Faces da História
, Assis/SP, v.6, nº2, p.386-403, jul./dez., 2019
somente a partir do século XIV, é que se evidencia o uso com a ideia de moldar a mente,
além de adquirir, gradativamente, outros sentidos, em especial, a dimensão de algo que
foi ou é comunicado a alguém (CAPURRO, HJORLAND, 2007).
Entre os estudiosos do conceito de informação destaca-se o trabalho de Michael
Buckland (1991), que estabelece três significados mais utilizados para o termo: em
primeiro lugar, a informação como processo, expressando a comunicação de um
conhecimento, de algum evento, fato ou ocorrência; a informação como conhecimento,
no qual a informação é o próprio conhecimento que está sendo comunicado; a
informação como evidência, dimensão de sentido que acentua as características
tangíveis à informação. Segundo Buckland, para o conhecimento ser comunicado ele
precisa ser expresso de alguma forma física:
Conhecimento, convicção e opinião são atributos individuais, subjetivos e
conceituais. Entretanto, para comunicá-los, eles têm que ser expressos,
descritos ou representados de alguma maneira física, como um sinal, texto ou
comunicação. Qualquer expressão, descrição ou representação seria
informação-como-coisa (BUCKLAND, 1991, p. 2).
Outro aspecto a ser destacado é a informação-evidência
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altera o que o sujeito
conhece, e isso não implica afirmar que a informação será útil ou pertinente para os
propósitos do sujeito, posto que ela depende de como será utilizada e do sentido que se
dará a ela. Deste modo, considerando o conceito dado por Buckland (1991) de informação
como coisa, a informação é passividade, ou seja, ela depende do sujeito para que tenha
sentido.
Cabe, no entanto, fazer ressalvas concernentes a ideia de informação como coisa,
aplicada à experiência do medievo. Tal acepção propõe que para a informação ser
comunicada é necessário que seja representada de alguma forma física, como através de
texto, por exemplo. Contudo, um aspecto que não deve ser negligenciado quando
estudamos o medievo é o papel da oralidade, mesmo em finais da Idade Média. A partir
disso, percebe-se nas fontes que a informação nem sempre foi repassada de forma
material como a informação como coisa propõe. Destarte, como interpretar as
informações repassadas durante o medievo por meio da oralidade? Considera-se que
elas são informação, a informação-processo, algo comunicado a alguém. Nesse sentido, a
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Para Buckland (1991), evidência é a própria informação como processo, é a expressão do conhecimento
comunicado, o aspecto tangível. A informação como coisa está relacionada a esse aspecto material,
tangível, que para ele pode ser armazenado e recuperado em uma situação posterior, como qualquer
documento textual que pode ser armazenado e consultado no futuro, por isso o documento escrito é
informação como coisa ou uma evidência. Porém, para Buckland, pessoas e prédios históricos também
podem ser informativos, pois informam sobre alguma coisa, mesmo que não possam ser armazenados e
recuperados como uma fotografia ou um documento textual. Portanto, informação, em Buckland, é tudo
que pode ser informativo.