Faces da História, Assis/SP, v. 10, n. 2, p. 151-168, jul./dez., 2023
Porém, em escavações realizadas em túmulo imperial, do século 1 a.C, foi encontrada
maquete de um barco chinês com leme” (Oliveira, 2003, [n. p.]). Através dos registros
históricos, o leme passaria a ser utilizado no Ocidente “somente 1100 anos após” (Oliveira,
2003, [n. p.]). Chama atenção o fato de que as suas principais atualizações ocorreram nas
sucessões das embarcações que circum-navegavam o Mar Mediterrâneo.
No Norte os lemes eram laterais, e as vezes, único à mão direita, dando a este lado
o seu nome: estibordo de steer-board (steer = dirigir). No Sul usavam-se sempre os
dois lemes laterais, como solicitava a armação latina, pois com o casco mais
estreito e os ventos de través podia haver grande adernamento, que chegava para
trazer o fora de água o leme de barlavento, inutilizando a sua acção [sic]. Era
preciso outro leme. No Norte foi-se combatendo aquele real inconveniente,
embora ali menor, levando pouco a pouco, o leme mais à ré, de modo a diminuir a
amplitude de sua saída da água. (Barata, 1970, p. 7).
Aproximadamente até o século XIII, estas embarcações que cruzavam o
Mediterrâneo possuíam os lemes de acordo com a sua localização regional: no Sul, o
instrumento era disposto em uma localização da embarcação; já no Norte, por sua vez,
estava adaptado em outro ponto. Isso significa que era necessário estabelecer um padrão e,
para tanto, fazia-se necessário elaborar um novo projeto para o leme. Devido a estes
fatores, aos poucos, as embarcações passaram a ser construídas com o leme adaptado à
popa. Esta alteração, que se iniciou a princípio de forma modesta, produziu um modelo de
leme que “pouco a pouco se chegou, talvez no século XIII, ao leme axial, que nos fins do
século XIV já se vê nas naus mediterrâneas de vela redonda” (Barata, 1970, p. 7).
O leme axial foi uma importante inovação na história da navegação, haja vista que
veio para substituir o leme de esparrela, que consistia em um remo ou similar colocado
lateralmente na embarcação, ficando voltado para o lado oposto ao vento. Embora, fosse
eficaz em embarcações menores, ele encontrava limitações em embarcações maiores, como
as caravelas. Com o advento das Grandes Navegações e a necessidade de embarcações mais
robustas e capazes de enfrentar longas viagens, o leme axial mostrou-se uma solução eficaz.
Sua estrutura vertical e alinhamento com a quilha permitiam maior controle e
precisão na navegação. Além disso, o leme axial era mais resistente e durável, suportando
melhor as condições adversas do mar. A adoção do leme axial também teve impacto na
construção naval. As embarcações passaram a ser projetadas levando em consideração a