:
FERREIRA, Frederico Antonio
*
RESUMO: Este artigo busca analisar a abertura
de representações consulares no norte da
África entre os anos de 1850 a 1889 em um
contexto no qual o Império do Brasil buscava
ampliar os mercados consumidores para seus
produtos agrícolas, especialmente o café assim
como atrair migrantes. Com isso buscava
mostrar-se como uma potência liberal e
progressista em e igualdade com as demais
potências europeias. Este processo de
expansão choca-se com a expansão
neocolonialista nesta região no último quartel
do século XIX.
PALAVRAS-CHAVE: Norte da África; Império
do Brasil; Relações Internacionais; café;
migração.
ABSTRACT: This article analyzes the opening
of consular representations in North Africa
between 1850 and 1889. At the same time as the
Brazilian Empire sought to expand consumer
markets for its agricultural products, especially
coffee, and to attract migrants. With that
sought to portray itself as a liberal and
progressive and equal standing with the other
European powers. This process of expansion
clashes with the neo-colonialist expansion in
this region in the last quarter of the nineteenth
century.
KEYWORDS: Richard Francis Burton; Islam;
Pilgrimage; Travel Literature; Imperialism.
Recebido em: 21/07/2019
Aprovado em: 24/09/2019
*
Doutor em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), estado do Rio de Janeiro (RJ),
Brasil. Arquivista Chefe do Arquivo Histórico do Itamaraty Escritório de Representação do Ministério das
Relações Exteriores no Rio de Janeiro. E-mail: arquivistafred@gmail.com.
101 Faces da História, Assis/SP, v.6, nº2, p.100-116, jul/dez, 2019
Introdução
A região formada atualmente por Egito, Sudão, Líbia, Tunísia, Argélia, Marrocos e
Saara Ocidental é, muitas das vezes, entendida de modo destacado do continente africano,
uma continuação do chamado Oriente Médio
1
. Sob determinado ângulo demonstra uma
desconexão entre o restante do continente e a África Setentrional com sua tradição
milenar. (DIOP, 1977). Os estudos acerca de História das Relações Internacionais
brasileiras, de algum modo reforça essa perspectiva.
A temática das relações entre o Brasil, o Oriente Médio e o Norte da África é, em
grande parte, marcada pela valorização dos contatos na segunda metade do século XX. As
fotos esmaecidas do imperador Pedro II e sua comitiva em frente à esfinge no Egito na
década de 1870 podem exemplificar o modo como estes contatos são retratados
historicamente.
A história dos contatos políticos entre autoridades brasileiras e do norte da África
no século XIX em muitos casos se mescla com relatos e trajetórias de movimentos
populacionais (HAJJAR, 1985), intercâmbios culturais (FANGOLDI, 1999), ou mesmo
trajetórias pessoais. Considerando as interações políticas sobre a região, merecem
destaque os estudos acerca das relações entre o Império do Brasil e o governo de Istambul,
durante o século XIX (SOCHACZEWSKI, 2017), ou ainda aqueles voltados para analisar os
movimentos populacionais entre o país sul-americano e a África Setentrional (HAJJAR,
1985). No caso específico dos contatos entre o Brasil e o Marrocos, temos a obra de Lesser
(2018) e Benchimol (2013). Contudo, ainda há um vasto campo de pesquisa a ser abordado
na busca por conectar estas partes do mundo aparentemente tão distantes e diferentes
entre si.
Este artigo busca de maneira geral analisar as relações políticas ocorridas entre o
Império do Brasil e os países do norte da África no período entre 1850 e 1889, pelo prisma
do estabelecimento de relações entre eles. A escolha destas datas limites está
intrinsecamente ligada a proibição do tráfico transatlântico de escravizados e as mudanças
na política externa para com a África neste contexto (FERREIRA, 2018).
Por meio de uma análise crítica dos documentos da chancelaria brasileira,
custodiados pelo Arquivo Histórico do Itamaraty no Rio de Janeiro, buscou-se entender as
relações internacionais como um conjunto de contatos que envolvem aspectos políticos,
econômicos e sociais que vão muito além do discurso formal dos chefes de governo e
1
O termo Oriente Médio é um termo historicamente condicionado e clivado de significados e generalizações
nem sempre apropriado. Para este artigo entendemos como Oriente Médio o conjunto de 17 países formados
por Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos, Bahrain, Israel, Irã, Iraque, Iêmen, Jordânia, Kuwait,
Líbano, Síria, Turquia, Chipre, Egito, Omã, Palestina,
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secretários de estado (DUROSELLE, 2000). Assim, este artigo procurou adotar uma
perspectiva de história da política externa que mostrasse a complexa rede de movimentos
que faziam parte desta relação e as consequências destes, tanto para o Império do Brasil
quanto para os países da África Setentrional.
Diplomacia, liberalismo e civilização: a política externa para África após 1850
Os prejuízos diretos e indiretos causados pelo fim do tráfico de pessoas para a
escravidão não foram definitivos, nem passavam despercebidas para os formuladores da
política externa de estado do Império. Com a prescrição dos tratados desiguais assinados
entre o Brasil e a Grã-Bretanha no início do II Reinado, iniciou-se um novo período em que
ganhava força a defesa daquilo que era entendido à época como sendo o interesse nacional
(CERVO & BUENO, 2008). Apesar da atenção tradicional dada pela historiografia às
questões envolvendo os conflitos platinos na segunda metade do século XIX, ou nas
relações com Grã-Bretanha, ou ainda com os Estados Unidos, esses não eram os únicos
temas da agenda da política externa imperial nem excluíram ações em outras frentes.
Apesar de parecer, à primeira vista, que as medidas tomadas pelo Império, como os
conflitos de Oribe e Rosas (1851-1852) e a Guerra contra Aguirre (1864-1865) que
desencadeou a Guerra do Paraguai (1865-1870) fossem um exercício de força e autonomia
elas não significaram uma retirada do país da órbita de influência britânica, nem foram
uma negação a ordem internacional vigente (SILVA & GONÇALVES, 2009). Elas podem
ser entendidas como uma série de iniciativas voltadas para garantir o atendimento dos
interesses dos setores produtivos internos, preocupados em criar condições que
permitissem a manutenção do sistema agroexportador, enquanto se buscavam soluções
viáveis para os problemas nacionais como os relativos a força de trabalho ou a ampliação
do mercado externo para os produtos brasileiros (SILVA & GONÇALVES, 2009).
Até por volta de 1866, a cesta de exportações do Império era mais diversificada que
a do período posterior na qual o café representava mais de 50% (PAULA, 2012). Nem
mesmo a exclusividade da produção agrícola como opção principal da economia era um
consenso (CERVO & BUENO, 2008). O país vivenciava uma dinâmica dúbia entre o
incentivo à industrialização estimulada pelo poder central e a manutenção e
aprofundamento do modelo de produção agrícola monocultora para exportação (CERVO
& BUENO, 2008). Nesse contexto ocorreu a promulgação da Lei Eusébio de Queiroz
proibindo o tráfico humano para a escravidão.
Para que a nova legislação não se tornasse letra morta, uma série de medidas foram
adotadas no foro interno e principalmente externo. As autoridades brasileiras passaram a
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colaborar com as iniciativas britânicas de combate ao tráfico (GRÃ-BRETANHA, 1860),
fiscalizar embarcações suspeitas e principalmente abrir representações diplomáticas no
litoral africano que deveriam denunciar os movimentos dos traficantes (AHI: 642/2/13;
AHI:234/2/7; AHI:254/2/11; AHI:221/2/7; AHI:263/2/9; AHI:238/2/1; AHI:263/2/15;
COSTA E SILVA, 1989).
Por outro lado, essa maior iniciativa acabou por ter consequências mais amplas que
a mera ação de fiscalização. Atividades comerciais, até então acessórias ao tráfico,
passaram a ser formalmente incentivadas. O comércio de óleo de palma, da aguardente de
cana de açúcar, de tecidos e mesmo a revenda de produtos industrializados vindos dos
Estados Unidos e Europa eram iniciativas propostas pela chancelaria imperial quando da
tentativa de reaquecer o comércio com a costa da África Atlântica (AHI:238/2/3). Por
outro lado, marfim, noz de cola, objetos de adorno, cerâmicas e algumas espécies de
moluscos eram itens já existentes nos contatos comerciais entre o Império e o continente
negro (PEREIRA, 2015). Essas buscas pelo incremento das relações comerciais ocorreram
dentro de uma nova perspectiva na qual o tráfico de escravos era proibido e onde a política
externa imperial buscava apresentar o país como
amigo da liberdade
e patrocinador do
livre comércio
e finalmente:
civilizado
(AHI:238/2/3, grifo nosso).
Deste modo, o Estado imperial seguiu interessado em manter seus vínculos
econômicos e políticos com antigas regiões fornecedoras de força de trabalho, porém sob
um novo termo: o comércio. A presença diplomática naquele continente deveria manter-
se completamente desvinculada do contrabando de escravos ainda existente no Atlântico
(AHI: 238/2/1).
Nesse mesmo espírito, os formuladores da política externa do período imperial
procuraram intensificar os contatos com outras regiões do continente africano além
daquelas que habitualmente mantinham contato. As representações brasileiras
existentes no Norte da África ganham maior importância e outras são criadas. Estas
regiões apresentavam-se como áreas comercialmente promissoras na segunda metade do
século XIX, ainda que às voltas com os primeiros movimentos de expansão imperialista
europeia (HOBSBAWM, 2011).
Durante a segunda metade dos Oitocentos, além do consulado em Tanger, no
Marrocos, existente desde 1821 (AHI: 265/1/14), foram abertos os consulados em
Alexandria no Egito em 1853 (AHI: 237/1/17), e Argel em 1859 (AHI: 250/2/4) e Oran na
década de 1870 na atual fronteira entre a Argélia e o Marrocos (AHI: 265/1/9). A
importância desses eventos encontra-se no fato de que o Brasil buscou encetar contatos
diplomáticos tanto com o Império Otomano (do qual o Egito, Argélia e Tunísia fazia parte)
104 Faces da História, Assis/SP, v.6, nº2, p.100-116, jul/dez, 2019
quanto a região do Marrocos; alvos de investidas neocolonialistas entre o final do século
XIX e início do XX (WESSELING, 2008).
Café, Egiptomania e Neocolonialismo: Consulado em Alexandria do Egito
Apesar de formalmente as relações entre o Brasil e o Egito ter como início formal
o reconhecimento brasileiro ao Egito recém-independente em 1924, os contatos políticos
entre os dois povos remete a períodos anteriores. Em 1853 a Secretaria dos Estrangeiros
consegue autorização junto ao governo turco para instalar um consulado em Alexandria,
então capital do Egito. Como cônsul foi nomeado o grego Stefano Popoloni e,
posteriormente, o Conde Miguel Debbané, que era nascido no atual território libanês,
ambos cristãos ortodoxos (AHI: 237/2/9). A introdução de um cônsul no Egito significava,
por um lado, reconhecer a importância econômica e política daquela região e por outro, a
crença em seu potencial comercial.
Desde o início do século XIX, os diversos governantes do Egito buscavam
modernizar a região e aumentar gradativamente sua autonomia junto ao governo de
Istambul. Dentre essas tentativas estavam os esforços pela modernização tecnológica, a
aproximação com países europeus e a busca por uma posição e supremacia frente a outras
áreas do Império Otomano (Sudão). Tal postura enfraquecia ainda mais o governo e
possibilitava o crescimento da influência política do Império Russo o sobre o Mediterrâneo
Oriental (FALCON, 2000).
Frente à ameaça eslava e objetivando participar do crescente mercado consumidor
egípcio, França e Grã-Bretanha passam a atuar com cada vez mais força na região do Egito.
Enquanto apoiavam a anexação do Sudão pressionavam para que o governo egípcio não
se lançasse sobre outras partes do Oriente Médio o que debilitaria ainda mais o governo
turco (FALCON, 2000). Com a invasão britânica do país em 1882 acelerou-se a corrida
imperialista sobre a África e diversas potências lançaram-se no esforço de adquirirem
partes do território africano. A progressiva subjugação dos interesses políticos e
econômicos egípcios às potencias europeias no último quartel do XIX pode ser entendida
como parte de um processo mais amplo de expansão do modelo de produção capitalista e
da própria cultura ocidental (WALLERSTEIN, 2011). O que ocorria no Egito acabou por
ocorrer em diversos outros pontos do território africano, especialmente na África
Ocidental e Centro-Ocidental.
A busca por aproximação do Império do Brasil com o governo egípcio insere-se
neste contexto de expansão vivenciado pela região na segunda metade do XIX e conviveu
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com os avanços neocoloniais na região. A busca por fazer-se representar politicamente
ao mesmo tempo em que procurava apresenta o Império do Brasil como um país em
condições similares as potencias tradicionais europeias, objetivava ainda inserir-se no
mercado egípcio em expansão.
Essa aproximação do mercado egípcio pode ser entendida dentro do interesse dos
formuladores da política externa brasileira pela busca por novos mercados consumidores.
O consumo de café do país, assim como no norte da África, estava em ascensão. Enquanto
o governo egípcio buscava se aproximar dos padrões culturais europeus, a classe
dominante do país adotava, cada vez mais, hábitos e costumes ocidentais (TOPIK, 2003).
Com a intensificação da presença de italianos, gregos, franceses, britânicos e sírios os
cafés já existentes e importantes na vida social local são acrescidos por novos
estabelecimentos ao estilo dos existentes em Paris e Londres onde se serviam chás, café
e bebidas alcoólicas. Diante do aumento da demanda os comerciantes egípcios de café
passaram a estender suas redes de comércio para cada vez mais longe, chegando a outras
cidades otomanas como Meca, Túnis, Damasco e mesmo Istambul (TUCHSCHERER,
2003). Assim, atuar como fornecedor da rubiácea para o mercado egípcio poderia ser
bastante lucrativo.
Politicamente essa aproximão materializou-se em algumas ocasiões específicas. O
primeiro contato entre o os governantes egípcios e o imperador Pedro II se deu logo no
início de seu reinado, onde houve a troca de presentes e condecorações com o quediva
Abaz Hilmi I Paxá (1812-1854) (AHI: 237/2/9). O segundo e mais conhecido deles foi o
conjunto de visitas do monarca brasileiro ao Egito em novembro de 1871 e entre dezembro
e 1876 e janeiro de 1877 (SCHWARCZ, 1999).
Independentemente das motivações que levaram ao imperador brasileiro a fazer sua
viagem ao Egito: curiosidade pessoal,
egiptomania
2
, demonstração de prestígio ou forma
de apresentar o país e seus produtos a um possível mercado consumidor, ela apresentou
o Brasil como um país ocidental, cristão, moderno e civilizado como também promoveu,
ainda que acidentalmente, os produtos do país (SCHWARCZ, 1999, DANESE, 1917). O
consulado em Alexandria, por sua vez, esteve diretamente envolvido com os preparativos
destas viagens e nos esforços pelo envio dos regalos e
souvenires
da família imperial após
o périplo (AHI: 237/2/9).
Pobres, robustos e trabalhadores: consulados na Argélia e Tunísia e a busca por migrantes
2
Egiptomania: conjunção entre as descobertas acadêmicas, o saber popular e os relatos de viajantes e
escritores acerca do Egito Antigo, tendo se alimentado continuamente do repertório ilimitado de crenças e
mitos universais sobre o tema. (BAKOS, 1996).
106 Faces da História, Assis/SP, v.6, nº2, p.100-116, jul/dez, 2019
Os esforços em levar o café brasileiro para o Egito mostram o quanto a abertura de
repartições consulares está ligada aos temas da agenda internacional em vigor e ao alcance
do chamado interesse nacional. Neste mesmo espírito, o país busca ampliar sua presença
na África, teve lugar a abertura do consulado em Argel em 1859 (AHI: 250/2/4).
Originalmente uma proncia do Império Otomano, a Argélia foi invadida pelos franceses
em 1830. Rapidamente, o governo de Paris incentivou a migração de cristãos e a
colonização de vastas áreas tomadas das populações muçulmanas. Franceses, italianos,
malteses e espanhóis ocuparam áreas férteis próximas ao litoral (FALCON, 2000).
O próprio cônsul brasileiro em Argel, Francisco de Raven era espanhol de nascimento.
Seus ofícios endereçados ao Rio de Janeiro, inicialmente em espanhol, logo são
substituídos por textos em francês (língua diplomática da época) por ordem da Secretaria
dos Estrangeiros. Ele chegou a ser condecorado como cavaleiro da Ordem da Rosa (AHI:
250/2/4). Cavaleiro era o grau mais alto da Imperial Ordem da Rosa. Esta era uma ordem
honorífica criada pelo imperador Pedro I em 1829 para homenagear seu casamento com a
princesa bávara, Amélia de Leuchtenberg e Eischstädt (GOMES, 2008). Com insígnias
desenhas por Debret, era concedida a nacionais ou estrangeiros como reconhecimento a
fidelidade ao imperador e serviços ao império (VASCONCELLOS, 1918). Pouco concedida
no I Reinado, foi largamente usada para condecorar militares, artistas e intelectuais
durante o reinado de Pedro II. Homens como o Brigadeiro José Antonio da Fonseca Galvão,
herói da Guerra do Paraguai, e intelectuais como o Barão de Tefé foram homenageados
com esta ordem (BLAKE, 1970).
Para além da solenidade da comenda, no fim da monarquia, ela serviu como moeda de troca
do império. Pagamento por favores à família imperial, recompensa à fazendeiros pela
alforria de seus escravos e forma de estímulo a soldados voluntários na guerra, fizeram
com que a comenda passasse a ser largamente utilizada (POLIANO, 1943; SANTOS, 1937.
LAGO, 1935). Isto posto, diante de um cargo cheio de atribuições sem salário fixo, como
era o de cônsul (BRASIL, 1847), não é impossível pensar que seu oferecimento a Raven
pudesse ser um incentivo a mais ao exercício do cargo. No entanto, em 1876 Ravan foi
decretado mentalmente incapaz, o cargo foi assumido por um funcionário do Estado
colonial francês (nominado na documentação apenas como
Le Loréal
) e posteriormente
foi indicado Joseph Servat (AHI: 250/2/4).
Algo semelhante também ocorreu na representação em Túnis. Seguindo no sentido de
ampliar sua atuação no norte do continente, especialmente nas áreas de expansão
francesa, em 1865 foi instituído um consulado honorário na capital da Tunísia, e que
naquele período sofria os efeitos da pressão francesa (AHI: 250/2/4). Foi estabelecido
107 Faces da História, Assis/SP, v.6, nº2, p.100-116, jul/dez, 2019
como cônsul Jean-Charles Cubisol. Era cônsul francês antes da invasão e após esta passou
a atuar como representante de diversas potências europeias na capital tunisiana. Foi
cônsul belga, espanhol, italiano e suíço (EPALZA & EL-GAFSI, 1978).
Esta adoção de cônsules estrangeiros pelo Império do Brasil era permitida pelo Decreto
520, de abril de 1847 (BRASIL, 1847), que regulamentava o serviço consular imperial,
reconhecendo a possibilidade de que estrangeiros ocupassem a função de nsul
brasileiro (Art.8º), e mesmo não católicos (Art. 42º). Dentre as incumbências que lhes eram
atribuídas estava a proteção aos súditos brasileiros, o registro de nascimentos,
casamentos e óbitos e a averiguação de embarcações que rumavam para o Brasil. Além de
todas estas incumbências havia ainda:
“Art. 227 (...) esmerar-se na busca de candidatos à imigração para o Brazil, desde que fossem “pobres,
robustos, trabalhadores e diligentes no serviço” (...), devendo ser escolhidos entre os criados de servir,
lavradores, ferreiros, carpinteiros e mais ofícios mecânicos, entre 14 e 30 anos de idade, em mero igual
de sexos e casados (BRASIL, 1847).
Tais atribuições não foram alteradas nas legislações seguintes sobre o tema e esta busca
por migrantes marcará a trajetória das representações na Argélia durante a segunda
metade dos oitocentos.
A atuação do consulado, em seus primeiros anos, foi abalizada pelos preparativos para o
envio de dromedários e seus tratadores para o Brasil
3
(AHI: 250/2/4). Para além das
excentricidades deste fato, uma das principais atividades desenvolvidas pelos consulados
era a contagem e acompanhamento dos súditos brasileiros ali residentes e a emissão de
passaportes (AHI: 250/2/4). Essas autorizações para a entrada de estrangeiros no império
eram concedidas, em sua maioria, para imigrantes e suas viagens eram financiadas pelo
Ministério da Agricultura brasileiro. Nos registros remanescentes da atuação de Raven
não há detalhes sobre quem seriam estes imigrantes (AHI: 250/2/4).
A mesma preocupação se deu com o vice-consulado em Oran. No final do século XIX as
representações de Argel e Oran são questionadas quanto aos baixos índices de imigrantes
originários de suas jurisdições. Francisco Raven ao defender a atuação do vice-cônsul de
Oran relata os esforços e os métodos para atrair imigrantes para o Império.
Quanto aos serviços que pode ter sido para a proteção dos nacionais e ao encorajamento dado aos
emigrantes, não posso informá-los, mas suspeito que, no que diz respeito à emigração, os seus esforços têm
3
Os dromedários enviados pelo cônsul brasileiro na Argélia fazem parte dos esforços do governo imperial
na década de 1850 para introduzir camelos e dromedários como meio de transporte no semiárido brasileiro
de modo a substituir os burros, mulas e jegues amplamente utilizados pela população, Pedro II ordenou que
fossem trazidos da Argélia animais mais resistentes à estiagem: dromedários. Os 14 animais viajaram 38 dias
e chegaram no interior do Estado. Apesar da aparente aclimatação inicial, os animais sucumbiram ante a
falta de tratamento adequado (TEIXEIRA,2017)
108 Faces da História, Assis/SP, v.6, nº2, p.100-116, jul/dez, 2019
sido limitar-se a como o meu, a entregar a todos aqueles que pediram o livreto intitulado "Guia do Imigrante
para o Brasil", e se lhe foi enviado um suprimento, que lhe é ignorado (AHI: 250/2/4, tradução nossa)
4
Durante o período monárquico a imigração era subvencionada pelo governo. A Secretaria
dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas por meio da Associação Central
de Colonização
5
era responsável por arregimentar famílias dispostas a migrar para o
Brasil, assim como cuidar de seus contratos de trabalho, o transporte destas famílias, o
assentamento destes em colônias e todos os demais cuidados para sua adaptação. No
entanto, uma missão tão ampla apresentou uma série de dificuldades para sua realização
(GABLER, 2012).
A primeira menção ao vice-consulado em Oran se deu em 1861 (SECRETARIA DOS
NEGÓCIOS ESTRANGEIROS, 1862), nas correspondências do próprio Francisco Raven
onde ele a indica a representação como subordinada ao consulado de Argel. Seu titular à
época era Victor Maxuel (AHI: 265/1/9). Seu sobrenome aparece também em algumas
vezes como “Mazurel” (SECRETARIA DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS, 1877) ou ainda
“Masurel” (ALMANAK LAEMMERT, 1891, p.121).
O conjunto documental relativo às representações na Argélia é lacunar e pouco específico
sobre as famílias de imigrantes originários daquela região. É indiciático, contudo, a
presença de colonos franceses originários da Argélia na província do Paraná no final da
década de 1860. Segundo as pesquisas de Bárbara Letícia Chimetão (2018), era notável a
presença de famílias de agricultores franceses vindos da Argélia em áreas próximas a
cidade de Curitiba. Diante da grave crise econômica e dos conflitos causados pela
resistência a invasão francesa na Argélia, muitos desses franceses migraram e
transferiram-se para o Brasil. Muitos destes francesas migram muitos destes franceses
transferem-se para Brasil.
Em 1867 chegou ao porto de Paranaguá o primeiro navio com colonos originários de
Marselha e Argel com contratos assinados pelo vice-cônsul brasileiro Victor Masurel.
Outros se seguiram após eles. (JORNAL DEZENOVE DE DEZEMBRO, 03/07/1869, p. 64).
4
[No original]: Les services qui peuvent avoir été pour la protection nationale et l'encouragement aux
migrants, je ne peux pas leur dire, mais je pense que, en ce qui concerne l'émigration, leurs efforts ont été
limités à comme le mien, à livrer à tous ceux qui ont demandé la brochure intitulée "Guide des immigrants
au Brésil" et si une offre vous a été envoyée, elle est ignorée.”(AHI: 250/2/4).
5
A Associação Central de Colonização era um departamento da Repartição-Geral de Terras Públicas criada
pelo decreto n. 1.318, de 30 de janeiro de 1854. Sua missão era a de orientar a nova política de uso da terra
imposta pela Lei de Terras de 1850, devendo estabelecer a intermediação do contrato entre o governo
imperial e os colonos estrangeiros. Cabia-lhe assim dirigir a medição, a divisão, a descrição e a conservação
das terras devolutas, assim como fiscalizar sua venda e distribuição, além de promover a colonização
nacional e estrangeira (GABLER, 2012).
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Para além dos contratos assinados pelo cônsul brasileiro no norte da África eles foram
cadastrados pelo consulado francês na capital paranaense (CHIMETÃO, 2018).
Os livros de registo do consulado francês comprovam que boa parte desses migrantes
vinham das colônias francesas do Norte da África, e foram identificados como sendo
originários da região da Alsácia-Lorena (fronteira com a Alemanha). Esta área foi uma das
regiões que mais sofreram durante a Guerra Franco-Prussiana de 1870, sendo incorporada
ao Império Alemão. Parte da população francesa que migrou para a Argélia em busca de
melhores condições de vida acabou migrando novamente, que desta vez para o Brasil
(CHIMETÃO, 2018).
Poucos anos depois do assentamento nas áreas próximas a capital paranaense, uma
quantidade ínfima de franco-argelinos permanecera no campo. A maioria migra para a
cidade em busca de trabalho. A chefatura de polícia local os descreve como belicosos,
inimigos da ordem pública, e que apesar de franceses o fato de terem permanecido tanto
tempo na Argélia lhes imprimiu hábitos bárbaros (PARANÁ, AP 433, 1874, p.191).
Entre o Oriente e o Ocidente: a representação brasileira no Marrocos
Dentro dessa dinâmica, que envolveu a ampliação comercial e atração de migrantes em
países no norte da África, merece destaque especial o Marrocos. Enquanto na Argélia a
migração era predominantemente de franco-argelinos, ali o movimento da população judia
ganhou relevância. Ao contrário dos franco-argelinos que migram para o sul, os sefarditas
marroquinos se destinavam à região amazônica e mantinham vínculos políticos,
econômicos e sociais com sua terra natal (FERNANDES, 2018, BENCHIMOL, 2013).
O primeiro representante brasileiro em Tanger, então capital do Sultanato do Marrocos,
foi Antonio Cornélio Collaço. Originalmente, cônsul português em Tanger, era membro de
uma família de diplomatas portugueses de longa data e estavam presentes em diversas
cidades marroquinas (PORTUGAL, 1821). Tudo indica que eles seriam uma família de
comerciante do Algarve que por sua fortuna e acesso ao sultão gozavam de prestígio na
região (NADIR, 2013). Não se sabe exatamente quando eles se instalam no Marrocos,
porém mesmo após o retorno da corte portuguesa para Lisboa em 1821, após a
permanência no Rio de Janeiro, Cornélio Colaço segue recebendo instruções do governo
do príncipe regente e depois imperador Pedro I. Mesmo após a morte de Cornélio Colaço,
a representação brasileira segue na família, agora com Daniel Collaço, filho de Cornélio
que acumula também o título de cônsul português. (AHI: 265/2/14).
Apesar dos despachos e ofícios não revelarem grandes detalhes acerca do fluxo comercial
entre os dois Estados, pareceres do Conselho de Estado, em sua Seção para os Negócios
110 Faces da História, Assis/SP, v.6, nº2, p.100-116, jul/dez, 2019
Estrangeiros, de 30 de janeiro de 1878 (AHI: 342/2/10), e de 12 de janeiro de 1880 (AHI:
342/2/10) versam sobre constantes conflitos entre comerciantes marroquinos,
naturalizados brasileiros e autoridades locais no que tange ao pagamento de impostos e
outras questões quanto a subordinação ao Sultão Muhamad IV (1859-1873).
Tal fato denota o desenvolvimento dos fluxos populacionais entre o Império do Brasil e o
Marrocos. Conforme aventado por Rodrigues (1964), no século XIX iniciou-se o
movimento populacional de judeus vindos da África do Norte. Geralmente sefarditas, com
fortes laços familiares e culturais com seus congêneres portugueses e espanhóis
(FREUDENTHAL, 2004), e que vivam em uma sociedade predominantemente muçulmana.
Premidos pelas guerras de conquista promovidas por França e Espanha sobre o Norte do
Marrocos e motivados pelas notícias de crescimento econômico derivadas dos primeiros
movimentos da exploração da borracha no Brasil muitos marroquinos migram
voluntariamente para a América, mesmo com a ausência de incentivos estatais neste
processo (HELLER, 2010). Não há menção a qualquer tipo de apoio por parte da Secretaria
dos Estrangeiros ou da Secretária dos Negócios da Agricultura para arregimentar famílias
marroquinas dispostas a vir para o Brasil.
Muitos destes migrantes marroquinos que se transferiram para a região amazônica eram
judeus que acabaram por fazer fortuna no Brasil e se naturalizaram como súditos
brasileiros (HELLER, 2010). Estes se estabeleceram nas províncias do norte do país,
constituindo núcleos nas capitais e nas margens dos rios em regiões como Cametá,
Itacoatiara, Óbidos chegando até as proximidades da fronteira com o Peru (FALBEL,
2008).
Gozando deste novo status social de súdito do Império do Brasil muitos destes retornados
marroquinos se contrapõem as determinações do sultão (AHI: 265/2/10). O vice-cônsul
Daniel Colaço foi instruído a agir no estrito exercício da proteção aos súditos do Império
sem influir de nenhuma maneira no jogo político local (AHI: 264/1/14). A questão chegará
a tamanho grau de efervescência que exige um posicionamento do Conselho de Estado
que 30 de janeiro de 1878, reconhece a cidadania brasileiras destes negociantes e exige
que a representação em Tanger os proteja como tal (AHI: 342/2/10).
A Política externa e a busca por resolução dos grandes problemas nacionais
Representações em locais distantes e com realidades tão distintas do Império do Brasil,
como as de Alexandria, Túnis, Argel, Oran e Tanger, mostram a crença no potencial
111 Faces da História, Assis/SP, v.6, nº2, p.100-116, jul/dez, 2019
comercial da região do Norte da África e em seu atrativo como dispersor de imigrantes, o
que reforçava o novo modelo de ação diplomática à ser empreendido na África como um
todo após a proibição do tráfico de escravizados. Sem questionar a primazia das poncias
europeias sobre as áreas rem-conquistadas como Tunísia e Argélia, ou sob forte pressão
europeia como o Egito, os formuladores de política externa brasileira agiam tendo em vista
as premissas do livre-comércio assim como do livre-trânsito de populações. Essa atuação
comercial e de incentivo a migração demonstra que a atuação brasileira na África
transcendia o combate ao tráfico e que também perseguia outros objetivos (FERREIRA,
2018). No entanto, essa busca do serviço exterior brasileiro por arregimentar migrantes
no norte da África, nem sempre obteve o apoio dos formuladores da política externa do
Império (FERREIRA, 2018).
A economia brasileira na década de 1860 dava sinais claros de que o modelo econômico
agroexportador seria a opção vencedora e que, apesar dos pequenos surtos
industrializantes, estes seriam muito pequenos frente a grande economia agrícola. As
inovações tecnológicas e as mudanças nos hábitos de consumo europeus surgidas após
1845 levaram a um gradativo aumento da demanda internacional por produtos agrícolas
tropicais como café, algodão e cana de açúcar (TOMICH, 2003), e o Brasil encaixava-se
como um fornecedor privilegiado de alguns destes produtos.
Com isso, a política de comércio exterior brasileira, a partir de 1860, passou a dar cada vez
mais atenção às representações situadas nos grandes mercados consumidores dos
produtos agrícolas brasileiros como no norte da Europa ou naqueles em que os
negociantes brasileiros pretendiam que se tornassem grandes consumidores como nos
Estados Unidos e Europa Central, o que contribuiu decisivamente para a secundarização
dos postos tanto no Norte da África, quanto no resto do continente.
A busca por soluções à chamada “Questão Servil”, que tinha na introdução de imigrantes
europeus sua principal alternativa, reforçava a relevância das legações e consulados na
Europa Central e do Norte. A atração de migrantes da África Setentrional foi ofuscada pela
opção preferencial a populações europeias. Em 1870, haviam 17 consulados e vice-
consulados brasileiros em todo o continente africano. Só no território francês tinham 22
repartições consulares e nos Estados Unidos havia 12. Nenhum deles, no entanto fazia
frente à quantidade existente no eixo península itálica e Europa Central, principais
dispersores de população migrante para o Brasil, onde havia 42 representações consulares
instaladas (SECRETARIA DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS, 1873).
Sem questionar a primazia das potências europeias sobre as áreas conquistadas no
continente africano atuando dentro dos limites comerciais e migratórios impostos por
essas mesmas potencias o governo brasileiro, através da Secretaria dos Negócios
112 Faces da História, Assis/SP, v.6, nº2, p.100-116, jul/dez, 2019
Estrangeiros, buscou ampliar sua representação no continente. Sem o entusiasmo que
marcou a reabertura das representações da África após 1850 (Minuta da instrução de
12/1857, AHI: 238/2/3), seguiram buscando afirmar-se no cenário internacional que tem
na África e na Ásia o objeto preferencial da expansão europeia neocolonialista.
Os formuladores da política externa brasileira adaptaram as demandas do interesse
nacional vigente naquele momento à conjuntura internacional de um imperialismo
crescente. Enquanto na África Ocidental e Centro-Ocidental a diplomacia brasileira
abdicou de atuar junto aos povos tradicionais africanos com quem lidava quanto ao
comércio de escravizados nos séculos anteriores ele se volta para o Norte da África sem
afrontar os novos donos da terra (FERREIRA, 2018).
Por mais que a historiografia das relações entre o Brasil e o continente africano realce a
ausência de contatos entre estas duas margens do Atlântico com o fim do tráfico de
pessoas (RODRIGUES, 1964; COSTA E SILVA, 1989), outros tipos de contato e outras
regiões passaram a figurar como interlocutores. Assim sendo, diante da intersecção entre
o estabelecimento de novas formas de produção que se distanciavam do tráfico
transatlântico e o avanço gradual e constante da invasão de territórios por parte das
potências neocolonialistas europeias, o Império do Brasil adequou-se a essa nova
conjuntura de maneira pragmática.
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