Até 1751, havia seis governadores das armas, com seis províncias: Entre-Douro-e-
Minho, Trás-os-Montes, Beira, Estremadura, Alentejo e Algarve. Em 1790, todas as
ouvidorias foram transformadas em comarcas, com corregedor nomeado diretamente pela
Coroa. Em 1801, Portugal era dividido em seis províncias: Província de Entre-Douro-e-
Minho (comarcas de Valença, Viana, Braga, Barcelos, Guimarães, Porto e Penafiel);
Província de Trás-os-Montes (comarcas de Bragança, Miranda, Moncorvo, Vila Real);
Província da Beira (comarcas da Feira, Aveiro, Lamego, Trancoso, Pinhel, Guarda,
Linhares, Viseu, Castelo Branco, Arganil e Coimbra); Província da Estremadura (comarcas
da Leiria, Ourém, Cinco Vilas (Chão de Couce), Tomar, Alcobaça, Santarém, Alenquer,
Torres Vedras, Ribatejo (Vila Franca de Xira), Lisboa, Setúbal); Província do Alentejo
(comarcas do Crato, Portalegre, Vila Viçosa, Avis, Elvas, Évora, Beja, Ourique) e Reino do
Algarve (comarca do Lagos, Faro e Tavira).
Segundo Boxer (1963, p. 74), a maioria dos imigrantes portugueses que chegaram
às minas gerais e por extensão às minas do Serro do Frio e sua Vila do Príncipe e seu termo
nos anos seguintes ao descobrimento do ouro e depois dos diamantes veio do norte, da
região do Minho.
Isso é confirmado por Ramos (2008, p. 134-135), que acredita no “protótipo
nortista” dominante nas minas de ouro, com as províncias do Entre-Douro-e-Minho e a
Província de Trás-os-Montes fornecendo um certo modelo de composição familiar. Assim:
Em linhas gerais, pode-se afirmar que no norte havia uma proporção maior de
mulheres na população, taxas mais altas de celibato (definida aqui como a
percentagem de mulheres que permaneceram solteiras), casamentos mais
tardios, altas taxas de ilegitimidade e de abandono de crianças, bem como uma
proporção menor de famílias nucleares e, por outro lado, maiores proporções de
famílias extensas (envolvendo colaterais, ascendentes e descendentes em um
mesmo domicílio) e múltiplas (envolvendo, num mesmo domicílio, unidades
familiares com ou sem vínculos de parentesco entre elas) do que em outras
regiões de Portugal. O contexto social do norte de Portugal era caracterizado por
uma tendência de migração dos homens, ficando as mulheres na chefia das
famílias. A partida desses homens significava uma perda de trabalhadores, que,
contudo, não eram mais necessários a propriedades rurais pequenas demais para
alimentarem famílias numerosas. O fenômeno, por outro lado, propiciava o
surgimento de fontes de renda complementares, a serem enviadas ao domicílio
português de origem. O grande número de homens que emigraram – para o Brasil
e outras colônias portuguesas – causou um forte impacto demográfico em
Portugal como um todo, e, notadamente, naquelas regiões onde a migração era
mais expressiva – casos das províncias do norte e do centro-norte.
Não há emigração sem a criação de novas dinâmicas de mestiçagens sejam elas
demográficas culturais, biológicas, alimentares, tecnológicas, mas acima de tudo com a