1914, p. 175) para dormir e purificá-lo com a queima de certas madeiras, como
juniperus
,
ou com sufumigações de ervas específicas, como alecrim e sândalo, cujos bons aromas –
opostos ao cheiro fétido – expulsariam o ar pestilencial e confortariam o corpo (MAINO
DE MAINERI, 1923, p. 22; SUDHOFF, 1912, p. 338). Indicava-se, também, borrifar vinagre
e água de rosas pelos cômodos para contribuir com a limpeza (DURAN-REYNALS;
WINSLOW, 1949, p. 76; SUDHOFF, 1912, p. 334-335).
Quanto à alimentação, a principal recomendação era de se evitar o jejum e a sede
(SUDHOFF, 1912, p. 353-380), mas comer em moderação. As pessoas deveriam optar por
bons alimentos, de fácil digestão e, principalmente, frios e secos (SUDHOFF, 1913, p. 319-
321). Nesse sentido, carnes e frutas precisariam ser evitados por serem úmidos ou
indigestos (MAINO DE MAINERI, 1923, p. 22). Pães deveriam ser bem fermentados e
“cozidos” (SUDHOFF, 1912, p. 338-358). Vinhos fortes deveriam ser substituídos pelos
mais aquosos e pelos brancos (DURAN-REYNALS; WINSLOW, 1949, p. 76-77). Era
necessário que a água bebida fosse limpa (fervida), clara e fria. Por fim, grande parte dos
tratados indicava colocar vinagre nos alimentos e ingerir sucos cítricos, que
combateriam a corrupção (SUDHOFF, 1912, p. 338-353).
Sobre as evacuações, é dito que seria necessário o corpo expelir os excessos de
umidade (WULFF, 1926, p. 149), visto que esta era a “mãe da putrefação” (SUDHOFF,
1915, p. 74). Uma evacuação também poderia ocorrer por meio de flebotomia, realizada
em algumas veias específicas do corpo ligadas aos órgãos principais, com o intuito de
remover a matéria venenosa junto ao sangue. Também seriam utilizadas sanguessugas
com o mesmo propósito (SUDHOFF, 1912, p. 359); ou laxativos e outros remédios que
ajudassem a eliminar o excesso de humor nocivo, prescritos pelos médicos (SUDHOFF,
1916, p. 125). Alguns tratados chegaram a ressaltar que as pessoas que tivessem a
compleição oposta à da Peste, considerada quente e úmida, portanto, corpos com humor
seco e frio, lidariam melhor com a doença. Destacam, portanto, os melancólicos (WULFF,
1926, p. 149).
Os exercícios, por sua vez, deveriam ser feitos em moderação, em locais limpos e,
de preferência, antes das refeições para não interferir com a digestão. Os banhos e a
atividade sexual também eram considerados exercícios e deveriam ser evitados, por
debilitarem o corpo (SUDHOFF, 1913, p. 322). Sobre o sono e a vigília, era recomendado,
igualmente, moderação após refeições ou de dia (SUDHOFF, 1912, p. 356). Deveria ser
evitado dormir em lugares úmidos ou “reumáticos” (MAINO DE MAINERI, 1923, p. 26). O
último tópico das coisas não-naturais eram as emoções. Dever-se-ia evitar forte ira,
tristeza, angústia, melancolia e medo, sendo mais proveitoso escolher a alegria
moderada, ouvindo cantigas, histórias e músicas (SUDHOFF, 1912, p. 339, 356 e 390). A