Nessa oportunidade, segundo a carta narra, Diógenes ao encontrar com
Antístenes teria que escolher uma das opções: subir para a acrópole com um caminho
longo, mas suave, ou um breve, mas íngreme e áspero. A escolha, funcionava como uma
metáfora para saber se as pessoas que se candidatavam estavam prontas para seguir a
vida cínica até a felicidade, Diógenes escolheu, naturalmente, o caminho árduo e assim
Antístenes teria o equipado.
Não devemos nos deixar enganar por essa fama que o cinismo tem por sua
inclinação a pantomímica. Segundo o levantamento que fizemos das 226 χρεῖαι contadas
por Diógenes Laércio, apenas tímidas 24 tem teor exclusivamente pantomímico. Se
considerarmos as χρεῖαι híbridas, que falaremos mais adiante, dado que elas também
possuem o teor pantomímico, mas seguido ou precedido pela fala, o número de
comunicações gestuais sobre de 24 para 58. Um número ainda bem discreto, afinal, os
cínicos passaram a ser muito conhecidos justamente por esses gestos, na maioria das
vezes eram chocantes. Inclusive, acreditamos que pelos gestos serem extremamente
extravagantes criou-se uma falsa aparência no imaginário coletivo da retórica cínica
girar muito em torno da pantomímica, foi reforçado pelas diversas aparições de
Diógenes em obras literárias, infantis, contos e tragédias.
A despeito do número diminuto de χρεῖαι pantomímicas reconhecemos a
importância e o caráter central que esse tipo de linguagem tem para o cinismo. Afinal,
escolher a ação em detrimento da fala em diversas ocasiões diz muito sobre os princípios
da escola filosófica, do filósofo e do tipo de reação que eles desejam despertar em seus
interlocutores. Além do mais, a escolha do público geral em dar maior ênfase a essas
histórias, reproduzindo-as em larga escala, demonstram também como os cínicos,
sobretudo Diógenes de Sínope, foram assertivos em praticar esse uso da linguagem.
an oil flask and a scraper on the outside of it, and gave me a staff too. Furnished with this equipment, I
asked him why he put a double, coarse cloak on me. He explained, “So that I might assist you in your
training for both eventualities: the burning heat of summer and the cold of winter.”
“What?,” I said. “Did not the single one do this?”
“Not at all,” he replied. “It does bring relief during the summer, but in the winter it causes more bodily
hardship than a person can put up with.”
“But why did you put the wallet around me?”
“So that you might carry your house with you everywhere,” he explained.
“And the cup and bowl, why did you throw them in?”
“Since you have to drink and use an appetizer,” he said, “some other appetizer if you don’t have mustard.”
“The oil flask and scraper why did you hang them alongside?”
“The one is useful for hard work,” he said, “the other for oil and dirt.”
“The staff, what is that for?” I asked.
“For security,” he answered.
“How’s that?”
“For what the gods use it, against the poets.”” (MALHERBE, 2006, p. 131).