Faces da História
, Assis/SP, v.6, nº2, p.404-424, jul./dez., 2019
passou por Roterdã, Amsterdã, Utrecht, Berlim, Potsdam, Viena, Munique, Genebra,
Lyon, Montpellier, Barcelona, completando que tudo isso se deu “[...] rapidamente, já se
vê, e só à força de atividade, e de considerar o viajar e o tempo, uma espécie de
obrigação” (VARNHAGEN, 1961, p. 210). Cezar anotou que isso derivava de um princípio
antigo utilizado pelo autor, a autópsia, nela, a visão surgia como fundamento
epistemológico do ato de pesquisar (CEZAR, 2018, p. 57).
Para Arno Wehling (1999, p. 44-132), Varnhagen pertenceu a uma geração
influenciada pelo movimento romântico, atribuindo maior importância à pesquisa
documental, para realizar um trabalho mais consistente. Sua obra corresponderia ao
historicismo romântico-erudito que os historiadores alemães denominaram historismo,
privilegiando a explicação hermenêutica, a investigação empírica e o domínio de técnica
de análise documental, derivando, portanto, de uma fundamentação historista e estatista.
Em leitura análoga, José Honório Rodrigues afirmou que Varnhagen foi influenciado pela
metodologia alemã e pela diplomática francesa (RODRIGUES, 1978, p. 309).
No entanto, parece apressado “encaixar” Varnhagen em uma “escola”. Pensando
obras importantes do século XIX nesse sentido, tem-se que Varnhagen não leu os
Grundriss der Historik de Johann Droysen pelo menos até antes da primeira edição da
História Geral, aferível por uma questão de datas, 1858 e 1854-57, respectivamente.
Quanto ao manual Introduction aux études historiques, de Charles-Victor Langlois e
Charles Seignobos, só foi publicado em 1898, portanto, uma década após a morte de
Varnhagen. Esses fatores, porém, não impedem de reconhecer nele aspectos
característicos da produção histórica de seu tempo.
Um exemplo prático pode ser encontrado na obra de Estevão de Rezende Martins
que ressaltou que na historiografia de inspiração historicista as elaborações teóricas
podem ser localizadas nas introduções, nos posfácios, nos resumos ou outros tipos de
reflexão conclusiva nos quais os autores prestam contas ao leitor dos referenciais que
orientaram sua pesquisa (MARTINS, 2008, p. 28). No caso de Varnhagen essa
observação é muito válida, porque geralmente fazia essas apreciações nos prefácios,
menos no corpo do trabalho. Porém, o próprio autor confessou não ter seguido
servilmente nenhum modelo para escolher os assuntos que trataria. Fez-se historiador
escrevendo história. Lucia Guimarães (2018, s/p) pontuou que ele foi um historiador
predominantemente empírico, o que não significava ausência de embasamento teórico.
Por razões como essa, determinar quem pode ter sido seus principais interlocutores não
é tarefa das mais simples. Tendo lido/citado textualmente ou não Ranke, Droysen ou
outros contemporâneos, aproximou-se manifestamente deles. Droysen escreveu que
“[...] em nossa ciência, talvez o grande mérito da Escola Crítica, [...] dentro de uma