O “fenômeno Brizola” no Rio Grande do Sul (1945-1958)

domínio de um habitus político e a conquista do coração do eleitor

Autores

Palavras-chave:

Leonel de Moura Brizola, experiência democrática brasileira, Fenômeno Brizola, mobilização eleitoral, eleições de 1958

Resumo

Ao longo de sua vida política, e em especial durante a chamada experiência democrática brasileira (1945-1964), Leonel de Moura Brizola notabilizou-se pela sua capacidade de atingir o coração do eleitorado, através de uma linguagem clara, direta e compreensível. Neste artigo, buscou-se analisar os resultados e possíveis fatores da ampla vitória de Brizola sobre Walter Peracchi Barcellos, da Frente Democrática, nas eleições de 1958 no Rio Grande do Sul, classificada na época de “Fenômeno Brizola”. A hipótese aventada neste trabalho é de que a expressiva votação obtida pelo candidato trabalhista se explica pelo domínio de um habitus político do tribuno, ou seja, o domínio tanto dos códigos e das linguagens necessárias à construção de uma popularidade perante um eleitorado crescente e diversificado, marca da chamada experiência democrática brasileira (1945-1964), quanto das ferramentas pelas quais essa popularidade era construída.

Referências

ALVES, Samuel da Silva. “Ideias novas para problemas velhos”: a candidatura e campanha eleitoral de Leonel Brizola ao governo do Rio Grande do Sul em 1958. 2020. 227 f. Dissertação (Mestrado em História) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2020.

ANGELI, Douglas Souza. Como atingir o coração do eleitor: partidos, candidatos e mobilização eleitoral no Rio Grande do Sul. 2015. 228 f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2015.

ANGELI, Douglas Souza. Santinhos, comícios e apertos de mão: sobre o estudo da mobilização eleitoral na experiência democrática. In: DOMINGOS, Charles Sidarta Machado; BATISTELLA, Alessandro; ANGELI, Douglas Souza (Org). Capítulos de História Política: fontes, objetos e abordagens. São Leopoldo: Oikos, 2018, p. 335-354.

AZEVEDO, Armando Fay de. Balanço das eleições de 58 no Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Estudos Políticos, v.8, n. 1, p. 255-278, jan./jun. 1960.

BODEA, Miguel. Trabalhismo e populismo no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1992.

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. 5 ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 2002.

BOURDIEU, Pierre. A Distinção: crítica social do julgamento. São Paulo: Edusp; Porto Alegre: ZOUK, 2007.

BRIZOLA: “Serei um escravo do dever”. Diário de Notícias, Porto Alegre, Porto Alegre, nº 184, 07 de outubro de 1958. Capa, p. 1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=093726_03&pagfis=25415. Acesso em: 18/12/2021.

CANÊDO, Letícia Bicalho. Aprendendo a votar. In: PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). História da cidadania. 5 ed. São Paulo: Contexto, 2012, p. 516-543.

CÁNEPA, Mercedes Maria Loguercio. Partidos e representação política: a articulação dos níveis estadual e nacional no Rio Grande do Sul (1945-1965). Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2005.

D’ARAÚJO, Maria Celina. Sindicatos, carisma e poder: o PTB de 1945-1965. Rio de Janeiro: FGV, 1996.

DEBERT, Guita Grin. Ideologia e populismo. São Paulo: T. A. Queiroz, 1979.

FERREIRA, Jorge. O nome e a coisa: o populismo na política brasileira. In: FERREIRA, Jorge (Org.). O populismo e sua história: debate e crítica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001, p. 61-124.

GOMES, Angela de Castro. Jango e a República de 1945-64: da República Populista à Terceira República. In: SOIHET, Rachel [et al]. Mitos, projetos e práticas políticas: memória e historiografia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p. 35-50.

GOMES, Angela de Castro; FERREIRA, Jorge. Brasil, 1945-1964: uma democracia representativa em consolidação. Locus: revista de história, Juiz de fora, v. 24, n. 2, p. 251-275, jul./dez 2018.

GOULART, Diretório Dr. João. [Correspondência]. Destinatário: Leonel de Moura Brizola. Porto Alegre, 1958. 1 relatório de atividades.

LIMA JUNIOR, Olavo Brasil de. Os Partidos Políticos Brasileiros: a experiência federal e regional (1945-1964). Rio de Janeiro: Graal, 1983.

LIMONGI, Fernando. Eleições e Democracia no Brasil: Victor Nunes Leal e a transição de 1945. Revista de Ciências Sociais, v. 55, n. 1, p. 37-69, jan./jun. 2012.

NOLL, Maria Izabel; TRINDADE, Hélgio. Estatísticas eleitorais do Rio Grande da América do Sul (1823-2002). Porto Alegre: UFRGS, 2004.

PINTO, Céli Regina Jardim. O poder e o político na teoria dos campos. Veritas, Porto Alegre, vol. 41, n. 162, p. 221-227, jun. 1996.

RODEGHERO, Carla Simone. O diabo é vermelho: imaginário anticomunista e Igreja Católica no Rio Grande do Sul (1945-1964). Passo Fundo: EDIUPF, 1998.

SENTO-SÉ, João Trajano. Brizolismo. Estetização da política e carisma. Rio de Janeiro: FGV, 1999.

WEBER, Max. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Martin Claret, 2002.

WEFFORT, Francisco. O populismo na política brasileira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

Downloads

Publicado

2021-12-22

Como Citar

DA SILVA ALVES, Samuel. O “fenômeno Brizola” no Rio Grande do Sul (1945-1958): domínio de um habitus político e a conquista do coração do eleitor. Faces da História, [S. l.], v. 8, n. 02, p. 321–347, 2021. Disponível em: https://portalojs.assis.unesp.br/index.php/facesdahistoria/article/view/2158. Acesso em: 12 nov. 2024.