música, teatro, cinema, literatura. Com o aumento da repressão, o semanário tornou-se
mais politizado, passando a ser alvo da censura. Teve importantes colaboradores, como
os cartunistas Jaguar, Henfil e Ziraldo, os jornalistas Sérgio Cabral, Paulo Francis, e o
escritor Millôr Fernandes, entre outros. Ao tratar sobre as possibilidades políticas do
humor nas charges de O Pasquim, Daniel Figueiredo afirma que o jornal, além de
provocar o riso ao tratar, com humor, das contradições advindos da ditadura, e dos
problemas sociais, gerava identificação do público com o conteúdo produzido, ou seja,
um processo catártico (FIGUEIREDO, 2012, p. 52-53).
Além de O Pasquim, outras produções alternativas, críticas ao regime, foram
editadas nas décadas de 1960 a 1980, no Brasil. Além do humor escrito, uma gama de
programas televisivos, cuja comicidade se revelava mais sob a vertente dos costumes, foi
produzida nesse período. Destacam-se, nesse âmbito, A Família Trapo (1967-1971), Os
Trapalhões (1974-1995), Praça da Alegria (1956-1978), Satiricon (1973-1975), Chico City
(1973-1980) e Viva o Gordo (1981-1987). Entre os expoentes desse estilo de humor, citam-
se Chico Anysio, Jô Soares, Agildo Ribeiro, Ronald Golias, Renato Aragão, Berta Loran,
Paulo Silvino e Arnaud Rodrigues.
No cinema, Hugo Carvana é representativo da adoção da estética da comicidade
como instrumento de questionamento de hierarquias sociais, do progresso capitalista e
da ética ao trabalho, especialmente ao valorizar a malandragem em seus personagens.
Suas narrativas satíricas e populares expõem o mal-estar vivido pela sociedade brasileira
no período ditatorial. Entre suas principais produções, nesse estilo, estão Vai Trabalhar,
Vagabundo (1973) e Se Segura, Malandro! (1978), cuja trilha sonora contém composições
de Chico Buarque e Francis Hime.
Por outra banda, menos politizada, mas ainda humorada, é a filmografia produzida
sob a direção de Carlos Imperial. Personagem irreverente na cultura brasileira nas
décadas de 1960 e 1970, foi responsável pela criação de um movimento musical – a
“pilantrália”, em evidente ironia com o movimento tropicalista, capitaneado por Caetano
Veloso e Gilberto Gil –, que contou com a participação de Wilson Simonal, Nonato Buzar,
Antônio Adolfo e Tibério Gaspar. Registro desse movimento é o álbum Pilantrália, dele,
acompanhado pela Turma da Pesada (grupo composto por expoentes da música
instrumental brasileira, como Paulo Moura, Wagner Tiso, Oberdan Magalhães e Edison
Machado). No cinema, contudo, Imperial foi responsável pelo registro de inúmeras
“chanchadas”, gênero cinematográfico em que predomina a rusticidade e precariedade
das gravações, e o humor ingênuo, popular e anedótico.