O filme Mulheres Violentadas, de aventura e drama, de 1977, tem como sinopse:
Juarez, mordomo jovem e simpático, seduz a patroa e assassina o patrão. Vinte
anos depois, descobrindo o paradeiro do filho do ex-patrão, contrata assassinos
profissionais para destruí-lo. Com o auxílio da esposa, o rapaz enfrenta Juarez e
seus capangas, na busca de vingar a morte do pai (FILMOW, 2017).
Na trama de ação, é recorrente a exibição de grupos de mulheres despidas, em
rios e riachos (Figura 4), momentos antes de serem sequestradas pelos assassinos
profissionais contratados por Juarez, pessoa de idade mais avançada, em posse da
fortuna de seu antigo patrão. Em outros momentos, uma de suas mulheres aparece em
cena apenas de calcinha, cercada de capangas do antigo mordomo; a mesma
personagem, posteriormente, briga com outra mulher: as duas caem no chão, em meio a
vários homens, e a câmera foca nos corpos delas, parcialmente desnudos. As situações
de subordinação, violência e humilhação femininas são desenvolvidas de forma a
alimentar fantasias de homens e também de mulheres, na medida em que, ao se
projetarem no erótico, elas podem se colocar como depositárias passivas do desejo
masculino (KAPLAN, 1995, p. 47-48), e também usufruir do prazer. Sobre dominação,
Pierre Bourdieu afirma:
A lógica da dominação, exercida em nome de um princípio simbólico conhecido
e reconhecido tanto pelo dominante quanto pelo dominado, de uma língua (ou
maneira de falar), de um estilo de vida (ou uma maneira de pensar, de falar ou
de agir) e, mais geralmente, de uma propriedade distintiva, emblema ou estigma,
dos quais o mais eficiente simbolicamente é essa propriedade corporal [...] A
constituição da sexualidade enquanto tal (que encontra sua realização no
erotismo) nos fez perder o senso da cosmologia sexualizada, que se enraíza em
uma topologia sexual do corpo socializado, de seus movimentos e seus
deslocamentos, imediatamente revestidos de significação social - o movimento
para o alto sendo, por exemplo, associado ao masculino, como a ereção, ou a
posição superior no ato sexual (BOURDIEU, 2002, p. 2-7).
Os princípios de dominação masculina envolvem violência física, mas também
códigos como a linguagem, que busca legitimar formas de ser e agir femininas, e postura,
em que os corpos são revestidos de significação social: os homens, exibidos
majoritariamente com roupas – em uma das cenas um casal está banhando na cachoeira,
a mulher fica completamente nua e o homem não tira as peças de seu traje –, em alguns
momentos, aparecem em pé, de forma interrogatória, enquanto as mulheres, recém-
sequestradas, se sentam no chão, nuas e amontoadas (Figura 3). E. Ann Kaplan afirma
que os homens têm maiores posições dominantes disponíveis, enquanto as mulheres são
mais consistentemente submissas (KAPLAN, 1995, p. 49-50). Contudo, os modelos de