convite feito pelo chefe de Estado após a Marcha sobre Roma. O quarto, após o período
de 1924 e 1926, com a crise criada pelo assassinato do deputado socialista Giacomo
Matteotti, que por pouco não acabou com o Fascismo em seu terceiro estágio, mas
acabou por ter efeito contrário e impulsioná-lo. No terceiro, Mussolini chega ao poder,
apesar de uma demonstração de força autoritária, de forma legal. No quarto estágio,
realiza de fato uma ruptura e dá início ao terceiro ciclo do Fascismo: o ciclo
corporativista e abertamente autoritário.
Giovanni Giolitti, longevo primeiro-ministro liberal da Itália, ajudou tanto quanto
o Rei Vitor Emanuel na ascensão de Mussolini, ao dissolver o Parlamento em 1921 na
intenção de enfraquecer o quórum socialista (FRESU, 2017, p. 61). Isto porque os
socialistas haviam se dividido entre o Partido Socialista da Itália (PSI) e o Partido
Comunista da Itália (PCI). O efeito foi perverso: Giolitti não apenas falhou em sua
intenção, como favoreceu a ascensão do Partido Nacional Fascista (PNF). Nas eleições de
1921, o Partido Nacional Fascista colocou apenas cerca de 5% de deputados no
Parlamento e foi eleito fazendo parte da coligação de liberais e conservadores de Giolitti.
Ainda assim, o movimento e o partido cresciam em velocidade inédita, controlando
grande parte da região norte, o Vale do Pó, além de apoio de alguns setores estratégicos
como a polícia (PACHUKANIS, 2020, p. 36-38). Entre maio e dezembro de 1920, o
movimento, ainda como
Fasci di Combattimento
, migrou de 30 mil para 150 mil membros
e de 100 grupos locais para 8 mil (PACHUKANIS, 2020, p. 38); em 1922, de cerca de 8%
da população italiana já era filiada ao PNF (BRAY, 2019, p. 264). Em paralelo, também
crescia o seu autoritarismo, com ascensão da violência
Squadristi
.
Contudo, ao contrário do que se crê no senso comum, a Marcha sobre Roma não
foi um golpe em si. Mussolini não rompeu com as instituições subitamente, mas utilizou a
pressão de sua marcha de 30 mil homens para enfraquecer a credibilidade do governo
liberal. O chefe de Estado, temendo uma guerra civil e uma alternativa à esquerda, achou
por menor dos males tornar Mussolini chefe de governo ao entregar o Executivo Federal
(FRESU, 2017, p. 62-65).
Mussolini, a essa altura, já havia suavizado o seu discurso social, migrado à direita
e abandonado a retórica anticlerical e antimonarquista. Nesse primeiro momento, além
do já discutido caráter liberal, Mussolini afirmou defesa da Constituição e da liberdade de
imprensa, mas, pensando em sua autossegurança, não dissolveu os
Squadristi
(PACHUKANIS, 2020, p. 41). Manteve alternativas para caso fosse preciso usar a força
― como o seria, alguns anos mais tarde ―, o que surpreendeu a elite conservadora-
liberal (PACHUKANIS, 2020, p. 41). Esta, todavia, não se afastou completamente, pois “o