a relação entre os Estados Unidos e seus “irmãos” latino-americanos. Ao abordar a ideia
de subdesenvolvimento e as políticas oriundas da potência capitalista voltadas para os
países da América Latina, a autora estuda de que maneira a ciência esteve a serviço das
ações políticas ditadas pelos poderes norte-americanos, em sua abordagem sobre a parte
do globo que consideravam como pertencente a eles. Por meio da atuação de cientistas,
técnicos e toda uma gama de intelectuais, os Estados Unidos puderam consolidar sua
influência e hegemonia na região por meio de uma política de auxílios.
Já Alexandre Ricardi, em
Da tração animal aos carros invisivelmente propelidos: o
transporte público em Lisboa, 1834-1910 - parte I, o tempo das bisarmas (1834-1873)
,
revela-nos o complexo e fascinante percurso de criação do transporte público da capital
portuguesa. A partir de uma investigação de viés histórico-patrimonial, o autor busca
realizar uma genealogia institucional da consolidação do transporte coletivo lisboeta,
lançando luz sobre os diversos entraves políticos, econômicos, tecnológicos e sociais
que caracterizaram esse enredado processo. A análise inicia-se na década de 30 do
século XIX, com a criação da Companhia de Carruagens Omnibus de Lisboa, e segue até
1873, ano de criação da Companhia Carris de Ferro
.
De perfil acurado, a investigação de
Ricardi aborda diversas peculiaridades técnico-científicas do processo de implementação
do transporte coletivo – desde a dimensão mecânica de seges, carruagens e caleches,
dos custos da tração animal, dos desafios urbanísticos, até as dimensões contábil e
gerencial das companhias envolvidas –, ilustrando como uma análise em História da
Ciência pode estabelecer profícuos diálogos com distintos campos de conhecimento.
No último texto desse bloco,
Uma História da Ciência, Tecnologia e Inovação no
Brasil: o caso da FAPESP
, Francisco Assis de Queiroz, Marilda Nagamini, Paulo Augusto
Sobral Escada, Marcelo Barros Sobrinho e Marcelo Teixeira examinam a produção
científica brasileira a partir do estudo de caso da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (FAPESP). No artigo, os autores investigam a fundação da FAPESP e
sua atuação no financiamento da pesquisa em seu estado sede a partir da década de
1960. Além disso, os autores buscam periodizar a atuação da agência de fomento,
reconhecendo a “internacionalização” como a última fase. Vale ressaltar a bela
homenagem que os autores prestam à memória do professor Shozo Motoyama (1940-
2021), deferência esta compartilhada pelos coordenadores do presente dossiê.
Por fim, o último eixo,
História das Ciências da Saúde
, busca agrupar estudos que
se propõem a investigar as dimensões sociais, econômicas e, principalmente, históricas
de algumas das chamadas Ciências da Saúde. No artigo
José Ricardo Pires de Almeida: um
vulgarizador das ciências no Brasil do século XIX
, Aline de Souza Araújo França
descortina o desenvolvimento e as práticas médicas existentes no Brasil entre os séculos