historiográfico, de reflexões sobre a docência e sua prática etc., cujo caráter
exploratório é sempre bem-vindo. Seria salutar que alguma reflexão sobre
seus formatos estivesse presente nos nossos espaços formativos. Mas
provavelmente a questão passe por um gargalo: como nós, enquanto campo,
desejamos potencializar a leitura e uso dos artigos publicados se durante a
formação do historiador (no nível de graduação e pós-graduação) a imensa
maioria dos itens bibliográficos das ementas disciplinares são de livros? E
mesmo os textos obrigatórios valorizam capítulos muito mais que artigos?
Sem uma formação que prepare a comunidade historiadora para consultar,
usar e refletir sobre este tipo de referência dificilmente este quadro se
alterará.
Observando o que as revistas do campo têm feito ultimamente, cabe apontar
que utilizamos muito pouco o que oferecem para reflexão e atividades de
formação. Além dos tradicionais dossiês, as seções de debate, informes de
pesquisas, entrevistas, blogs, entre outros, e mais recentemente lives e
discussões online que aumentaram progressivamente com a pandemia, quase
nada disso parece ser material orgânico de discussão sobre seus temas e
produções. Poucos são os cursos que promovem reflexão e acompanhamento
de revistas nas áreas especializadas, dentro e fora do Brasil, o que pode ser
especialmente significativo na pós-graduação devido ao fato dos periódicos
serem veículos de comunicação das pesquisas mais recentes, bem como
espaços de interações recorrentes. E o que dizer de cursos que promovam
atividades formativas acerca da produção editorial em seus vários níveis, até
mesmo de avaliadores, o que conta com ainda experiências inovadoras muito
pontuais.
Nada disso fará sentido se não investirmos na valorização do trabalho
editorial como um todo: a atuação dos editores, conselhos, assistentes e
avaliadores. Este processo envolve ao menos dois âmbitos: (a)
reconhecimento institucional do trabalho daqueles envolvidos no processo de
edição de um periódico; e, (b) reconhecimento do trabalho na elaboração dos
pareceres dos artigos avaliados.
A atuação das equipes, em seus mais variados níveis, requer um
reconhecimento institucional que talvez deva ter um forte arrimo dentro de
nossos próprios departamentos, programas, universidades, sem contar nossa
avaliação como pesquisadores e docentes. A condução e execução dos
trabalhos dos periódicos requer horas a fio de trabalho voluntário em prol do
campo científico e, na imensa maioria das vezes, sequer é levado em conta
como atividade pelas instituições – salvo raríssimas exceções. O mesmo se
pode dizer dos trabalhos dos discentes envolvidos nos processos de
editoração de periódicos que deveriam ter computadas, ao menos, as horas
que essas atividades tomam, se as entendemos realmente como experiência
central na sua formação. Os editores arcam com o tempo, o acúmulo de
trabalho (vale dizer que quanto menor o periódico, mais o trabalho é
centralizado em poucas pessoas), a dificuldade de encontrar pareceristas
especialistas, para garantir a publicação dos números na periodicidade mais
adequada possível.
Infelizmente não é muito diferente no trabalho dos pareceristas. Na imensa
maioria, temos uma atuação praticamente voluntária e anônima, em que a
demanda pela sua grande especialização e qualidade do parecer tem um
mínimo de reconhecimento (uma declaração de atividade realizada, a ser
computado em relatórios de atividades de departamentos e/ou no programa),
que é bem aquém da contrapartida ofertada. Não à toa, não há revista que não
enfrente atualmente dificuldade em se encontrar pareceristas, e ainda mais