Uma Uma alegoria do sistema capitalista
Representações da sociedade cacaueira no filme Os deuses e os mortos (1970), de Ruy Guerra
Palavras-chave:
Cinema, Política, Cacau, Representações, IntelectuaisResumo
Este artigo discute os aspectos estéticos e políticos escolhidos pelo cineasta Ruy Guerra para representar a região cacaueira no filme Os deuses e os mortos, estreado em 1970. Através do recurso da alegoria, o filme ambienta sua narrativa na década de 1920 e sugere uma justaposição de temporalidades ao dialogar com seu contexto de prodção, tendo em vista que a interpretação ‘sócio-histórica’ (Ferro, 1992) concebe a obra fílmica em constante diálogo com sua época. A presente proposta analisa relações entre história e cinema a partir do método da análise fílmica esboçada por Golliot-Lété e Vanoyé (2012), somada à pesquisa bibliográfica e material do filme e dos sujeitos nele envolvidos, a exemplo de entrevistas, biografias e críticas cinematográficas. O referencial teórico sobre cinema é composto, dentre outros, por Marc Ferro (1992); Eduardo Morettin (2003); Marcos Napolitano (2008); Ismail Xavier (1997). As contribuições sobre representação formuladas por Roger Chartier (1990) são imprescindíveis para esta análise posto que concebem as representações enquanto instâncias de conflitos – as lutas de representação. Pertencente ao movimento Cinema Novo, o diretor utiliza a alegoria para realizar uma abordagem crítica da monocultura do cacau durante os anos vinte do século passado. Após análise das fontes, podemos inferir que o cacau é utilizado como exemplo para fazer alusão à uma macro estrutura econômica, chamada de ‘império’ no filme, sugerindo a ligação com circunstâncias globais, a exemplo dos movimentos de libertação nas colônias africanas de língua portuguesa – incluindo Moçambique, terra natal do cineasta Ruy Guerra.
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