A conclusão da Carta de Mato Grosso e os ideários do Brasil moderno

Autores

Palavras-chave:

Mapa do Mato Grosso, Comissão Rondon, Nação, Imaginários

Resumo

Neste ensaio, visamos contextualizar a feitura do mapa de Mato Grosso destacando como a imaginação cartográfica dialogou com os ideários da nação. Iniciado sob os auspícios da Comissão Rondon na República Velha, o mapa foi imaginado como um instrumento concreto e simbólico do mote “ordem e progresso”. Durante o autoritário Estado Novo (1937-1945), o mapa fez parte do ideário expansionista da “Marcha para o Oeste”. Finalmente, nos anos 1950, nos estertores do governo democrático de Vargas, o mapa representou a culminação de um projeto nacionalista de uma nação.

Biografia do Autor

Beatriz Jaguaribe, Universidade Estadual Paulista UNESP

Beatriz Jaguaribe é Professora Titular do Departamento de Teoria da Comunicação da Escola de
Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no Rio de Janeiro, Brasil. Pós-Doutora pela Universidad de Buenos Aires, Argentina, e também pela Université de Cergy-Pontoise, na França. Doutora e Mestra em Literatura Comparada pela Stanford University, Estados Unidos. Especialista em Filosofia pelo Collegi di Filosofia, em Barcelona, Espanha. Bacharela em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Bolsista de Produtividade em Pesquisa CNPq – nível 2.

Maria Gabriela Bernardino, Universidade Estadual Paulista UNESP

Maria Gabriela Bernardino é Doutoranda e Mestra em História das Ciências e da Saúde no Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde pela Fundação Casa de Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), no Rio de Janeiro, Brasil. Graduada em História pela Universidade Veiga de Almeida (UVA), no Rio de Janeiro.

Referências

*Arquivos Brasileiros*

- Arquivo Histórico do Exército

- Arquivo do Museu do Índio

*Arquivos Franceses*

- Service Historique de la Défense, Château Vincennes.

- Bibliotheque Nacional de France, Miterrand.

*Periódicos*

Brasil-Journal, Vendredi, 18 juin 1926.

Le Gaulois, Lundi, 7 novembre, 1927 & Samedi, 26 janvier 1929.

Les Ailes, 24 juillet, 1930 & 7 août 1930.

O Estado de Mato Grosso, 10 novembro 1941.

Revista do Clube de Engenharia, n. 151, março 1949.

*Bibliografia*

BERNARDINO, Maria Gabriela. Redesenhando a Fronteira Noroeste. Terra Brasilis, Nova Série, v. 6, 2015. Disponível em:<http://journals.openedition.org/terrabrasilis/1656>. Acesso em: 25 jan. 2018.

BIGIO, Eliás. Linhas telegráficas e integração de povos indígenas: as estratégias políticas de Rondon (1889-1930). Brasília: Funai, 2003.

______ . A integração nacional. Rio de Janeiro: Contraponto, 2000.

BISPO, A. A. Da História das Ciências como objeto de estudos culturais e dos Science Studies. Revendo o III Congresso da Academia Internacional de História das Ciências em Portugal (1934) e a participação do Brasil: Francisco Jaguaribe Gomes de Mattos. Revista

Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 130/10 (2011:2). Disponível em: <http://www.revista.brasil-europa.eu/130/Congresso_Historia_das_ Ciencias.html>. Acesso em: 12 ago. 2016.

BOULANGER, Phillipe. Renseignement géographique et culture militaire. Hérodote, n. 140, p. 47-63, 2011.

CAIADO, Leolídio. A Expedição Sertaneja Araguaia-Xingu. Goiânia: Prefeitura Municipal, 1945.

______ . La Carte D´Etat-Major au Service de la Geographie Militaire (debut XIXe siecle-1939). Disponível em: .

CALONGA, Maurilio Dantielly. A Marcha para o Oeste e os intelectuais em Mato Grosso: política e identidade regional. XII Encontro da Associação Nacional de História. Seção Mato Grosso do Sul. UFMS/CPAQ- Aquidauana, MS, 2014.

CAVALCANTI- SCHIEL, Ricardo. A política indigenista, para além dos mitos de segurança nacional. Estudos Avançados, v. 23, n. 65, p. 149-164, 2009.

DIACON, Todd A. Rondon, o marechal da floresta. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

CASSIANO, Ricardo. A marcha para o oeste. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1970.

GARFIELD, Seth. As raízes de uma planta que hoje é o Brasil: os índios e o Estado-Nação na Era Varas. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 20, n. 39, p. 15-42, 2000.

HARLEY, J. B. La nueva naturaleza de los mapas: ensayos sobre la Historia cartografia. Ciudad de México: FCE, 2005.

KESSEL, Carlos. A vitrine e o espelho: o Rio de Janeiro de Carlos Sampaio. Rio de Janeiro: Prefeitura do Rio de Janeiro, 2001.

LASMAR, Denise Portugal. Estoques de informação: o acervo imagético da Comissão Rondon no Museu do Índio como fonte de informação. Rio de Janeiro, 2002. 208 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

KURY, Lorelai; FEDI Laurent. Rondon e o Positivismo: a defesa dos fetichistas. In: KURY, Lorelai; SÀ, Magali Romero (Org.). Rondon: inventários do Brasil. Rio de Janeiro: A. Jakobson Estúdio, 2017.

MACHADO, Othon. Os Carajás. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1947.

MACIEL. Laura Antunes. A nação por um fio: caminhos, práticas e imagens da “Comissão Rondon”. São Paulo: Educ, 1998.

MOTTA, Marly. A nação faz cem anos. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1992.

MILLARD, Candice. O rio da dúvida: a sombria viagem de Theodore Roosevelt e Rondon pela Amazônia. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

NORONHA, Ramiro. Relatório de Exploração do Rio Ronuro. 1920

OLIVEIRA, Lucia Lippi, VELLOSO, Mônica Pimenta, GOMES, Ângela Maria Castro. Estado Novo: ideologia e poder. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

PACHECO, João Oliveira. O nascimento do Brasil e outros ensaios. Rio de Janeiro: Contracapa, 2016.

RIVET, Paul. La protection des indiens au Brésil. Journal de la Société des américanistes, tome 10, n. 2, p. 687-691, 1913.

SOUZA LIMA, Antonio Carlos. Um grande cerco de paz: poder tutelar, indianidade e formação do Estado no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2001.

______ . Sobre tutela e participação: povos indígenas e formas de governo no Brasil, séculos XX/XXI. Mana, v. 21, n. 2, p. 425-457, 2015.

SOUZA LIMA JÚNIOR, Luiz Gustavo de. Em busca do acontecimento: uma leitura da Carta do Estado de Mato Grosso e Regiões Circunvizinhas (1952). Anais do 1º Simpósio Brasileiro de Cartografia Histórica. 2011

SÁ, Dominichi Miranda de; SÁ, Magali Romero; LIMA, Nísia Trindade. Telégrafos e inventário do território no Brasil: as atividades científicas da Comissão Rondon (1907-1915). História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 15, n. 3, p. 779-811, jul.-set. 2008.

VELLOSO, Mônica P. Cultura e poder político: uma configuração do campo intelectual. In: OLIVEIRA, Lúcia Luppi; VELLOSO, Mônica Pimenta; GOMES, Ângela Maria de Castro (Org.). Estado Novo: ideologia e poder. Rio de Janeiro: Zahar, 1982, p. 71-108.

Downloads

Publicado

22-02-2025

Como Citar

Jaguaribe, B., & Bernardino, M. G. (2025). A conclusão da Carta de Mato Grosso e os ideários do Brasil moderno . Patrimônio E Memória, 15(1), 315–342. Recuperado de https://portalojs.assis.unesp.br/index.php/pem/article/view/3249

Edição

Seção

Artigos Livres