NASCIMENTO, Luís Felipe Gonçalves do
*
https://orcid.org/0000-0002-8458-3228
RESUMO: Este artigo foi escrito na
perspectiva historiográfica que entende o
humor, em uma de suas possibilidades de
manifestação, como reação à estrutura social.
Buscou-se representar a criação de Vitorino
Carneiro da Cunha, personagem de José Lins
do Rego, como uma provocação irônica a
enquadramentos generalizantes, identificados
na crítica literária acerca de seu romance. A
tradição oligárquica foi vivida, representada e
ironizada por José Lins do Rego e ainda assim
não o limitou a falar, em sua carreira de
romancista, apenas dela. No intuito de situar o
lugar de fala de José Lins do Rego, apresentou-
se o projeto do regionalismo nordestino como
uma manifestação do modernismo emancipada
daquela iniciada em São Paulo, com a Semana
de Arte Moderna.
PALAVRAS-CHAVE: José Lins do Rego;
Vitorino Carneiro da Cunha; tradição.
ABSTRACT: This article was written in the
historiographical perspective that understands
humor, in one of its possible manifestations, as
a reaction to social structure. We sought to
represent the creation of Vitorino Carneiro da
Cunha, a character of José Lins do Rego, as an
ironic provocation to general frameworks
identified in literary criticism of his novel. The
oligarchic tradition was lived, represented and
mocked by José Lins do Rego and it still did not
limit him in speaking, in his career as a
novelist, only about that. In order to situate
the place of speech of José Lins do Rego, the
project of northeastern regionalism was
presented as a manifestation of modernism
emancipated from the one that started in São
Paulo, with the Week of Modern Art.
KEYWORDS: José Lins do Rego; Vitorino
Carneiro da Cunha; tradition.
Recebido em: 20/08/2020
Aprovado em: 01/12/2020
* Graduado e mestre em História pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). João Pessoa-PB. Professor
da rede privada do município de João Pessoa. E-mail: felipe.gcn@hotmail.com.
Este é um artigo de acesso livre distribuído sob licença dos termos da Creative Commons Attribution License.
Introdução
A história do humor ganhou espaço no debate historiográfico durante a década de
1970. Com as releituras francesas e a incorporação dos novos temas reivindicados pela
História Cultural, o riso passou a ser encarado como uma manifestação importante e
complexa de representação do ser e estar do homem no mundo. “O humor, ainda que
assuma muitas formas diferentes, não pode ser reduzido a uma única regra ou fórmula.
Em vez disso, devemos vê-lo como um processo de resolução de conflitos” (SALIBA,
2017, p. 09). Acrescenta-se a isso, por outra via, as contribuições que a virada linguística
trouxe para os debates daquele período, uma vez que mesmo sendo heterogênea em suas
abordagens, tem como marca a inserção da linguagem não como acessório da
humanidade, mas como instrumento fundamental.
Enquanto categoria de análise filosófica, o tema humor não é recente. Possui suas
raízes, pelo menos dentro da nossa tradição ocidental, na Grécia. Os esforços de
Aristóteles em conceituar o riso chegaram à conclusão de que se trata de uma
experiência característica do ser humano, contraponto com o medievo, período em que
se chegou a relacionar a manifestação do riso à possessão diabólica. E esse riso,
presente nos festejos populares, representa um sistema cultural forjado pela tradição
popular. Mikhail Bakhtin, ao se referir ao modo carnavalesco de perceber o mundo sem
as hierarquias sociais, adverte que nessa percepção “Elaboravam-se formas especiais do
vocabulário e do gesto da praça pública, francas e sem restrições, que aboliam toda a
distância entre os indivíduos em comunicação [...]” (BAKHTIN, 1987, p. 9).
No estudo aqui apresentado, busco o aspecto da ironia como uma manifestação
latente do humor. Rir da tradição foi o sentido pelo qual inseri José Lins como um literato
marcado, em toda a sua trajetória intelectual, pela presença da ironia. Escolher essa
marca, digo escolher porque defendo que foi manifestação voluntária do autor, foi
também uma forma de reagir aos enquadramentos generalizantes produzidos durante a
década de 1930 sobre José Lins e também sobre os que com ele elaboraram uma
literatura preocupada em falar da região, como Rachel de Queiroz e Graciliano Ramos.
Analisei, como aspecto pungente da escrita irônica do autor, o seu personagem Vitorino
Carneiro da Cunha, um dos três protagonistas de Fogo Morto (1943). Ele, que foi
burlesco por negar a estrutura do espaço rural em que viveu, acabou por sintetizar uma
etapa da vida de romancista do seu autor; fechou um ciclo, como preferiu a crítica
literária da época, mas também escancarou um sorriso irônico do seu criador sobre a
tradição oligárquica brasileira, lugar de nascimento, inclusive, de José Lins do Rego.
José Lins do Rego dialogando com a tradição
Convém situar, inicialmente, o que se entende neste estudo por tradição. Fala-se,
portanto, da organização social, em especial da área que, pela década de 1920, começou
a ser entendida por Nordeste, e que continuou com o modelo estrutural oligárquico ao
longo da Primeira República brasileira.
[...] as peculiaridades da estrutura agrária do país contribuíram para a
manutenção da prática coronelista. A gama de pessoas no campo dava lugar de
destaque ao coronel, pois era em torno dele que se agrupava uma série de
trabalhadores rurais desamparados. (SILVA, 2010, p. 26).
Sendo donos de grandes lotes de terras, o poder dessas figuras acumulou-se com
a montagem do governo de D. Pedro II, com a criação da Guarda Nacional; era dada a
esses donos a patente, um poder passado aos descendentes.
Nesse sentido, é possível destacar o mandonismo do coronel e a subserviência
dos que moram na sua terra como dois mecanismos de força correlacionados. O coronel
aumentava seu prestígio a partir da entrega de votos de seus moradores aos governistas
nas eleições estaduais e federais. Foi nessa estrutura de poder que José Lins nasceu e foi
nela também que escolheu situar o enredo de Fogo Morto. É nessa tensão que se
investiga, no presente texto, o diálogo de José Lins com a tradição oligárquica brasileira.
Ser conhecido como autor da cana, falar da cana e sua estrutura em
representação ficcional e criar, como desfecho de uma parte da sua trajetória, um
personagem cuja marca é a tensão entre continuar e romper com a tradição. De maneira
sintética, essa é uma demarcação possível, para fins didáticos e não de enquadramento,
da trajetória intelectual de José Lins do Rego. O menino de engenho, como normalmente
foi estereotipado, acenou ironicamente para a crítica a ele contemporânea quando
publicou, em 1943, Fogo Morto.
Concluiu Usina em 1936, livro que teria fechado a trajetória iniciada com Menino
de Engenho (1932). Esses foram selados por boa parte da crítica como livros de memória
de vida. Fato que parcialmente se comprova. É inegável a presença de lembranças da
infância, do mundo canavieiro em que o autor paraibano viveu até se encaminhar para a
capital da Paraíba e depois para a faculdade de Direito de Recife. Mas a querela inicia
com esse traço do intelectual. Parte da crítica da década de 1930 impregnou nesse
aspecto memorialístico a marca de autor da cana, o “motor que só funciona bem
queimando bagaço de cana” (REGO, 1981, p. 76), frase de Manuel Bandeira, dita às
gargalhadas ao próprio Lins. Embora tenha vindo de um amigo, o sentido denuncia
uma leitura existente sobre o paraibano.
A marca de memorialista ressoou na crítica e é possível observá-la no Nordeste e
Modernismo, de José Aderaldo Castello, no qual se afirma:
O memorialismo condicionado pela experiência regional alimentou as
características autobiográficas da obra de JoLins do Rego. Nos limites dessa
inspiração, voluntária ou impulsivamente, o memorialista prevaleceu sobre o
ficcionista. Mais uma vez voltamos à confissão de que Menino de Engenho teria
substituído o projeto de escrever a biografia do avô, protótipo do senhor-de-
engenho falecido às vésperas da derrocada do engenho tradicional, então
acelerada pelo advento e pelas conquistas da usina. Mas a carga emocional teria
desviado o objetivo biográfico. Dominado pela evocação da infância, José Lins
do Rego o converteu em criação ficcional. (CASTELLO apud REGO
1
, 2016, p. 13).
É possível perceber um sinal de fuga do autor do “ciclo” quando, a partir de 1937,
inicia uma série de livros que vão saindo do mundo canavieiro. A começar de Pureza,
desse mesmo ano, o livro é dedicado a Manuel Bandeira, o Manuel, amigo de JoLins,
que lhe dizia ser um motor que funcionava queimando bagaço de cana. Foi o livro que,
segundo o próprio Jo Aderaldo Castello, representou a série de romances
independentes de José Lins trazendo à tona e aprofundando temáticas cada vez mais
distantes do que se chamou de modernismo tradicionalista. (BRAGA-PINTO, 2018).
2
A sexualidade é um ponto marcante em Pureza, pois foge do respeito à ordem dos
estereótipos. Duas personagens nucleares, Margarida e Maria Paula, irmãs, poderiam ser
entendidas apenas como personagens libidinosas, entregues aos desejos, entretanto,
desempenham uma maneira de falar da feminilidade distanciada do padrão cultural
oligárquico. Especialmente Margarida ganha uma autonomia interessante na obra, a
ponto de fugir sem deixar vestígios aos pais e a seu amante Lourenço. A vida das duas
transpira liberdade e denuncia uma representação centralizada na vida e nos desejos de
mulheres apartadas das interdições sociais.
José Lins do Rego publicou Pureza em 1937. Inseriu a escravidão na obra como um
dos elementos representativos da cultura oligárquica. Falando sobre Felismina, escrava
que ganhava relativa autonomia no comando da fazenda de seu Lourenço, diz que esta
personagem pensou sobre seu lugar de destaque na fazenda: “no princípio ela reclamara,
reclamar não seria bem o termo, estranhava o esquisito”. (REGO, 1980, p. 22). Defendo
que esse mundo sempre esteve presente na biografia e nas obras do autor paraibano.
Busco, apenas, argumentar que essa característica não limitou sua criatividade; por isso,
1
Trata-se de Pedro Gabriel Vanderlei Heráclio do Rego.
2
O romance Pureza foi percebido, ainda na década de 1930, como um livro de saída dos temas já
abordados no universo ficcional zeliniano. O diálogo da obra com o argumento levantado neste texto, a
partir da reportagem do jornal “A união”, se na medida em que ambos foram artifícios do escritor
paraibano para sair do enquadramento de autor da cana.
é possível demonstrar que enquadramentos existiram e como o autor foi ciente da crítica
a ele endereçada e a colocou em xeque tratando-a com um humor irônico.
Essa tentativa de fuga da marca de autor do ciclo, que atravessou a vida de José
Lins, aparece criticada no ensaio de Afonso Arinos, O Espelho das Águas, no qual o
crítico chega a dizer:
[...] além disto a monotonia de Pureza e a falsidade gritante da primeira parte de
Riacho Doce (imaginem um pouco Lins na Suécia!) são razões sobejas para
que os livros tenham aquele ar de falta de acabamento, aquele jeitão de quem
atirou no que viu mas não matou o que não viu, que os distinguem no resto da
obra. São dois romances, a meu ver, no máximo, medíocres. (FRANCO apud
COUTINHO, 1991, p. 130).
A fala de Afonso Arinos, contraposta com os destaques feitos sobre aspectos de
fuga em Pureza, criam mais um ponto de tensão, que se manifesta na produção dos
romances de José Lins do Rego. As escolhas de perfis psicológicos que enfatizam a
liberdade, a sexualidade, em um livro imediatamente após o fim de Usina (1936),
denunciam uma mensagem iniciada durante a década de 1930. Tal mensagem fora
percebida por outra parte da crítica, a exemplo, Antônio Candido, que em 1945 publicou
Brigada Ligeira, reunindo uma série de artigos que buscavam um mapeamento da
literatura brasileira até aquele momento. No livro, o crítico literário argumenta que na
criação zeliniana “os seus heróis são da decadência e de transição, tipos desorganizados
pelo choque entre um passado e um presente divorciado do futuro” (CANDIDO, 1992, p.
61).
E onde está, então, a graça nessa querela? A graça reside na criação de Vitorino
Carneiro da Cunha, um dos três personagens centrais de Fogo Morto e que,
assumidamente, o levou a uma reposta aos enquadramentos. Diz o criador de Vitorino:
Imagino que tenha me redimido de todas as minhas crueldades com o relevo que
o grande Vitorino assumiu no meu romance. Penso que é ele hoje o homem
capaz de me sustentar de uma crítica rigorosa aos meus romances. (REGO, 1981,
p. 76).
O relevo de Vitorino foi percebido pela proposital ironia do seu criador em
desarticular a crítica com um personagem que é burlesco, que resiste a toda estrutura
oligárquica mesmo estando preso a ela, e que questionou, até onde pôde, o mundo de
força em que se sustentou a tradição latifundiária brasileira. Vitorino foi a maneira
requintada de resposta aos críticos de arte no Brasil, mas que ao mesmo tempo não fugiu
do aspecto do mandonismo. O autor usou essa estratégia até o limite para sustentar seu
intento: ironizar a tradição.
Rir da estrutura do lugar social em que nasceu foi um artifício do literato
paraibano. Ainda que profundamente marcado pelos medos e traumas da infância, o
medo da morte, por exemplo, constituiu uma parte de sua literatura, e que transbordou
em sua vida com um modo provocativo e irônico de escrever. Tal aspecto é perceptível
na notável reportagem que se transcreve a seguir. Nessa reportagem, autor e
personagem dialogam em uma proposital reação à homenagem do povo do Pilar a um dos
personagens ligados a toda estrutura latifundiária da região. A tensão, do discurso de
José Lins, parece ser semelhante àquela que enfrentou seu personagem Vitorino: falava
contra a tradição estando nela e com ela. Nesse sentido, criador e criatura
compartilhavam um traço em comum, nas falas de Vitorino, transcritas e analisadas na
parte final deste artigo. Meu objetivo é trazer à tona esse aspecto representado no
universo ficcional de Fogo Morto.
As homenagens da Paraíba a José Lins do Rego
3
Um evento notório do artifício da ironia em José Lins do Rego aconteceu em 1952,
na cidade de Pilar. No ocorrido, em meio às autoridades locais, o autor ressuscitou
Vitorino Carneiro da Cunha e com ele conversou, como nos mostra a reportagem a
seguir:
Meus amigos:
Se por aqui, por este velho e amado Pilar aparecesse o capitão Vitorino
Carneiro da Cunha, o intrépido e valoroso Papa Rabo, e visse êste povo, com o
governador à frente, em torno de um pedaço de bronze, perguntaria na certa,
com a desenvoltura que Deus lhe deu à sua língua que era de lâmina de navalha:
-Mas que povo todo é êste? E o que faz esta gente?
Então Ernesto, capitão outro, haveria de lhe informar:
- Capitão, tenha calma. Está o governador, e aquele pedaço de bronze é um
busto do neto do coronel JoPaulino, rapaz que fez livros com a vida de todos
nós. E para o Pilar trouxeram e no Pilar estão fazendo festa.
- Que festa coisa nenhuma! Este povo não tem o que fazer. Este tal de neto do
primo José Paulino não passa de um contador de lorotas. Livros de bobagens.
Este governador não tem o que fazer?
E dito isto o velho e indomável personagem sairia da rua do Silva afora,
absolutamente seguro de que a homenagem da praça pública não passava de
uma conversa fiada de amigos que deram ao neto do velho JoPaulino o que
êle merecia.
- Capitão Vitorino, é o neto em pessoa, que vendo a tua fúria e ouvindo tuas
verdades te chamaria para o canto e te diria de coração aberto: tudo é bondade
dos amigos, contei histórias que os outros gostaram, e da obra pequena
aumentaram as qualidades, mas quem pode resistir a amigos tão generosos,
Capitão Vitorino? E’ dizer-lhes muito obrigado é receber as festas e sentir-se
grande com as grandezas que lhe deram de mão beijada. E aqui, neste Pilar,
onde sempre estiveste, capitão de alma de anjo e de os de bravo, lembra-se
dos que foram os homens da terra, do velho coronel José Luiz Cavalcanti de
Albuquerque, do coronel Anísio do Recreio, do grande do Império que foi o
visconde e Cavalcanti, de todos que deram a esta vila o que esta vila tem de
dignidade antiga e de pobreza limpa e altiva, dos homens que são lembrança de
3
Título da reportagem do Jornal A União, transcrita acima.
todos nós: do velho comendador Napoleão, Pio Napoleão, que mandou construir
arcos nas entradas das ruas, e quis ser um urbanista à moda do conde de Boa
Vista. Do velho dr. José Maria. Honradês e consciencia política de conservador
sem vacilações, e do filho José João, o major João José, que foi tudo nesta terra,
prefeito, comerciante, e pai dos pobres, dando remédios de graças e receitando
com remédio de verdade. Este é que devia ter os seu busto, capitão.
Mas que me trouxeram para esta praça, para ficar junto às aves do Bosque e
a Casa da Câmara, aonde o imperador deu beija-mão, eu te pediria, primo
Vitorino Carneiro da Cunha, mais tolerância no teu áspero julgamento, não
para mim que nada fiz, como para os amigos que quiseram fazer de mim o que
não sou, mas o que êles desejam que eu fosse. Capitão, com a bondade dos
amigos não há quem possa. (A União. 19 fev. 1952).
4
Transcrevi a reportagem completa por entender que só a leitura integral denuncia
o sorriso irônico que José Lins traz à tona. Trata-se, de antemão, de uma conversa de um
autor com seu personagem, um e outro falando em dimensões opostas. Lins, sendo
homenageado por ser neto do Coronel da terra, resgata, inclusive, nomes de outros
tantos coronéis. Por outro lado, seu interlocutor é Vitorino, o personagem que busca a
todo momento fugir da estrutura oligárquica. Uma estratégia interessante. O
homenageado oferece ponto e contraponto de uma prática comum à tradição
latifundiária: a subserviência dos mais pobres com a elite local.
O primeiro questionamento sobre como o personagem reagiria a tal homenagem
denuncia o teor irônico do diálogo. José Lins trouxe à tona o elemento da discordância,
em sua postulação, como uma forma de se precaver de uma homenagem que não
pudesse, ou que suspeitassem que não merecesse. Foi uma ação deliberada que trouxe,
de antemão, o argumento de defesa do escritor sobre possíveis críticas a ele dirigidas.
No diálogo, outro coronel faz o papel de apaziguador, quando pediu calma a
Vitorino no diálogo imagético. É um coronel que faz esse papel, não um morador que
assistia à homenagem. Suspeito que a estratégia de José Lins tenha sido trazer as
opiniões sobre tal fato comum da subserviência tradicional latifundiária brasileira. São os
homens “importantes” que falam no discurso, a população celebra a homenagem.
Na resposta de Vitorino aparece seu ataque a todos que pudessem representar
uma estrutura de poder, forma comum e conhecida daqueles que tiveram contato com
suas ideias. Ataca o povo, que prestigia; ataca o homenageado, o próprio Lins que
seria um “contador de lorotas”, e ataca, por fim, o poder do governador. Em seu
discurso, o criador de Vitorino trouxe o elemento típico do perfil psicológico do seu
personagem: questionar qualquer estrutura social que privilegiasse o poder; entretanto,
em nenhum momento, como será trabalhado a seguir, Vitorino chega a questionar o
4
Transcrição nossa. A imagem da reportagem completa consta nos apêndices, no final do artigo. Cedida
pelo Arquivo Histórico Waldemar Bispo Duarte, em 2019, localizado na Fundação Espaço Cultural José
Lins do Rego, em João Pessoa, quando realizei a pesquisa de mestrado.
quanto é vinculado a essa estrutura. Esse elemento permite-nos defini-lo como
quixotesco.
Com o desfecho de sua estratégia oratória, o autor paraibano resgata a história do
Pilar como fruto da ação dos grandes da terra. Trata do processo de modernização da
região como dependente da ação de grandes latifundiários, vinculando o processo de
instauração do elemento modernizador à bondade da elite agrária. É essa tensão que faz
de JoLins do Rego um escritor intrigante, no aspecto de falar ou não falar do mundo
em que viveu, de representá-lo, ou, de maneira intencional, desmontá-lo com ironia.
Nessa tensão, a história da intelectualidade brasileira ganha um grande desafio,
pois se torna uma rede de argumentos e contra-argumentos, às vezes, como exposta na
reportagem, presente em um mesmo autor. O emaranhado de possibilidades e
representações simbólicas torna-se extremamente complexo. A opinião de José Lins do
Rego sobre o poder de redenção oferecido por seu personagem, combinado com a
escolha do mesmo para dialogar consigo quando ocorre a inauguração do busto, aponta
a uma busca para fugir do selo de memorialista oferecido pela crítica. Mais adiante,
Vitorino falará por si só, no intuito de tornar mais evidente a proposta de sua criação
enquanto personagem de ficção, mas também extremamente ligado à vida de seu criador.
Os regionalistas e a tradição
A geração de escritores brasileiros, que foram conceituados como regionalistas,
estabeleceu vínculo direto com um projeto sociológico engendrado na década de 1920,
no Recife. Em 1924, no Bairro da Boa Vista, foi fundado o Centro Regionalista, que
segundo Fernando de Mello Freyre,
5
possuía o “intuito de defender as tradições e
promover os interesses do Nordeste” (FREYRE, 1977, p. 175). Esse mesmo centro de
pesquisas, que agregava na sua fundação nomes como os de Moraes Coutinho, Alfredo
Freyre, Amaury de Medeiros, Gilberto Freyre e Antônio Inácio (FREYRE, 1977) realizou,
entre sete e onze de fevereiro de 1926, o Congresso Regionalista, marco utilizado para
situar e fundar a escola de pensamento regional do Nordeste que buscou fazer frente aos
modernistas de São Paulo.
Sobre este aspecto de diferenciação do Modernismo Paulista faz-se necessário
considerar o embate entre criar e copiar como uma marca que atravessou, e talvez ainda
nos perturbe, a história da intelectualidade no Brasil, assim como fala Robson dos Santos
no artigo Cultura e tradição em Gilberto Freyre:
5
Em 1977 Fernando de Mello Freyre era diretor do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais.
A história intelectual brasileira é profundamente marcada pelo debate cultural e
político em torno das noções de “autenticidade” ou “imitação”, criação original
ou cópia, importado ou nativo, enfim, polos intelectuais que cristalizam visões
de mundo e posições estéticas antagônicas. (SANTOS, 2011, p. 399).
Vi mais longe por estar nos ombros de gigantes, disse Isaac Newton, fórmula
típica do desenvolvimento da ciência moderna. Assumir essa posição nos leva ao
ambiente de circulação e recepção das obras, em outras palavras, nos leva à investigação
sobre como as ideias transitam e por quem são digeridas, fazendo assim um novo
caminho para decifrar o projeto do autor. “No interior dos territórios assim propostos a
seus percursos, os leitores se apoderam dos livros (ou dos outros objetos impressos),
dão-lhes um sentido, envolvem-nos com suas expectativas”. (CHARTIER; CAVALLO,
1998, p. 38). Quem escreve não está quando a obra passa a circular; ele e seu círculo,
e outros tantos círculos dão significado(s) ao produzido. Assim foi com o projeto de
literatura regionalista brasileira, ligados a Freyre, por vezes distantes de Freyre, por
outras tantas vezes reduzidos aos projetos de Freyre, que em si, já foi bastante
complexo.
O nome Gilberto Freyre estampou o Congresso e promoveu uma espécie de
direcionamento, por muitas vezes, com ação voluntária do Próprio Gilberto. Tal como
fora feito com José Lins do Rego, diz Freyre em seu Manifesto
6
: “nosso movimento não
pretende senão inspirar uma nova organização do Brasil(FREYRE, 1996, p. 48). Amigos
desde 1924, com uma infinidade de correspondências trocadas, falavam de política, de
literatura e de afeto, e constituíram, nesses anos, suas perspectivas sobre as artes
brasileiras, e cada um seguiu seu rumo: Gilberto Freyre na sociologia, no Recife, e José
Lins engatando na literatura a partir de 1932, no Rio de Janeiro. Nesse ano, José Lins
lançou Menino de Engenho e despertou os primeiros olhares de que sua obra se tratava
de uma representação memorial da infância, da saudade e que, consequentemente, o
reduzia, por essa perspectiva, a um literato de menor poder criativo.
Com esse ponto de ligação entre o sociólogo e o literato, busco demonstrar a raiz
da generalização sobre os escritores da ficção ligados ao regionalismo do Nordeste. A
vontade de falar da terra, característica dos literatos envolvidos nesse projeto, criou um
rótulo que circulou nos espaços da crítica; no caso de alguns, José Lins do Rego é um
deles, causando insatisfação e tentativas de fuga. É desse ponto que resgato a criação de
Vitorino Carneiro da Cunha como uma forma de escapar de marcas como a de
memorialista, de autor da cana e defensor da estrutura oligárquica. Ademais, antes de
6
Sobre o Manifesto Regionalista uma polêmica sobre o ano exato em que foi escrito. Fato é que sua
publicação foi de 1952. Entretanto, o que interessa a essa parte do estudo é a perspectiva de Gilberto
Freyre sobre o movimento regionalista, do qual o próprio foi um dos líderes.
concretizar seu intento, em 1943, o autor paraibano havia buscado outros pontos de
fuga, quando escreveu, por exemplo, livros como Histórias da Velha Totônia (1937),
Pureza (1937), e Riacho Doce (1939), três livros que escapam, cada um a seu modo, e com
seus limites, do mundo canavieiro.
Vitorino Carneiro da Cunha ironizando a tradição
Em tempo de Guerra comando tropa.
(REGO, 1997, p. 204).
Uma coronhada de rifle botou-o no chão,
como um fardo.
(REGO, 1997, p. 217).
Vitorino Carneiro da Cunha é um dos três protagonistas de Fogo Morto, obra que
foi recebida com louvor pela crítica literária brasileira da década de 1940. Vitorino tem
patente militar, comprada da antiga guarda nacional, é parente do coronel José Paulino,
um dos grandes latifundiários da Várzea do Rio Paraíba. É também primo do
desembargador de Pilar, Lourenço. O traço cômico de Vitorino é a sua certeza de ser um
homem de opinião, de contatos, de patente, mas ao mesmo tempo é ridicularizado em
toda a Várzea, pelos moleques, pelo bêbado José Passarinho, pelos seus pares
conterrâneos, que o vê como louco, assim como no trecho a seguir:
- Bom dia, seu Vitorino.
- Dobre a língua, não sou de sua laia. Capitão Vitorino. Paguei patente foi para
isto.
- Me desculpe, seu Vitorino.
- Vá se danando. Vá atrás dos seus machos. [...]
- Velho mucufa. Quem é que não te conhece, cachorro velho.
- Papa-Rabo - gritaram mais adiante.
- É a mãe. (REGO, 1997, p. 18).
Vitorino é uma representação arquetípica do D. Quixote da Mancha, de
Cervantes. E enquanto tal, em nenhum momento se dá conta de sua real condição. Como
afirmou Esequiel Gomes da Silva, no artigo O Cocho da Municipalidade: Uma Análise do
Romance Fogo Morto”, de José Lins Do Rego, o capitão Vitorino:
Inventa histórias e exagera nos fatos que conta. Arranja confusões as mais
diversas. Não hesita em ir ao Pilar fazer barulho na porta da casa de Quinca
Napoleão, chefe do executivo municipal. Mas apesar de todas essas
“qualidades”, é determinado e teimoso. Leva a sério sua incumbência. Para ele,
era aquele o momento de mudar a situação política da região. (SILVA, 2010. p.
30).
Em Fogo Morto a construção de Vitorino Carneiro da Cunha passa pela tensão
exposta nas citações de início deste tópico. Ele não se dobra a nenhuma das forças que
controlam a política de Pilar, e dos arredores da cidade. Nem à polícia, nem ao cangaço,
nem mesmo aos coronéis. Destes últimos faz questão de manifestar seu descrédito.
O capitão Vitorino Carneiro da Cunha estabelece notória ligação com o herói de
Miguel de Cervantes, o D. Quixote. “[...] orgulhosos e ostentadores de poder imaginário,
debatem-se insanamente em um meio com o qual não se identificam, são inflexíveis e
fechados para tudo o que não esteja de acordo com seus projetos” (SOUZA, 2015, p. 39).
Os dois personagens não reconhecem limitações conforme as suas idealizações. Para
eles, o ideal de lutar pela transformação do mundo de acordo com seus projetos é
superior a qualquer oposição. No caso do herói cervantino, seu propósito é manter ativa
a tradição da cavalaria, a qual aprendeu lendo suas novelas. Proteger os mais fracos e
destruir as injustiças do mundo são as ambições do primeiro herói do romance moderno.
Em Fogo Morto a trajetória do capitão Vitorino se desenvolve na busca
incessante de transformar a política tradicional, onde as forças dos latifundiários,
segundo o próprio Vitorino, controlam a política local. Acredita na transformação política
defendendo a eleição do candidato de oposição ao chefe do executivo local Quinca
Napoleão. De acordo com Vitorino, Quinca Napoleão é mantido no poder pela ação do
coronel José Paulino, maior dos donos de terra da região, dono do Engenho Santa Rosa.
Diz o herói Quixotesco: “Vou dar com o José Paulino no chão. Vem o coronel Rego
Barros, é militar, é homem de dar razão a quem tem. Vai ser governador. Ladrão com ele
é na cadeia”. (REGO, 1997, p. 21).
Vitorino caracteriza aquilo que Georg Lukács, na Teoria do Romance, conceituou
como herói problemático. Diz Luckács:
[...] Com isso, o heroísmo tornou-se polêmico e problemático; ser herói não é
mais a forma natural de existência da esfera essencial; antes, é o elevar-se
acima do que é simplesmente humano, seja da massa que o circunda ou dos
próprios instintos. (LUCKÁCS, 2000, p. 41).
O personagem de José Lins do Rego é um homem em conflito, seguindo a
definição de Luckács. Seus conflitos, de tal forma, estão situados no mundo em que
estava inserido. É um típico do gênero de romance moderno, onde os conflitos não são
mais provenientes de forças como destino, assim como os clássicos das epopeias gregas,
mas se situam no próprio cosmos em que habitam os humanos.
Na citação em epígrafe, em que Vitorino afirma comandar tropa, o faz em
oposição à patente do filho Luís, Suboficial da Marinha. Todo o poder estrutural o
incomoda, e mais, afronta Vitorino, levando-o a questionar, com o poder imagético que é
a sua maior arma, as ordens de seu mundo. Esse poder, que ele crê possuir, mas que
nunca aparece, é um traço da obra que chega ao humor. Utilizado como forma de
desmontar a regra, de descaracterizar o quadro social pelo viés da desobediência. Nós
temos a certeza de que a única força do Capitão é não calar, em todas as outras forças
foi fracassado. Nesse sentido, sua imagem é uma representação icônica do desmonte de
uma estrutura social que vem se modificando naquele contexto da história brasileira. -
Estou chegando, compadre, do Itambé. O doutor Eduardo tinha um réu para defender e
me mandou chamar no Gameleira para ajudá-lo. [...] Quando cheguei no Itambé o júri
tinha se acabado”. (REGO, 1997, p. 92-93).
Ao transcorrer de toda a narrativa de Fogo Morto é nesse jogo entre se sentir
poderoso e ser objeto de riso para todos que Vitorino se insere. Ele não tem consciência
de seu estado de loucura, dos exageros megalomaníacos de poder que não possui.
Vitorino é uma figura caricata que provocou o riso sobre a estrutura oligárquica
acreditando estar lutando pela renovação política. Um sintoma que transborda da vida
para a obra literária, muito dessa renovação era o próprio ambiente político de
reorganização da burguesia, no centro do país, durante a década de 1940, momento em
que o livro foi escrito e não o contexto do enredo de sua trama.
Na década de 1940 a reorganização do capital, iniciada pelas agitações de 1930,
reestruturou a cultura política. O avanço industrial, impulsionado pela política de Getúlio
Vargas, foi importante para a remodelagem das antigas oligarquias. Busco me apoiar na
perspectiva historiográfica de que essas forças não foram derrotadas em 1930, mas
buscaram novos espaços. Tal cenário sentido mais concreto ao anseio de Vitorino:
romper a força estruturante da história brasileira por via de uma nova força, que em
políticos de sua confiança uma saída para decompor o mandonismo do seu mundo.
Segundo Eunice Prudenciano de Souza:
Para esses heróis, a loucura é a forma encontrada para sobreviverem na
sociedade degradada que os cerca e, de alguma forma, cada um, ao seu modo,
afronta à ordem estabelecida. As ações desenvolvidas por eles são dissonantes
com a realidade e, por meio de gestos e entoações exageradas, hiperbólicas,
culminam em situações tragicômicas, provocando o riso. (SOUZA, 2015, p. 34).
A opinião sobre o cangaço aponta também para a força do humor burlesco de
Vitorino Carneiro da Cunha no romance. Segundo o capitão, os cangaceiros e os
coronéis são uma via de mão única que confluem e se ajudam para manter-se no poder.
“Este merda do Antônio Silvino pensava que me fazia correr. De tudo isto o culpado é
você mesmo. Deram gás a este bandido” (REGO, 1997, p. 219). Diz isso a José Paulino, um
dos grandes coronéis da Várzea do Rio Paraíba, após ser livrado pelo próprio coronel das
mãos dos cangaceiros, de quem levara uma surra. Sobre o cangaço, a ideia de Vitorino é
interessante: chega a articular a atividade do cangaceiro a uma ordem alimentada pelos
próprios latifundiários, que fazem um jogo de troca de poder entre dinheiro e força para
manter o controle da terra. E em meio a toda essa tensão, sobrevive a forma burlesca
encontrada pelo autor que tem como lugar social toda a estrutura em que se desenvolveu
a trama de Fogo Morto.
Considerações
No presente texto, o humor foi apresentado em duas dimensões: a representação
do humor no personagem ficcional e o riso irônico de José Lins do Rego. Defende-se que
o riso de Vitorino não necessita de aproximação com o riso do seu criador; afinal, em
nenhuma hipótese buscou-se defender tal argumento. Nesse sentido, é adequado atribuir
o relativo caráter de imanência da escrita ficcional em relação ao mundo concreto.
Mesmo não dependendo do mundo real para ganhar sentido, a escrita ficcional do autor
paraibano denuncia uma aproximação entre a arte e a vida. Negar o humor de Vitorino
como um sintoma do que o escritor José Lins do Rego ilustrou ironizando a tradição
oligárquica é, no mínimo, reduzir sua mensagem.
Por outro lado, buscou-se, como problematização para a pesquisa, conectar o
discurso de José Lins na inauguração do seu busto à sua consciente postura em relação
ao mundo em que viveu e representou. Por isso, o discurso na Praça de Pilar, exposto na
reportagem, foi inserido como ápice do projeto de criação de Vitorino, do projeto de rir
da tradição. Há várias ironias na fala do autor; talvez, a mais significativa seja recorrer à
sua própria criação para opor-se ao seu argumento. Ressuscitar Vitorino é um ato
audacioso para responder, de forma irônica, aos que lhe ofereceram o busto.
Por essas razões, defende-se no texto a ironia como um recurso utilizado para
desmontar a estrutura em que o autor viveu e pela qual foi enquadrado por parte da
crítica literária do período. Um ato típico da potencialidade do riso quando utilizado para
desmontar estruturas rígidas. O riso é proveniente de algo percebido como um desvio
das normas sociais, como algo diferente do esperado para acontecer” (SOUZA, 2015, p.
35). De tal forma, a tradição foi escrita e vivida por Lins em tensão, como uma corda
que estava fina, mas que provavelmente não chegou a romper.
Referências
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Fontes
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REGO, José Lins do. Fogo Morto. Rio de Janeiro: José Olympio, 1997.
Apêndices
Imagem 1: Página da reportagem do jornal a união narrando a comemoração do busto de
José Lins do Rego, em Pilar.
Fonte: registro do autor cedido pelo Arquivo Histórico Waldemar Bispo Duarte (2019).
Imagem 2: Continuação da reportagem narrando a comemoração do busto de José Lins
do Rego, em Pilar.
Fonte: registro do autor cedido pelo Arquivo Histórico Waldemar Bispo Duarte (2019).