básica, e a tecnologia passou a ser vista como pesquisa aplicada, além da divisão das Artes,
Belas Artes e Técnica.
O autor Eric Schatzberg (2012), em seu artigo
From Arts to Applied Science
, nos
informa sobre a divisão entre “Artes liberais” e “Artes mecânicas”, ligando essas últimas
ao artesanato. O autor diz que a arte serviu como uma categoria fundamental para a
compreensão da cultura material e sua relação com o conhecimento natural, mas que esse
conceito se perdeu no séc. XIX, começando no séc. XVIII, bem antes da industrialização,
quando o termo perde a sua utilidade no discurso teórico sobre a relação entre
conhecimento e prática. E a mudança de “arte” para “ciência aplicada” e depois
“tecnologia”, ajudou a legitimar a nova ordem social da indústria, apagando a maior parte
da ação humana por trás dessa nova ordem, ou seja, o trabalho dos artesãos
(SCHATZBERG, 2012, p. 557).
Maria Helena Roxo Beltran e Fumikazo Saito (2014), em seu artigo intitulado
Revisitando as relações entre ciência e “techné”: ciência, técnica e tecnologia nas origens
da ciência moderna
,
indicam-nos sobre o que entendemos hoje por tecnologia, não
corresponder bem ao que os antigos, os medievais e os estudiosos da natureza dos séculos
XVI e XVII entendiam por esse termo. Os autores informam que a
techné
foi durante muito
tempo ignorada, mas que isso não significa, entretanto, que ela não fosse importante, visto
que esse tipo de conhecimento estava presente nas construções, na agricultura e nas artes
em geral. Foi somente a partir do século XV que esse tipo de conhecimento passou a ser
valorizado. Até então, por se tratar de um conhecimento que requeria mais da perícia e da
destreza (isto é, da experiência) de quem era portador desse saber do que do próprio
conhecimento, ele foi durante muito tempo colocado à margem de algumas das grandes
classificações do conhecimento desde a antiguidade. Mas isso também não era regra, visto
que épocas diferentes entenderam a
techné
de formas diferentes (BELTRAN; SAITO, 2014,
p. 1-7).
Já Ruy Gama, em seu livro
A Tecnologia e o Trabalho na História
,
publicado em 1987,
dedica um dos capítulos ao assunto e tenta responder à pergunta
O que é Tecnologia?
tratando da definição nas línguas: portuguesa, inglesa, alemã e francesa.
Na língua portuguesa, o autor diz que a palavra aparece na obra de Rafael Bluteau,
autor português, que no prólogo de sua obra
Vocabulário Português e Latino
, qualifica seu
Vocabulário de
Technológico
(de
Techni,
arte, porque
trata de todas as artes liberais e
mecânicas
),
abrindo, dessa forma, diversas possibilidades para seu vocabulário
(BLUTEAU, 1716, prólogo).