 1949, p. 5.110. Disponível em: <http://imagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/DCD16JUN1949.pdf#page=26>.

______ . Votação do Projeto de Lei nº 2.631-B, de autoria de Jorge Lacerda. Diário do Congresso Nacional, Rio de Janeiro, ano VIII, n. 84, 6 mai. 1953, p. 3.538-3.542. Disponível em: <http://imagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/DCD06MAI1953.pdf#page=>.

CUCHE, Denys. A noção de cultura nas ciências sociais. Bauru: EDUSC, 1999.

D’AMARAL, Max Tavares. Assimilação e aculturação dos estrangeiros e seus descendentes no Vale do Itajaí. In: PREFEITURA DE BLUMENAU. Centenário de Blumenau: 1850-1950. Blumenau: Edição da Comissão de Festejos, 1950a.

______ . Contribuição à história da colonização alemã do Vale do Itajaí. Anais do Primeiro Congresso de História Catarinense, Florianópolis, v. II, p. 275-329, 1950b.

D’AMARAL, Max Tavares. Contribuição à história da colonização alemã no Vale do Itajaí. São Paulo: Instituto Hans Staden, 1950c.

FICKER, Carlos. História de Joinville: crônica da Colônia Dona Francisca. 3. ed. Joinville: Letradágua, 2008.

FLORES, Maria Bernadete Ramos. A farra do boi: palavras, sentidos, ficções. Florianópolis: UFSC, 1997.

FREYRE, Gilberto. Uma cultura ameaçada: a luso-brasileira. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do Brasil, 1942.

FROTSCHER, Méri. Da celebração da etnicidade teuto-brasileira à afirmação da brasilidade: ações e discursos das elites locais na esfera pública de Blumenau (1920-1950). Florianópolis, 2003. Tese (Doutorado em História) – Federal de Santa Catarina.

MACHADO, Diego Finder. Marcas da profanação: versões e subversões da ordem patrimonial em Joinville-SC. Florianópolis, 2018. Tese (Doutorado em História) – Universidade do Estado de Santa Catarina.

MACHADO, Elaine Cristina. Entre inquietações e provocações: desafios da educação patrimonial no Museu Nacional de Imigração e Colonização – MNIC. In: MACHADO, Elaine Cristina (Org.). Além do que se vê: um museu para a cidade? Curitiba: Lisegraff, 2013, p. 100-125.

MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra de. A problemática da identidade cultural nos museus: de objetivo (de ação) a objeto (de conhecimento). Anais do Museu Paulista: Nova Série, São Paulo, n. 1, p. 207-222, 1993.

MIGRAMUNDO. Museu Nacional de Joinville vive transição para discutir o passado e o presente das migrações. 9 fev. 2015. Disponível em: <http://migramundo.com/museunacional-de-joinville-vive-transicao-para-discutir-o-passado-e-o-presente-das-migracoes/>.

NEDEL, Letícia. As coisas e seus lugares: colecionamentos e ressignificação de objetos no Museu Nacional de Imigração e Colonização de Joinville. In: MACHADO, Elaine Cristina (Org.). Além do que se vê: um museu para a cidade? Curitiba: Lisegraff, 2013, p. 126-180.

OLIVEIRA, Ricardo Costa de. Oliveiras entre alemães: estudo de caso da classe dominante no nordeste de Santa Catarina – da lavoura escravista para a indústria e a política. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, n. 4/5, p. 89-111, 1995.

PEIXOTO, Paulo. A identidade como recurso metonímico dos processos de patrimonialização. Revista Crítica de Ciências Sociais, Coimbra, n. 70, p. 183-204, 2004.

QUADROS, Claudemir de. Reforma, ciência e profissionalização da educação: o Centro de Pesquisas e Orientação Educacionais do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2006. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

QUEIROZ, Rachel de. Olhos Azuis. O Cruzeiro, v. XXI, n. 22, 19 mar. 1949. p. 114. Disponível em: <http://memoria.bn.br/DocReader/003581/63570>.

ROMERO, Juan Rodrigues. Museu de Imigração é pouco visitado por joinvilenses. A Notícia, 25 abr. 1986. p. 12.

S. THIAGO, Arnaldo. Ressalva, para ser anexada ao parecer do Relator, Sr. Rid Silveira, referente ao trabalho do Sr. Max Tavares d’Amaral: “Contribuição à História da Colonização Alemã no Vale do Itajaí”. Anais do Primeiro Congresso de História Catarinense, Florianópolis, v. II, p. 329, 1950.

S. THIAGO, Raquel. Coronelismo urbano em Joinville: o caso de Abdon Baptista. Florianópolis: Governo do Estado de Santa Catarina, 1988.

SANTOS, Myrian Sepúlveda dos. Antropologia cultural e museus em Gilberto Freyre. In: CHAGAS, Mario; HEITOR, Gleyce Kelly (Org.). O pensamento museológico de Gilberto Freyre. Recife: Massananga, 2017.

SCHNEIDER, Adolfo Bernardo. O meu arquivo implacável. A Notícia, Joinville, 22 ago. 1980. p. 2.

SILVA, Janine Gomes da. Tempo de lembrar, tempo de esquecer... As vibrações do Centenário e o período da Nacionalização: histórias e memórias sobre a cidade de Joinville. Joinville: UNIVILLE, 2008.

SOUSA, Coelho de. Conflito de culturas. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, 1953.

SPHAN (SERVIÇO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL). Processo de Tombamento Federal n º 161-T-38: Palácio dos Príncipes de Joinville, Santa Catarina. Brasília, 1938.

TERNES, Apolinário. Os voluntários da cultura. Joinville: Partners, 2010.

TOMASELLI, Dolores Carolina. Entrevista concedida a Diego Finder Machado e Eleide Abril Gordon Findlay. Joinville, 1º dez. 2003.

VOIGT, André Fabiano. Emílio Willems e a invenção do teuto-brasileiro, entre a cultura e a assimilação (1940-1946). História: Questões & Debates, Curitiba, n. 46, p. 189-201, 2007.

WILLEMS, Emílio. A aculturação dos alemães no Brasil. São Paulo: Nacional, 1980.

Downloads

Publicado

30-12-2019

Como Citar

Finder Machado, D. (2019). Um lugar para recordar a imigração no sul do Brasil: debates políticos e intelectuais na criação do Museu Nacional de Imigração e Colonização em Joinville / SC (1949-1957) . Patrimônio E Memória, 15(2), 99–128. Recuperado de https://portalojs.assis.unesp.br/index.php/pem/article/view/3276