LUCA, Tania Regina de
Ele ouve com resignação: ‘“Ah, Boris Fausto. Eu
conheço o senhor. O senhor escreveu aquele
livro A Revolução de 1930’. Eu escrevi em 1969.
Parece que de lá para cá eu não fiz mais nada”,
lamenta-se, em tom brincalhão, o historiador
Boris Fausto, relembrando o “incômodo” que
tem ao ser abordado, volta e meia, por pessoas
que teimam em associá-lo unicamente ao seu
primeiro livro (HAAG, 2011).
A observação, registrada em entrevista de 2011, testemunha o impacto da tese de
Boris Fausto, defendida em 1969 na Universidade de São Paulo e transformada em livro no
ano seguinte, sob a chancela da prestigiosa Editora Brasiliense, que tinha à frente Caio
Prado Júnior. De fato, a obra – A revolução de 1930: historiografia e história – não perdeu
seu vigor e continua a ser lida e debatida. Insurgindo-se contra interpretações então
dominantes acerca do movimento que colocou fim à Primeira República, o subtítulo bem
expressou a novidade metodológica, num momento em que eram raras as reflexões acerca
de percursos historiográficos assim como pesquisas dedicadas ao período republicano.
1
O
autor, nascido em São Paulo em 1930, estava longe de ser um iniciante. Em 1953, formou-
se em Direito na Faculdade do Largo de São Francisco e, em 1962, já como Procurador do
Professora do Departamento de História da Unesp/Assis e do programa de Pós-graduação em História da
Unesp. Bolsista produtividade nível 1 A do CNPq, desenvolve pesquisas acerca da história da imprensa e dos
intelectuais.
1
Em depoimento de março de 2000, esclareceu: “Por trás dessa ideia [estudar a Revolução de 1930] estava
a minha briga teórica com o PC, aquela coisa da revolão burguesa, a simplificação do episódio de 1930
como disputa entre dois imperialismos (...). Naquele momento havia a ideia de que a burguesia nacional tinha
triunfado em 1930, concepção defendida principalmente por Nelson Werneck Sodré (...). [Teve impacto]
porque bateu de frente com as teses consagradas e porque é um livro pequeno que propôs uma nova
formulação” (MORAES; REGO, 2002, p. 103 e 107, respectivamente).
Este é um artigo de acesso livre distribuído sob licença dos termos da Creative Commons Attribution License.
Estado e desempenhando funções de assessor jurídico junto à reitoria da Universidade de
São Paulo, ingressou no curso de História da mesma instituição, concluído em 1967.
Em 1975, veio a blico o primeiro dos quatro volumes da História Geral da
Civilização Brasileira dedicados à república, sob direção geral de Boris Fausto, que
substituiu Sérgio Buarque de Holanda, responsável pelos exemplares relativos à Colônia e
ao Império. A coleção, sem dúvida um marco na nossa produção historiográfica,
contribuiu, no que tange especificamente aos tomos do período s 1889, para
reposicionar a história recente do país e, como bem salientou Fausto na nota de
apresentação do livro inaugural, Estrutura de poder e economia (1889-1930), ambicionava-
se ultrapassar tanto o tratamento episódico dos acontecimentos e personagens quanto as
amplas generalizações de cunho ensaístico, não raro ancoradas em esquemas mecânicos.
O empreendimento da Difusão Europeia do Livro (Difel) estava em sintonia com o
crescente interesse pelas décadas iniciais do século XX, para o que a tese de Fausto muito
contribuíra. O contexto político, por seu turno, marcado pelo golpe de 1964, tornava
urgente compreender os caminhos percorridos. Cabe salientar os objetivos do projeto e o
diagnóstico preciso em relação aos desafios historiográficos:
Sem dúvida, não devemos exagerar o avanço da historiografia nos últimos anos,
cujos limites são demasiado evidentes. O futuro dirá, com razão, que ainda
estamos em grande medida presos ao domínio do quantitativo e do
impressionista, na impossibilidade de integrar a este domínio uma investigação
de padrão científico mais rigoroso. Com igual razão, dirá também que as grandes
linhas estruturais da história do país foram ainda muito pouco tocadas, na área
do cultural e do afetivo. A temática da história das mentalidades e não apenas das
ideias, da história da cultura material e não apenas da história econômica, apenas
engatinha. Por que não pensar em faixas quase intocadas...? (FAUSTO, 1975, p. 8)
Parte das referidas faixas começavam a ser palmilhadas e, ainda uma vez, com
importante contribuição de Fausto. Não é fruto do acaso que vários pesquisadores então
se dedicassem ao estudo da classe operária, perscrutando o processo de constituição, as
diferentes formas de organização, condições de trabalho, conflitos coletivos, posturas
ideológicas, com crescente destaque para as aspirações e aspectos culturais da vivência
dos trabalhadores, na chave postulada por E. P. Thompson, tarefa que tampouco pode ser
dissociada da tentativa de responder às angustiantes demandas do tempo. Na tese de livre-
docência, defendida em 1975 e publicada no ano seguinte pela Difel com o título Trabalho
urbano e conflito social (1890-1920), na influente coleção Corpo e Alma do Brasil, dirigida
por Fernando Henrique Cardoso, Fausto novamente inovou. Um de seus arguidores, de
maneira perspicaz, pontuou: Você começou escrevendo uma tese sócio-histórica e depois
enveredou com maior força pela História Cultural”,
2
ainda que questões de ordem
estrutural continuassem a desempenhar papel relevante na justificativa para a debilidade
da classe operária, perspectiva relativizada na produção especializada mais recentes.
O deslocamento de temáticas e abordagens foi expresso pelo próprio autor na
pequena autobiografia que acompanha Crime e cotidiano. A criminalidade em São Paulo
(1880-1924), seu terceiro livro, lançado pela Brasiliense em 1984:
Gradativamente, fui me inclinando para a História Social (...). A ‘opção pelo crime
data de uns seis anos. Deriva de um conjunto de circunstâncias, algumas de
ordem intelectual, outras da vivência do presente. Crime e cotidiano é o primeiro
laborioso parto nesta linha. Gosto deste filho e espero produzir nesta seara mais
alguns frutos” (FAUSTO, 1984, p. 294).
A obra, ancorada em vasta pesquisa documental, com destaque para os muitos
processos acumulados no arquivo judiciário da Vila Leopoldina, convida, mais uma vez, a
percorrer a capital paulista, destino de levas de imigrantes das mais variadas
nacionalidades e que então conhecia intenso crescimento populacional e urbano. O
período abarcado é, na essência, o mesmo do livro anterior, mas agora a cena é ocupada
pelos que infringiam a ordem e por autoridades policiais e judiciais que, com olhar atento,
alimentavam sonhos de controle. As formas de qualificar e perseguir os que transgrediam
as leis, exibiam comportamentos considerados suspeitos e/ou professavam ideais políticos
adjetivadas de perigosas, constituem-se na via privilegiada para identificar valores
compartilhados no imaginário social. Imigrantes, negros, mulheres, crianças e
adolescentes, em geral pobres, eram vítimas de perseguições arbitrárias, violências e
desrespeito à dignidade humana, práticas que atingiam de forma particularmente brutal os
afrodescendentes, a atestar o racismo estrutural que segue como uma das marcas da
sociedade brasileira.
Tal como prometido, Fausto prosseguiu na temática e, em 2009, lançou pela
Companhia das Letras O crime do restaurante chinês. Desta feita, o historiador privilegiou
um fait divers específico: os assassinatos ocorridos em modesto restaurante chinês do
centro de São Paulo, no dia 2 de março de 1938, uma Quarta-Feira de Cinzas. Dois
empregados e o proprietário tiveram suas cabeças esfaceladas com golpes de uma mão de
pilão, enquanto a esposa do último foi estrangulada no quarto do casal, não sem lutar com
2
Frase atribuída por Fausto a Cândido Procópio Ferreira de Camargo, que integrou a banca de livre docência
ao lado de Franciso Weffort, Leôncio Martins Rodrigues, Michel Debrun e Vicente Marotta Rangel (MORAES;
REGO, 2002, p. 114). É curioso que, anos depois, a formulação tenha sido rememorada de modo diverso, com
o arguidor afirmando que Boris “começara na história e terminara na antropologia” (FAUSTO, 2010, p. 250-
251).
seu agressor. Não é o caso de detalhar a trama, sob pena de privar o leitor do prazer da
descoberta dos meandros de uma boa história. Mas vale destacar o que ensina o autor
nesse exercício de micro história, que possibilita extrair significados relevantes de uma
situação aparentemente pontual, transformada em porta de entrada para apreensão de
processos de largo alcance. Assim, por exemplo, a partir da origem dos envolvidos
chineses, lituanos, brasileiros de diferentes origens o caráter multiétnico da cidade, as
oportunidades de ascensão abertas a alguns e as duras condições de vida e trabalho dos
mais humildes, expressa no fato de os funcionários transformarem mesas do restaurante
em camas, são exploradas pelo autor.
As práticas policiais e o intenso debate que dividia o mundo médico e jurídico em
relação à forma de abordar atitudes antissociais, por sua vez, são revisitados a partir dos
procedimentos utilizados para incriminar o suspeito. os meandros dos tribunais, a
atuação dos advogados e os até certo ponto surpreendentes resultados do júri,
composto por indivíduos da elite, capazes de entender os detalhes técnicos de testes
psicológicos e das teorias antropológicas em voga, são debatidos à luz desse caso
concreto, que não deixou de comportar lances explícitos de racismo, tendo em vista o fato
de o réu ser negro. Uma década depois, o exercício prosseguiu em O crime da Galeria de
Cristal e os dois crimes da mala. São Paulo, 1908-1928, lançado em 2019 pela mesma
editora e que, como indica o título, percorre um rol de crimes célebres escrutinados pelo
olhar atento do historiador.
3
A incessante experimentação e reinvenção metodológica não implicou, porém, no
abandono de temáticas da história política, tanto que, em 2006, narie Perfis Biográficos
da Companhia das Letras, Fausto figurou com Getúlio Vargas: o poder e o sorriso. A
sucessão de publicações atesta sua contribuição em diferentes frentes historiográficas, o
que também incluiu o público não acadêmico. Em 1994, escreveu para a Coleção Didática
Edusp o manual História do Brasil, que alcançou retumbante sucesso, com várias
reedições e atualizado na décima-quarta, de 2012. A obra deu origem a oito episódios
produzidos pela TV-Escola em 2002, que acumulam milhares de visualizações.
4
Boris Fausto também escreveu na grande imprensa. Os textos publicados na Folha
de S. Paulo entre 1990 e 2005 foram reunidas em Memória e História, com o selo da Graal.
As crônicas, que abordam temáticas as mais variadas, contemplam aspectos de cunho
pessoal e memorialístico, ao lado de outras consagrados a personagens e situações
históricas, fatos contemporâneos, mas sempre com o sabor característico dos bons
3
A busca por um dos processos foi narrada de maneira saborosa em (FAUSTO, 2014, p. 129-132). Nova edição
em 2018.
4
uma versão sintética, traduzida em diversas nguas e que também conta com reedições (FAUSTO ,2001).
escritores. Veja-se, a título de exemplo, a comparação entre meteorologistas e
economistas:
Com frequência, as previsões do tempo são vagas, especialmente na televisão,
que de pouco adiantam, a não ser para cobrir o risco de erros prognósticos; ou,
então, quando tratam de ser mais precisas cometem evidentes enganos. Os
profissionais se defendem com uma argumentação bastante razoável. Ninguém
se conta dos muitos dias de acerto das previsões e os erros ocorrem pela
volatilidade do tempo, de frentes frias, por exemplo, que na última hora mudam
seu curso, seguindo desígnios inesperados. Por sua vez, é um exercício instrutivo
ler as previsões dos economistas no início do ano e compará-las no fim de
dezembro, deixando de lado por um momento, as festas natalinas. com
frequência erros consideráveis, sobretudo quando ocorre mudança de rumos da
política econômica e as previsões tonam-se mais necessárias(...) (FAUSTO, 2005,
p. 81).
5
A versatilidade e inventividade de Fausto levou-o, ainda, a embrenhar-se por
diferentes sendas. Data de 1997 a publicação de seu primeiro livro de caráter
autobiogfico: Negócios e ócios, história da imigração, lançado pela Companhia das
Letras e continuado em 2010 por Memórias de um historiador de domingo, pela mesma
editora, título que ecoa o de Philippe Ariès, Un historien du dimanche (1980).
6
Conforme
Fausto explicitou na primeira das obras citadas, o projeto insere-se no que Pierre Nora
(1989) denominou de ego-história
7
e está longe de se esgotar em minudências de cunho
particular, antes intenta relacionar experiências vividas às condições histórico-sociais, das
quais os percursos singulares não se apartam. O autor considera que seu esforço
(...) poderia ampliar um pouco o conhecimento da micro história da imigração, da
cidade de São Paulo da década de 1920 até a década de 1950, do mundo dos
negócios do café, da socialização escolar etc. Percebi ainda que a narrativa teria
a possibilidade de suscitar no leitor uma reflexão sobre temas como o modelo de
relações familiares a partir de um tipo de família hoje em crise ou sobre a
transmissão de conhecimentos e de valores, ou seu bloqueio, de uma geração
para outra (FAUSTO, 1997, p. 8).
5
O autor esclarece que, exceção feita ao primeiro texto, inédito, e ao intitulado O fim de uma era, todos os
demais foram estampados na Folha de S. Paulo.
6
Trata-se de longa entrevista concedida por Ariès a Michel Winock. O título da obra justifica-se pelo fato de
o autor haver produzido suas principais obras fora dos meios universitários, o que não foi o caso do
professor Fausto. Em português, o título é diverso (ARIÈS, 1994).
7
Na introdução, NORA (1989, p. 11) “O que é ego-história? Não se trata de uma autobiografia pretensamente
literária, nem de uma profissão de fé abstrata, nem de uma tentativa de psicanálise. O que está em causa é
explicar a ppria história como se fosse de outrem, tentar aplicar a si pprio, seguindo o estilo e os métodos
que cada um escolheu, o olhar fio, englobante e explicativo que tantas vezes se lançou sobre os outros. Em
resumo, tornar clara, como historiador, a ligação existente entre a história que cada um fez e a história de
que cada um é produto. Primeira edição (NORA, 1987).
Posição reafirmada no livro seguinte, no qual a ambição seguia sendo a de “recordar
momentos de vida que possam ultrapassar o limite dos sentimentos pessoais, situados na
esfera privada, e retratem algo que combine com o universo privado e o público, como um
fragmento significativo dos tempos vividos” (FAUSTO, 2010, p. 10, grifo no original). Se em
Nora e Fausto a literatura não é o ponto de partida, no campo ficcional Annie Ernaux
lançou em 2008 seu aclamado Les années, no qual a fronteira entre o que concerne apenas
ao individuo, sua mais profunda intimidade, atravessada por frustações e realizações,
também dialoga com circunstâncias compartilhadas e que compõem o contexto e a
atmosfera de uma época, abordagem capaz de interessar e mobilizar os que se situam em
outras temporalidades.
8
Ainda no registro autobiográfico, insere-se o diário intitulado O brilho do bronze,
referência à lápide da companheira de quase cinquenta anos, a professora Cynira Stocco
Fausto, falecida em junho de 2010. No diário, iniciado pouco depois, em 17 de julho, e que
se estende por quase quatro anos, até 29 de março de 2014, o vazio, a saudade e a dor da
ausência são tratados de forma tocante. As muitas idas ao cemitério, a escolha das flores,
o cuidado com a lápide, o desassossego dos dias solitários, as lembranças encrustadas nos
objetos. Por vezes, o vão desejo de que tudo não tivesse passado de um sonho ruim, logo
superado pela crueza da finitude da vida:
Fim de tarde, domingo chuvoso, silêncio em casa. Neurose ou depressão
dominical? Tenho a ilusão (isso me assusta) de que o telefone vai dar toques
estridentes e cortar o silêncio. Cynira me dirá com sua voz de moça fina que eu
fui um bobo. Tudo não passou de brincadeira, “e você sofreu tanto... Já, já, volto
para casa e vamos dormir juntos no melhor momento do dia. Minha relação à
fantasia é curiosa. Ao escrever sobre ela tenho a sensação de que a volta de
Cynira é possível uma enorme felicidade recuperada, agora com melhor
compreensão. Ao mesmo tempo, não me iludo: a angústia me atravessa de alto a
baixo (...) (FAUSTO, 2014, p. 82)
9
Ao lado das aflitivas anotações acerca da travessia do luto, ou melhor dos lutos,
pois em abril de 2012 perdeu seu irmão, o médico radicado nos Estados Unidos Nelson
Fausto, o leitor se depara com divertidas conversas com motoristas de táxi, observações
sagazes acerca de cidades e países visitados, situações do cotidiano, como a ida ao banco
ou ao barbeiro, narradas com boa dose de humor e ironia. Impagável é o trecho no qual o
autor, torcedor apaixonado do Corinthians, confessa que na missa, na altura em que padre
8
Versão em português (ERNAUX, 2021).
9
Ou ainda: “Gaveta. Acordo melancólico e tenho o impulso de abrir uma das gavetas do móvel que a Cynira
tinha (o tempo verbal me incomoda...) ao lado da cama. Fitas vermelho-douradas de Natal cuidadosamente
dispostas, pequenos objetos que as mulheres sabem comprar e dar de presente, cuja utilidade me escapa.
Talvez não tenham utilidade, mesmo. Tanto melhor. Lágrimas. Fecho a gaveta” (FAUSTO, 2014, p. 65).
entoa solene: “Santo, santo, santo”, a evocação lhe soava como Santos, no plural, ao que
ele retrucava em voz baixa, “mesmo temendo as fogueiras da Inquisição: ‘Corinthians,
Corinthians, Corinthians” (FAUSTO, 2014, p. 14).
Outra perda dolorosa em maio de 2020, a morte súbita do irmão mais novo, o
filósofo Ruy Fausto que residia em Paris, o impulsionou a escrever sobre a família e as
relações com os irmãos, num contexto marcado pelas incertezas e o isolamento da
pandemia do Covid-19. Seu último livro, Vida, morte e outros detalhes, foi lançado pela
Companhia das Letras em 2021. Às memórias da infância e adolescência na casa da
Avenida Angélica, somam-se reflexões sobre o viver, a finitude e a passagem do tempo,
entremeadas de notas argutas sobre a pandemia, os efeitos do isolamento e comentários
sobre o cotidiano, sempre com sua característica ironia. Assim, por exemplo, ao se deparar
com o título O Brasil dobrou à direita, anotou: “Fico pensando. Quando ele [o autor] poderá
aproveitar esse título num outro livro, tirando apenas a crase?” (FAUSTO, 2021, p. 180).
As breves considerações obviamente não têm a pretensão de dar conta de toda a
produção do autor, mas são suficientes para indicar a amplitude dos campos teóricos
percorridos, o constante diálogo com as inovações metodológicas, a inquietação e a
construção de um percurso de pesquisa constantemente reinventado. É fato que a
formação acadêmica não se iniciou pela história e que a passagem pelo Departamento de
Ciências Políticas da Universidade de São Paulo ocorreu após a aposentadoria como
procurador, circunstâncias da vida que não impediram que o professor Boris Fausto fosse
um historiador em tempo integral, que deixou legado dos mais importantes para a
historiografia brasileira.
Referências
ARIÉS, Philippe Um historiador diletante. Rio de Janeiro: Bertrand, 1994.
ARIÉS, Philippe. Un historien du dimanche. Paris: Seuil 1980.
ERNAUX, Annie. Les années. Paris: Gallimard, 2008.
ERNAUX, Annie. Os anos. São Paulo: Fósforo, 2021.
FAUSTO, Boris. Getúlio Vargas: o poder e o sorriso. o Paulo: Companhia das Letras,
2006.
FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2001.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1994.
FAUSTO, Boris. Memória e história. São Paulo: Graal, 2005.
FAUSTO, Boris. Memórias de um historiador de domingo. São Paulo: Companhia das
Letras, 2010.
FAUSTO, Boris. Negócios e ócios. Histórias da imigração. São Paulo: Companhia das
Letras, 1997.
FAUSTO, Boris. Nota Introdutória. In: FAUSTO, Boris (dir.). História Geral da Civilização
Brasileira. O Brasil Republicano. Estrutura de poder e econômica (1889-1930). Rio de
Janeiro: Difel, 1975, Tomo III, v. 1.
FAUSTO, Boris. O brilho do bronze [um diário]. São Paulo: Cosac Naify, 2014.
FAUSTO, Boris. O brilho do bronze [um diário]. São Paulo: SESI-São Paulo Editora, 2018.
FAUSTO, Boris. Sobre o autor. In: Crime e cotidiano. A criminalidade em São Paulo (1880-
1924). São Paulo: Brasiliense, 1984;
FAUSTO, Bori. Um historiador de domingo. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
FAUSTO, Boris. Vida, morte e outros detalhes. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.
HAAG, Carlos. Boris Fausto: A história por puro prazer. Revista Fapesp, São Paulo, edição
180, fev. 2011. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/boris-fausto-a-historia-
por-puro-prazer/. Acesso em: 10/05/2023.
MORAES, José Geraldo Vinci de; REGO, Jo Márcio. Conversas com historiadores
brasileiros. São Paulo: Editora 34, 2002.
NORA, Pierre. Ensaios de ego-história. Lisboa: Edições 70, 1989.
NORA, Pierre. Essaies d’ego-histoire. Paris: Gallimard, 1987.