Mundial (entre estas, a Revolução Russa de 1917, concretizando a experiência socialista)
alteraram o cenário e a estabilidade institucional, projetando concepções de extrema-
direita como antídoto para sanear convulsões das quais o liberalismo se demonstrava
incompetente.
O fascismo foi a experiência mais impactante destas sugestões, porém não a única
em seu contexto, de modo a gerar debates, análises e considerações de suas bases, origem,
desenvolvimento em diferentes correntes das ciências humanas, de forma plural, por
elucidar assim a complexidade dos mecanismos de ascensão e manifestação fascistas.
Stanley Payne (1979) sublinhava a dificuldade de se abordar as doutrinas do fascismo, em
vista deste não possuir uma ideologia coerente e unificada. Este aspecto é confirmado por
outros estudiosos, tal como Emílio Gentile (2002), ao expor que por ser fenômeno
supranacional, não possuía matriz única, unidade ideológica ou força propulsora comum.
Integrado a tais debates e ciente dos caminhos tortuosos e distantes do consenso
que são oferecidos, a Revista
Faces da História
apresenta o dossiê “As Extremas-direitas
e o poder: leitura a partir da História”. Neste número, pesquisas sobre os debates do
fascismo histórico dividem preocupações com as atualizações possíveis na
contemporaneidade.
Sergio Schargel faz análise dos documentos fundadores do fascismo italiano.
Através de recursos metodológicos tais como a “nuvem de palavras”, aplicado ao
Discurso
de Nápoles
, tem o intuito de examinar as propostas centrais no fascismo italiano durante
seu surgimento em “O que defendia o Fascismo dias antes da Marcha sobre Roma?”.
Com o intuito de dedicar-se ao viés filosófico do objeto, Álvaro Ribeiro Regiani
apresenta “Uma sociedade muito parecida com a das formigas e das abelhas”. Neste,
dedica-se `as percepções de Hannah Arendt, sob influência de Walter Benjamin, acerca
dos temas do totalitarismo, a fragmentação das tradições políticas e o imperialismo.
Lançando mão das fronteiras entre literatura e história, a obra de George Orwell será
trabalhada como fonte para considerações acerca do conceito de fascismo, por Paulo
Victor Arouche Costa Leite, em “Fascismos e consciência histórica: crise de sentido e
violência política”.
Um aspecto a ser salientado é a diversidade de experiências autoritárias surgidas
majoritariamente no período entreguerras. Estas transcendem os limites dos modelos
italiano e alemão, porém, sem deixar de buscar influências. Assim, Gabriela Santi Pacheco
e Alice Lazzarini Bento apresentam as relações existentes entre a Ação Imperial
Patrianovista e a Ação Integralistas Brasileira, tais como seus pontos de contato e