Economia criativa, patrimônio e diversidade
o Paço do Frevo e o neoconservadorismo nas políticas culturais
Palavras-chave:
Políticas culturais, Economia criativa, Criatividade, Paço do FrevoResumo
Este artigo propõe uma crítica à concepção de politica cultural baseada na economia criativa e na conveniência da cultura em vigor no contexto brasileiro, analisando o caso do equipamento cultural Paço do Frevo, da cidade do Recife (Pernambuco / Brasil). Amparados por autores como Toby Miller e George Yúdice, entendemos que equipamentos culturais como esses funcionam como instrumentos para o manejo da diversidade e da cultura popular com vistas à produção de sentidos sobre espaços urbanos e de controle dos seus conteúdos simbólicos, canalizando-os para possibilidades turísticas e mercadológicas. Três aspectos serão explorados: o debate sobre criatividade e políticas culturais no Brasil; a participação do BNDES na operacionalização dessas políticas; e a discussão dos limites da política cultural que articulou desenvolvimento, patrimônio, criatividade e revitalização urbana no Hipercentro do Recife.
Referências
AGAMBEN, Giorgio. O que é um dispositivo? Outra Travessia, Florianópolis, n. 5, p. 9-16, jan. 2005.
______ . Profanações. São Paulo: Boitempo, 2015.
ALVES, Elder Patrick Maia. A economia criativa do (no) Brasil. In: Seminário Internacional de Políticas Culturais. Salvador: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2012. v. 3, p.1-14.
AMARAL FILHO, Jair; FARIAS, Deborah. Celso Furtado: culture and creativity matter. Journal of Economic Issues, v. 50, n. 2, p. 444-45. 2016.
ARAÚJO, Rita de Cássia. Festas: máscaras do tempo. Entrudo mascarada e frevo no carnaval do Recife. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1996.
BENJAMIN, Walter. O capitalismo como religião. São Paulo: Boitempo, 2015.
BRASIL. Ministério da Cultura. Plano da Secretaria da Economia Criativa do MINC. Políticas, diretrizes e ações 2011 a 2014. Brasília, 2011.
BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Resenha de: Furtado, Celso. Criatividade e dependência na civilização industrial. Revista de Economia Política, v. 1, n. 2, p. 155-156, 1981.
BUITRAGO RESTREPO, Pedro Felipe; DUQUE MÁRQUEZ, Iván. La economía naranja: una oportunidad infinita. Bogotá: BID, 2013.
CARVALHO, José Jorge. ‘Espetacularização’ e ‘canibalização’ das culturas populares na América Latina. Revista Anthropológicas, Recife, v. 21, n. 1, p. 39-76, 2010.
CASTRO, Lavínia Barros de. Dividing the creative economy into two to better understand it from a macroeconomic perspective; In: NEW directions in creative economy policy making / Novas Direções na Formulação de Políticas para a Economia Criativa. London, São Paulo: British Council, 2014, p. 37-41.
DUARTE, Ruy. História social do frevo. Rio de Janeiro: Leitura, 1986.
FLEW, Terry; CUNNINGHAM, Stuart. Creative industries after the first decade of debate. The Information Society, v. 26, n. 2, p.113-123, 2010.
FLORIDA, Richard. A ascensão da classe criativa. Porto Alegre: L&PM. 2011.
______ . Cities and the creative class. City & Community, v. 2, n. 1, p. 3-19, 2003.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal. 1979.
FURTADO, Celso. Criatividade e dependência na civilização industrial. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1978.
GORGULHO, Luciane Fernandes et alii. A economia da cultura, o BNDES e o desenvolvimento sustentável. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 30, p. 299-355, 2009.
HOYMAN, Michele; FARICY, Christopher. It takes a village: a test of the creative class, social capital, and human capital theories. Urban Affairs Review, v. 44, n. 3, p. 311-333, 2009.
JEUDY, Henri-Pierre. O espelho das cidades. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2005.
LAZZARATO, Maurizio; NEGRI, Antônio. Trabalho imaterial: formas de vida e produção de subjetividade. Rio de Janeiro: DP&A. 2013.
LEITÃO, Cláudia. Por um Brasil criativo. Revista Observatório Itaú Cultural, São Paulo, n. 18, p. 74-84, 2015.
LÉLIS, Carmem. Frevo: patrimônio imaterial do Brasil. Síntese do dossiê de candidatura. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 2011.
LEWIS, Justin; MILLER, Toby. Critical cultural policy studies: a reader. New Jersey: Blackwell Publishing, 2003.
MARÇAL, Maria Christianni Coutinho. Discurso do sistema tecnológico Portomídia: um estudo no campo da economia criativa e artes digitais. Recife, 2014. 194 f. Tese (Doutorado em Administração) – Universidade Federal de Pernbambuco.
MENEZES NETO, Hugo. Gilberto Freyre entre o frevo e o samba no carnaval do Recife. Revista Sociologia e Antropologia, Recife, v. 6, n. 3, p. 735-754, 2016. DOI: <http://dx.doi.org/10.1590/2238-38752016v637>.
______ . Tem samba na terra do frevo: as escolas de samba no carnaval do Recife. Rio de Janeiro, 2014. 226 f. Tese (Doutorado em Antropologia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro.
MILLER, Toby; YÚDICE, George. Cultural policy. London: Sage, 2002.
MILLER, Toby. Can natural luddites make things explode or travel faster? In: LOVINK, Geert; ROSSITER, Ned (0rg.). My creativity reader: a critique of creative industries. Amsterdam: Institute of Network Cultures, 2007, p. 43-49.
MIGUEZ, Paulo. Economia criativa: uma discussão preliminar. In: Teorias e políticas da cultura: visões multidisciplinares. Salvador: EDUFBA, 2007, p. 95-114.
MORETTI, Enrico. The new geography of jobs. Boston: H. Mifflin Harcourt, 2012.
NICHOLS CLARK, Terry. Urban amenities: lakes, opera, and juice bars: do they drive development? In: The city as an entertainment machine. Emerald Group Publishing Limited, 2003, p. 103-140.
OLIVEIRA, Valdemar de. Frevo, capoeira e passo. Recife: CEPE, 1971.
OLIVEN, Ruben George. Organização e mudança social no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1980.
ORTIZ, Renato. Cultura brasileira e identidade cultural. São Paulo: Brasiliense, 2012.
PECK, Jamie. Struggling with the creative class. International Journal of Urban and Regional Research, v. 29, n. 4, p. 740-770, 2005.
RABELLO, Evandro. O carnaval do Recife pelos olhos da imprensa – 1822/1925. Recife: Funcultura, 2004.
REAL, Katarina. O folclore no carnaval do Recife. Recife: Massangana, 1990.
REIS, Ana Carla Fonseca (Org.). Introdução. In: ECONOMIA criativa como estratégia de desenvolvimento: uma visão dos países em desenvolvimento. São Paulo: Itaú Cultural, 2008, p. 15-49.
SÀ BARRETO, Francisco Sá; MEDEIROS, Isabela. Culturas do passado presente: um estudo sobre o discurso da novidade e as políticas patrimoniais em uma Recife de três tempos. In: Anais do 40º Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais – ANPOCS, Caxambu, MG, 2016, p. 1 -31.
SANTOS, Mário Ribeiro dos. Trombones, tambores, repiques e ganzás: a festa das agremiações carnavalescas nas ruas do Recife: (1930-1945). Recife: SESC, 2010.
SARMENTO, Luiz Eduardo. Patrimonialização das culturas populares: visões, reinterpretações e transformações no contexto do frevo. Recife, 2010. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Universidade Federal de Pernambuco.
SILVA, Leonardo Dantas. Carnaval do Recife. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 2000.
THROSBY, David. Modelling the cultural industries. International Journal of Cultural Policy, v. 14, n. 3, p. 217-232, 2008.
VALENTE, Luiz Fernando. Paulo Freire: desenvolvimento como prática de liberdade. Alceu: Revista de Comunicação, Cultura e Política, v. 18, p. 186-197, 2009.
YÚDICE, George. A conveniência da cultura: usos da cultura na era global. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2019 Patrimônio e Memória

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons do tipo atribuição BY.