Anelize Vergara
Deivid Aparecido Costruba
Patrícia Trindade Trizotti
FACES DA HISTÓRIA, Assis-SP, v.1, nº1, p. 175-182, jan.-jun., 2014.
voltados para o século XVIII como Jean Sgard, Pierre Retat et Claude Labrosse, que fizeram
um importante trabalho de análise da imprensa, cujo maior destaque é o Dictionnaire des
journalistes – Gazettes européennes du XVIII
e
siècle e o Dictionnaire des journaux. Muitas
obras monográficas são voltadas aos autores a fim de reeditar corpus inéditos e para
explorar as práticas dos escritores-jornalistas. Essas edições são incluidas seja no âmbito
de obras completas (Barbey d’Aurevilly, Nodier, Sand) ou em coleções de bolso como
Garnier-Flammarion que lançou sua coleção das antologias dos escritores-jornalistas. E
depois, há claro os grandes trabalhos em história literária da imprensa que foram iniciados
pelos literários de Montpellier, particularmente associados aos historiadores da cultura. O
objetivo era se concentrar em todos os jornais, considerando que tudo que foi escrito na
imprensa podia ser relevante aos estudos de poética tradicionalmente inseridos nas obras,
pelo estudo de outras formas genéricas. Em outros termos, tentou-se fazer a história do
jornal como outros fizeram a história do romance ou do verso silábico. Em 2011, cerca de
sessenta pesquisadores se reuniram e publicaram uma obra enciclopédica chamada La
Civilisation du Journal, histoire littéraire et culturelle de la presse française au XIXe siècle,
organizada por Dominique Kalifa, Philippe Régnier, Alain Vaillant e eu mesma. Mas ainda há
muitos domínios a serem explorados, principalmente no século XX, onde as interações entre
imprensa e literatura são ainda importantes. É preciso abrir os dossiês dos hebdomedários
políticos e literários dos anos 30 (Candide, Marianne, Gringoire, Voilà, Détective, Vu),
explorar a l’école Paris-Soir com suas ramificações como Elle. É necessário se voltar para
alguns espaços jornalísticos especifícos dos anos 70 como o Libération ou L’Autre journal, e
trabalhar com figuras excepcionais como Pierre Lazareff, Françoise Giroud ou Marguerite
Duras.
No que se deve estar atento, quando pesquisamos nos domínios da literatura e
imprensa ?
É preciso tomar cuidado com os suportes e constantemente retornar as primeiras mídias.
Muitos trabalhos sobre o jornalismo são apenas análises puramente textuais, que se
tornaram possíveis a partir de antologias de artigos recolhidos. É preciso pensar na poética
do suporte e portanto, se organizar para achar os originais, o que é as vezes é dificil,
sobretudo, para os periódicos do século XX que não são numerados e tão pouco
conservados nas bibliotecas. Paradoxalmente, em muitos países, a imprensa do XIX é muito
mais acessível, já que ela é disponibilizada na internet pelas bibliotecas nacionais ao passo
que as questões de direito e de propriedade literária impedem a mesma prática com a
imprensa do século XX. Considerar a página original do jornal é essencial, é preciso estar