(1964-1985) entre tons de crítica e notas de acidez, de Gabriel Percegona Santos,
mestrando em direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Nele, Santos propõe
estabelecer um “diálogo entre a história cultural do humor no Brasil entre os anos de
1964 e 1985 e sua expressão musical”, abordando a comicidade em registros fonográficos
de artistas como Ary Toledo, Paulo Silvino, Chico Anísio e Arnaud Rodrigues (Baiano &
Novos Caetanos), destacando como tais críticas, porque vieram através do humor, não
fizeram com que as obras fossem censuradas e nem “tornaram seus autores e
intérpretes personagens visados pela ditadura”, como era comum na época.
O humor no cinema aparece representado em Cinema e consumo popular de
pornochanchadas: da nudez explorada às representações femininas (1970), de Julio
Eduardo Soares de Sá Alvarenga, mestre em história pela Universidade Federal do Piauí
(UFPI), e Pedro Vilarinho Castelo Branco, doutor em história e professor da mesma
universidade. No artigo, os autores não só abordam o gênero pornochanchada em geral
como também apresentam análises mais detalhadas das comédias eróticas Um Virgem
na Praça (1973), de Roberto Machado, e Mulheres Violentadas (1977), de Francisco
Cavalcanti, para discutir a questão da nudez naqueles filmes e, sobretudo, “a dominação
masculina e as formas de resistência feminina” e, com isso, esboçar possíveis papéis das
mulheres naquele gênero cinematográfico de alto consumo na década de 1970.
Inaugurando a última e mais interdisciplinar seção do dossiê, dedicada a outros
campos do conhecimento, Walter Claudius Rothenburg, livre-docente em direitos
humanos pela USP e professor da Instituição Toledo de Ensino (ITE), apresenta O humor
e seus limites jurídicos – amparado sobretudo no caráter paradoxal da manifestação
humorística, que caminha quase sempre no fio da navalha entre a proteção e a repressão
por parte do ordenamento jurídico. Escrito em linguagem clara e acessível a não-juristas,
o autor defende que o humor pode iluminar determinados fatos e questões sociais de
modo inestimável, porém, “[q]uando inferioriza, quando agride, o humor discriminatório
deve ser encarado pelo Direito como ilícito: uma manifestação intolerável de
‘discriminação recreativa’”.
Segundo consta na Encyclopedia of humor studies (ATTARDO, 2014, p. 120-7) o
campo do humor infantil é um dos mais considerados como tema de estudo pelos
pesquisadores da comicidade e neste dossiê ele está representado pelo artigo Da
compreensão à produção de incongruências por uma criança pequena: dados de humor,
de Caroline Prado Gouvêa, graduada em letras e mestranda na área de linguística pela
Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus Araraquara; Alessandra Del Ré, que é
doutora e professora na área de linguística na UNESP/Araraquara, e Alessandra
Jacqueline Vieira, que é doutora e professora do curso de letras da Universidade Federal