Mercure de France: de Donneau de Visé à Alfred Vallete, da série moderne à maison d’édition
FACES DA HISTÓRIA, Assis-SP, v.1, nº1, p. 51-70, jan.-jun., 2014.
homem político Émile Girardin. A publicação do “novo” Mercure também era mensal e essa
folha era comercializada em Paris por quatro francos. De sua capa consta a informação de
que era composto de “Estudos e revelações mensais do jornalismo, da livraria, das oficinas,
das academias, das rodas, e dos salões, dos teatros e dos tribunais” (MERCURE de France,
1835). Suas atividades se estenderam até o ano de 1882.
Havia um grupo que se reunia em torno de La Pléïade, revista criada em 1886, cuja
direção era de Rodolphe Darzens,
e que durou apenas um número. Em apresentação de
Théodore de Banville, foi definida como uma folha “jovem” e descompromissada em relação
às “celebridades contemporâneas” (BANVILLE, 1886, p.01-02). Em 1889, o título foi
retomado por Pilate de Brim-Gaubast, que foi redator-chefe em tal fase. A partir de então, La
Pléïade publicou poemas, crítica, além de seção consagrada à resenha de livros, ao teatro e
às belas artes. Entre seus colaboradores, alguns favoráveis à estética simbolista, estavam
Édouard Dubus, Louis Dumur, Charles Morice, Georges-Albert Aurier e Alfred Vallette. Após
cinco números, deixou de existir.
À Pléïade, faltava, infelizmente, administração, e ela não era apoiada.
Todavia, quando ela naufragou, nós percebemos que esse
desaparecimento causava um vazio. Nós precisávamos de um lugar nosso,
onde pudéssemos nos instalar à vontade e nos sentirmos os condes.
Foi então, em uma noite de conversas no café François Primeiro, que
Édouard Dubus, G.-Albert Aurier e o autor dessas linhas [Louis Dumur],
decidimos que era urgente, necessário e eminentemente desejável criar um
novo órgão. Discutíamos longamente para saber se conviria conservar o
antigo nome ou se era preferível mudar de título. A mudança de título o
trouxe, sobretudo porque tínhamos, para esse assunto, uma excelente
ideia, velho projeto outrora acariciado, e que exumamos por conta das
circunstâncias. Não se tratava de nada menos do que fazer reviver o antigo
Mercure de France, dando-lhe como órgão – graça atraente – as mais
ousadas renovações literárias. Nós bebemos um ponche em honra do
Mercure de France e, durante muitas horas – até o fechamento do
estabelecimento – nós nos satisfizemos em trançar para o recém-nascido
as mais perfeitas coroas de ilusões... as quais algumas se tornaram,
entretanto, realidade. (DUMUR, 1895, p. 147-48)
Remy de Gourmont explanou a origem do nome Mercure de France:
O Mercure galant [sic] de 1672, tornado Mercure de France, e que
continuou de diversas formas até os nossos dias, inaugurava apenas a
menos interessante parte de seu título. Há, com efeito, Mercures muito mais
antigos. Eles são, é verdade, para a maioria, publicações passageiras e
especiais, brochuras sem amanhã, mas que se assemelham a um jornal, no
que tinham como objetivo de anunciar a um número suficientemente grande
de leitores uma ou duas notícias; outros, como o Mercurius ou o Mercure
français têm uma periodiocidade quase anual: são verdadeiras revistas
políticas.
Escritor e diretor do Théatre des Arts.