Arqueologia Pública e a preservação do patrimônio cultural précolonial maranhense
diagnóstico sobre o estado de preservação dos sambaquis da Ilha de São Luís – Maranhão
Palavras-chave:
Arqueologia Pública, Sambaquis, Diagnóstico, Preservação, Ilha de São LuísResumo
O propósito deste artigo é apresentar um diagnóstico situacional sobre o estado de preservação dos sambaquis da Ilha de São Luís, no Maranhão, a partir da elaboração de um roteiro para identificação e caracterização do estado atual desses sítios arqueológicos. Ao tomar por base os marcos teóricos da Arqueologia Pública e suas interfaces com a proteção e preservação do patrimônio arqueológico, que enfatiza o papel político dos arqueólogos e de suas pesquisas em prol da gestão dos bens arqueológicos, para além de sua importância como objeto de investigação, mas como um bem difuso e coletivo, no qual a sociedade tem amplo direito à sua fruição. Para tanto, foi elaborada uma ficha de avaliação padrão com base nos parâmetros já existentes na Ficha de Cadastro dos Sítios Arqueológicos do IPHAN, adaptando-a ao contexto da pesquisa e natureza dos sítios arqueológicos diagnosticados. Os resultados obtidos demonstraram que a maioria dos sambaquis da Ilha de São Luís está em vias de destruição total, sobretudo, pelo avanço da cidade, construções irregulares, retirada de terra preta para plantio e o desconhecimento da legislação federal de proteção do patrimônio arqueológico, questões agravadas pela falta de fiscalização e punição dos responsáveis pela destruição dos sítios. Como medida compensatória e mitigadora para proteção dos poucos remanescentes ainda passíveis de proteção propõe-se um amplo programa de pesquisas com a extroversão desse conhecimento por meio de atividades de educação patrimonial, que enfoquem a importância do patrimônio arqueológico para a história, a memória e a identidade da população maranhense.
Referências
BANDEIRA, Arkley Marques. Ocupações humanas pré-históricas no litoral maranhense: um estudo arqueológico sobre o sambaqui do Bacanga na Ilha de São Luís – Maranhão. São Paulo, 2008. Dissertação (Mestrado em Arqueologia) – Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo.
______ . Ocupações humanas pré-coloniais na Ilha de São Luís – MA: inserção dos sítios arqueológicos na paisagem, cronologia e cultura material cerâmica. São Paulo, 2013a. Tese (Doutorado em Arqueologia) – Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo.
______ . O papel da arqueologia nos conflitos decorrentes de ocupações irregulares no Sambaqui da Panaquatira – São José de Ribamar – MA. Revista de Arqueologia Pública, v. 7, n. 2, p. 41-60, 2013b.
______ . Projeto de identificação e mapeamento dos sítios arqueológicos vinculados aos grupos indígenas e quilombolas nas Reentrâncias e Baixada Maranhense. UFMA: São Luís, 2016.
______ . Políticas públicas culturais e a proteção do patrimônio arqueológico no Brasil: perspectiva histórica. Revista de Políticas Públicas. Revista de Políticas Públicas. UFMA, v. 22, p. 259-284, 2018.
BRODIE, Neil; TUBB, Kathryn Walker. Ilicit antiquities- the theft of culture and the extinction of archaeology. One Word Archaeology, n. 42. London, New York: Routledge, 2002.
CAMERON, Catherine M. The destruction of the past nonrenewable cultural resources. In: BAYMAN, James M.; STARK, Mirian T. (Ed.). Readings in archaeology: exploring the past. North Carolina: Carolina Academic Press, 2000, p. 529-547.
CLARKE, David. Archaeology: the loss of innocence. Antiquity, London, n. XVLII, p. 6-18, 1973.
CLEERE, Henry F. Archaeological heritage management in the modern world. One World Archaeology, v. 9. London: Unwin Hyman, 1990.
FILHO, Deusdédit Carneiro Leite. Vivendo sobre as águas. Documentário. Disponível em: <http://www.cultura.ma.gov.br/portal/sede/index.php?page=noticia_extend&loc=cphna&id=22>. Acesso em: 25 fev. 2018.
FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Mixed features of archaeological theory in Brazil. In: UKCO, Peter J. (Ed.) Theory in Archaeology a world perspective. New York, London: TAG Routledge, 1995, p. 236-205.
______ . Destruction and conservation of cultural property in Brazil academic and practical challenges. In: LAYTON, Robert; STONE, Peter G.; THOMAS, Julian (Ed.). Destruction and conservation of cultural property. One World Archaeology, v. 41. London; New York: Routledge, 2001a, p. 93-1001.
______. Public archaeology from Latin American perspective. Public Archaeology, v. 1, n. 4, p. 239-243, 2001b.
______. Public Archaeology in Brazil. In: MERRIMAN, Nick (Ed.). Public Archaeology. London, New York: Routledge, 2004.
GNECCO, Cristóbal. Escavando arqueologias alternativas. Revista de Arqueologia. São Paulo: Sociedade de Arqueologia Brasileira, 2012, v. 25, n. 1, p. 8-23, 2012.
HODDER, Ian. Reading the Past. Cambridge: Cambridge Press, 1986.
______. The archaeological process: an introduction. United Kingdom: Blackwell Publishers, 1999.
HORTA, Maria Lourdes Parreira et al. Guia básico de educação patrimonial. Brasília: IPHAN; Museu Imperial, 1999.
HORTA, Maria Lourdes Parreira. Educação Patrimonial - PGM 3. Os monumentos e Centros Históricos. In: SALTO para o futuro, TV Escola. Disponível em: <http://www.Tvebrasil.com.br/salto/boletim 2003/ep/pgm3.htm>. Acesso em: 20 mar. 2003.
IPHAN. Disponível em: . Acesso em: 8 mar. 2018.
LIMA, Olavo Correia; AROSO, Olir Coreia. Pré-história maranhense. São Luís, MA: SIOGE, 1989.
LOPES, Raimundo. A natureza e os monumentos culturais. Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Rio de Janeiro: MEC, n. 1, p. 77-106, 1937.
______. Uma região tropical. Coleção São Luís- 2. Rio de Janeiro: Fon-Fon e Seleta, 1970.
MC GIMSEY III, Charles R. Public Archaeology. New York, London: Seminar Press, 1972.
MERRIMAN, Nick. Public Archaeology. London, New York: Routledge, 2004.
NAVARRO, Alexandre Guida. Arqueologia da Baixada Maranhense: o caso das estearias. Cadernos de Pesquisa. São Luís: UFMA, v. 20, n. 3, p. 1-8, 2013.
NIMUENDAJÚ, Curt. Cartas do Sertão de Curt Nimuendaju para Carlos Estevão de Oliveira. Lisboa: Assírio & Alvim, 2000.
RAHTZ, Philip. Convite à arqueologia. Trad. Luiz Orlando Coutinho Lemos. Rio de Janeiro: Imago, 1989.
REDMAN, Charles L. Archaeology returns to the public. In: FUNARI, Pedro Paulo A.; ZARANKIN, André; STOVEL, E. (Ed.). Global Archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts. London: Softcover, 2005, p. 499-506.
SCHIFFER, M. B. Formation Processes of the Archaeological Record. Albuquerque: University of New Mexico Press, 1987.
SIMÕES, Mário Ferreira. Coletores-pescadores ceramistas do litoral do Salgado. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi – Nova Série, Belém, n. 78, 1981a.
______. As pesquisas arqueológicas no Museu Paraense Emílio Goeldi (1870-1981). Suplemento Acta Amazônica, v. 11, n. 1, p. 149-165, 1981b.
TILLEY, Christopher. Archaeology as socio-political action in the present. In: WHITLEY, David S. (Org.). Reader in archaeology post-processual and cognitive approaches. New York, London: Routledge, 1998, p. 305-330.
TRIGGER, Bruce G. História do pensamento arqueológico. Trad. Ordep Trindade Serra. São Paulo: Odyseus, 2004.
TORRES, Heloísa Alberto. A. Contribuição para o estudo da proteção ao material arqueológico e etnográfico no Brasil. Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Rio de Janeiro: MEC, n. 1, p. 77-106, 1937.
UCKO, Peter John. Introduction: archaeological interpretation in a world context. In: UCKO, Peter J. (Ed.). Theory in archaeology. London: Routledge, 1995.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2019 Patrimônio e Memória

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons do tipo atribuição BY.