estratégias e formas imaginadas de singularidade e coletividade.” (MIRZOEFF, 2016, p.
756).
O terceiro complexo explorado por Nicholas Mirzoeff é o da indústria militar que
se originou a partir dos anos de 1945 e ainda se mostra presente em nossa atualidade.
Segundo o autor, esse complexo surgiu quando os movimentos de resistência passaram
cada vez mais a reivindicarem seus direitos, principalmente, o de existência. Portanto,
visando dominar tais contravisualidades, vemos emergir neste complexo a política de
contrainsurgência inspirada nos mecanismos dos complexos citados anteriormente, e a
partir da tecnologia digital que ampliou as técnicas de visualidade. Ao investigar este
complexo, Mirzoeff traz em suas análises as táticas de organização dos militares dos
Estados Unidos, porém, o autor nota semelhanças com as práticas de contra-insurreição
ocorridas nos territórios de Argélia, Indochina, América Latina e Oriente Médio.
Segundo o autor, o princípio da política de contrainsurgência presente no sistema
militar tem como base as ações de limpar, manter e construir. Isso ocorreria iniciando
pela remoção de indivíduos considerados como insurgentes de localidades estratégicas,
por meio do uso da força, depois pela expulsão física, e pôr fim a construção de um
governo neoliberal, pois “a contrainsurgência classifica e separa à força, para produzir
uma governança imperial que se auto-justifica por ser tida como certa e, portanto,
estética.” (MIRZOEFF, 2016, p. 758). O autor faz a seguinte observação: o que ocorre de
fato neste complexo não é um processo intencionado a organizar a sociedade por meio
do controle, mas sim ditar e fazer morrer quem não se encaixa no modelo governamental
almejado.
Durante a segunda metade do século XX, as sociedades do Cone Sul foram
submetidas a um período marcado por grandes repressões e pelo autoritarismo
institucional nos regimes ditatoriais. Dentre os países que instauraram um governo
ditatorial ao longo deste contexto, temos o Chile, que possui um passado extremamente
sombrio desde os anos de colonização, período que gerou um extermínio em massa de
povos indígenas. Em setembro de 1970, com as eleições presidenciais no Chile, a América
do Sul presenciava o primeiro socialista a tomar posse de tal cargo, o médico e político
Salvador Guillermo Allende Gossens. Eleito pela Unidade Popular, coalisão de partidos de
esquerda e com a aliança com a Democracia Cristã, visava adotar medidas que
favorecessem os trabalhadores e as classes mais baixas que não tinham até então sua
participação considerada.
A ditadura introduzida no Chile veio acompanhada de uma extrema violência
expressada já nos seus momentos iniciais, especificamente, no golpe de 11 de setembro
de 1973, quando as forças armadas bombardearam o Palácio de La Moneda, resultando