Economia criativa, patrimônio e diversidade

o Paço do Frevo e o neoconservadorismo nas políticas culturais

Autores

Palavras-chave:

Políticas culturais, Economia criativa, Criatividade, Paço do Frevo

Resumo

Este artigo propõe uma crítica à concepção de politica cultural baseada na economia criativa e na conveniência da cultura em vigor no contexto brasileiro, analisando o caso do equipamento cultural Paço do Frevo, da cidade do Recife (Pernambuco / Brasil). Amparados por autores como Toby Miller e George Yúdice, entendemos que equipamentos culturais como esses funcionam como instrumentos para o manejo da diversidade e da cultura popular com vistas à produção de sentidos sobre espaços urbanos e de controle dos seus conteúdos simbólicos, canalizando-os para possibilidades turísticas e mercadológicas. Três aspectos serão explorados: o debate sobre criatividade e políticas culturais no Brasil; a participação do BNDES na operacionalização dessas políticas; e a discussão dos limites da política cultural que articulou desenvolvimento, patrimônio, criatividade e revitalização urbana no Hipercentro do Recife.

Biografia do Autor

Glauber Guedes Ferreira de Lima, Universidade Estadual Paulista UNESP

Glauber Guedes Ferreira de Lima é Professor do Curso de Museologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia, Goiás, Brasil. Doutorando em Mídias e Indústrias Criativas na Lougborough University London, na Inglaterra. Mestre em História pela Universaidade de Brasília (UnB) e Graduado em História  pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Pós-Graduado Lato Sensu em Gestão de Espaços e Projetos Culturais pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes.

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Publicado

30-06-2019

Como Citar

Guedes Ferreira Lima, G. (2019). Economia criativa, patrimônio e diversidade: o Paço do Frevo e o neoconservadorismo nas políticas culturais. Patrimônio E Memória, 15(1), 449–473. Recuperado de https://portalojs.assis.unesp.br/index.php/pem/article/view/3262

Edição

Seção

Artigos Livres