sobre a exploração dos recursos naturais nacionais, Lacerda imiscuiu-se nesses debates
defendendo a participação do capital estrangeiro na exploração petrolífera e
empreendendo uma campanha em objeção à outorga do refino de petróleo a dois grupos
privados brasileiros: Drault Ernany-Eliezer Magalhães, proprietário da Refinaria de
Petróleo do Distrital Federal S/A, e Soares Sampaio-Corrêa e Castro, dono da Refinaria e
Exploração de Petróleo União S/A (MENDONÇA, 2008).
Nesse contexto, Lacerda passou a utilizar a coluna em questão para insultar a
família Soares Sampaio. Como exemplo, em artigo titulado Um grupo aguando o Brasil,
de 26 de abril de 1949, aquele jornalista imputava à família Soares Sampaio “o grupo
matriz, o grupo principal da roda de empresários de negócios que ocupou o governo
Dutra e o compromete e o envolve, e o aconselha e o denigre. Em torno dele giram e
prosperam os mais notórios próceres da adulação e do engodo” (MENDONÇA, 2004, p.
16). Este e outros artigos incomodaram Paulo Bittencourt, proprietário do Correio da
Manhã e amigo íntimo da família Soares Sampaio. Assim, Lacerda foi afastado do jornal,
mas conservou o direito de utilizar o título da coluna como melhor lhe conviesse.
Algum tempo depois, Aluísio Alves, deputado pela União Democrática Nacional
(UDN) do Rio Grande do Norte, e Luís Camilo de Oliveira Neto persuadiram Lacerda
sobre a viabilidade de fundar seu próprio periódico, algo que se deu com êxito via
mobilização de corporações empresariais ligadas ao capital externo (MENDONÇA,
2008). Assim, ao final do governo do general Eurico Gaspar Dutra, Lacerda fundou o
vespertino Tribuna da Imprensa, veículo que representou as principais propostas da
UDN e que faria oposição às forças políticas remanescentes do getulismo (LEAL, 2010).
Em agosto de 1961, com a renúncia do então presidente Jânio Quadros, o Tribuna
da Imprensa foi um dos primeiros órgãos a encampar a tomada de poder pelos militares,
a fim de obstar a posse do vice-presidente João Goulart (LEAL, 2010). Dois meses após a
renúncia de Jânio Quadros, devido às dificuldades financeiras, Lacerda vendeu o Tribuna
da Imprensa para Manuel Francisco do Nascimento Brito e, em 12 de março de 1962, foi
vendido para Hélio Fernandes. O jornal manteve uma oposição sistemática à presidência
de Goulart nos primeiros anos sob nova gestão. De acordo com o próprio Hélio
Fernandez, não existia nenhum ponto de aproximação entre a linha política do jornal e o
governo do mandatário de então (LEAL, 2010).
Em 31 de março de 1964, o Tribuna da Imprensa apoiou o golpe militar que
destituiu Goulart. Todavia, naquele mesmo ano, a partir da promulgação do Ato
Institucional nº 1 (AI-1), em 9 de abril, o periódico passou a apresentar uma posição
contrária à ditadura. A oposição do periódico foi gradativamente se avultando, a ponto