1980 e 1990, criticou veementemente as teses negacionistas do Holocausto (LOUREIRO;
FONTE, 2010). Em 1997 publicou In defence of History (EVANS), no qual discorre sobre a
importância da difusão, para um público mais amplo, dos procedimentos acerca da
produção do conhecimento histórico, isso frente ao ceticismo exacerbado na chamada
Era da pós-verdade.
Já o seu novo livro, Conspirações sobre Hitler: o Terceiro Reich e a imaginação
paranoica, originalmente publicado na Inglaterra em 2020, insere-se na sua longa
trajetória de pesquisa sobre a temática. Desta feita, o autor analisa as teorias da
conspiração que alimentaram a ideologia nazista, desde suas origens até a derrota de
1945, valendo-se de ampla documentação e referências bibliográficas, como indicam as
muitas notas que acompanham cada capítulo. Difundidas pelo aparato de propaganda,
cuja vasta historiografia atesta a efetividade do meio na formação do imaginário que
mobilizava as ações do nacional-socialismo, as teorias da conspiração compreendem
histórias que simplificam a realidade, à margem das explicações oficiais dos círculos
acadêmicos, e que aguçam a curiosidade do senso comum em projetar nelas a dualidade
entre o bem e o mal. Evans, por seu turno, articula-as de modo a identificar e comparar
os elementos narrativos que as fizeram ganhar notoriedade para além do arco temporal
de imediato aos acontecimentos em questão.
A obra divide-se em cinco capítulos, cujos títulos são apresentados sob a forma
de perguntas. No primeiro, “Os protocolos foram uma autorização oficial para o
genocídio?”, retraça a origem do escrito Os protocolos dos Sábios de Sião, e chama a
atenção para o fato de, nas décadas de 1920 e 1930, não restar dúvidas de que a
conspiração judaica mundial alegada no texto se tratava de uma farsa, o que nem de
longe impediu sua utilização como justificativa para a perseguição dos judeus pelos
nazistas. A ideia, por mais que não encontrasse correspondência na realidade, foi um
componente para fundamentar as propagandas que se seguiram à chegada de Hitler ao
poder. Evans insiste na apropriação do texto manifestamente falso para alicerçar ideais
políticos. Entretanto, respondendo à questão colocada, o autor não considera que os
protocolos tiveram relação direta com a política de extermínio dos judeus. A circulação
das teorias raciais provenientes do século XIX, antecediam a popularização da produção
antissemita e já se incorporavam nas pautas idealizadas pelos segmentos conservadores
da época (EVANS, 2022, p. 52).
No segundo capítulo, “O exército alemão foi apunhalado pelas costas em 1918?”,
Evans explora o mito da traição das fileiras do exército alemão durante a Primeira
Guerra Mundial. A derrota fora atribuída ora aos socialistas, ora ao povo judeu, versão,
esta última, que ganhou força com a chegada de Hitler ao poder. Cabe lembrar, ainda, a