A construção da linha férrea no início do século XX trouxe consequências
positivas ao desenvolvimento do estado, porém não foi o bastante. Neste sentido, a
transferência da capital, ou melhor, a construção de uma cidade planejada em pleno
sertão, traria o moderno, o centro-oeste seria visto de modo diferente. O objetivo não
era acabar com a tradição, com a importância de uma cidade histórica como era Vila Boa
(antiga capital de Goiás), mas sim promover mudanças na região, mesmo que por trás
das mesmas estivessem os interesses políticos. Embora os moradores da antiga capital
do estado tenham visto a chegada da modernidade, ou seja, a construção de uma nova
capital como uma ameaça à sua história e tradições, esta mesma modernidade
desenvolveu uma rica história e uma variedade de hábitos próprios. Sobre isso, Berman
afirma que,
A experiência ambiental da modernidade anula todas as fronteiras geográficas e
raciais, de classe e nacionalidade, de religião e ideologia: nesse sentido, pode-se
dizer que a modernidade une a espécie humana. Porém, é uma unidade
paradoxal, uma unidade de desunida de: ela nos despeja a todos num turbilhão
de permanente desintegração e mudança, de luta e contradição, de ambiguidade
e angústia. (BERMAN, 1982, p. 11).
Deste modo, apesar da resistência ao novo por parte dos moradores da antiga
capital, ligada ao antigo grupo dominante do estado, a construção de Goiânia trouxe em
seu bojo a ideia do novo, expectativa de progresso, desenvolvimento e oportunidades,
pois “Ser moderno é encontrar-se em um ambiente que promete aventura, poder, alegria,
crescimento, autotransformação e transformação das coisas em redor [...]” (BERMAN,
1982, p. 15). O pressuposto para a garantia da modernidade advém do desenvolvimento,
todavia tanto o conceito de modernidade como o de desenvolvimento
sofreram
alterações com o passar do tempo no qual os rios e as cidades não ficaram ilesos a estas
transformações, como, por exemplo, o rio Meia Ponte que faz parte da Região
Metropolitana de Goiânia (RMG)
. Sonhada e colocada em prática pelo interventor Pedro
Ludovico Teixeira
, político que ascendeu na política goiana com a Revolução de 30,
O processo de construção do conceito de desenvolvimento tem um longo percurso histórico e pode ser
analisado por diferentes ângulos, como o político, o social, o econômico, o ambiental, entre outros.
Concordamos com Santos et al. (2012, p. 60), quando enfatizam que tal conceito “traz em si o resultado de
um processo histórico da sociedade capitalista com seus erros e acertos, avanços e limites”, e que, ao se
falar em desenvolvimento é necessário falar também no seu contrário, pois em seu significado estão
inclusos “não apenas os elementos políticos, econômicos, sociais, ambientais, mas também elementos
como o direito, a liberdade, a oportunidade e a equidade individual e coletiva”.
A Região Metropolitana de Goiânia (RMG) é o conjunto de municípios que integram a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas, todos de interesse comum, no total de 20 municípios. (LEI
COMPLEMENTAR Nº 139, DE 22 DE JANEIRO DE 2018).
Pedro Ludovico Teixeira nasceu na cidade de Goiás, então capital do estado de Goiás, em 23 de outubro
de 1891, filho do médico João Teixeira Álvares e de Josefina Ludovico de Almeida. Transferiu-se para o Rio
de Janeiro e bacharelou-se em Medicina. Retornou a Goiás em março de 1916, fixando residência em Bela