A noção de monumento

do mármore ao incômodo

Autores

Palavras-chave:

Monumento, história, historiografia, cidades, representações culturais

Resumo

O presente artigo propõe traçar um panorama crítico da noção de monumento ao longo da história. Para tanto, procura examinar, entre outros, dois âmbitos/ aspectos principais: de um lado, suas diferentes transformações ao longo do tempo, tal como flagradas nas ideias e conceitos de pensadores considerados “chave” para o seu entendimento, de um ponto de vista diacrônico; do outro, de maneira mais ampla e sincrônica, seus vários “usos” na historiografia, nacional e internacional, nas últimas décadas, incluindo, de passagem, a questão das manifestações sociais recentes sobre destruição ou fazendo uso de estátuas como elemento central de protestos dando visibilidade a certo aspecto que é, desse modo, questionado. Embora não seja exaustivo, o panorama analisado permite uma visão suficientemente abrangente e variada das contribuições de um conjunto de autores nacionais e estrangeiros, em diferentes contextos e épocas, bem como uma primeira sugestão de diferenciação básica entre monumentos “urbanos” e monumentos “políticos”.

Biografia do Autor

Ricardo de Souza Rocha, Universidade Estadual Paulista UNESP

Ricardo de Souza Rocha é Professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul. Pós-Doutor pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, em Portugal. Doutor em Arquitetura pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

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Publicado

30-06-2022

Como Citar

Souza Rocha, R. (2022). A noção de monumento: do mármore ao incômodo. Patrimônio E Memória, 18(1), 421–439. Recuperado de https://portalojs.assis.unesp.br/index.php/pem/article/view/3007

Edição

Seção

Artigos Livres