FACES DA HISTÓRIA, Assis-SP, v.6, nº1, p.337-363, jan.-jun., 2019
SANTOS, Vitor Queiroz; FONSECA, Sérgio César; NARITA, Felipe Ziotti
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Hugh Clarence Tucker, terceiro missionário enviado pela IMES ao Brasil, explicitava que
o metodismo era “uma força educadora no mundo” (TUCKER et al, 1901, p. 85).
Escolarizar, converter e moralizar eram propósitos cristalinos e constantemente levados
a efeito, tal era a força dessa ideia entre os metodistas, especialmente entre os
missionários em campo.
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Para Leonora Smith, essa era a grande tarefa do colégio de
Ribeirão Preto, pois
Os futuros annos provaram que o Collegio Methodista estava estabelecido em
base firme. Até quando continuará a influenciar na formação de caracteres
nobres uteis, só Deus sabe. Espero encontrar nos céus uma multidão de
pessoas salvas pelas beneficas influencias que radiaram desta instituição, não
só do meu tempo, mas nos annos que seguiram e que ainda hão de vir
(MERIWETHER, s/d, p. 26).
Revelando o propósito de articular a rede missionária à moralização social,
Leonora Smith assinalava que a moralidade de Ribeirão Preto estava “em um nível muito
baixo” (SMITH, 1900, p. 2), de forma que era função da escola proporcionar “a
oportunidade de conhecer a Verdade” (SMITH, 1902, p. 6), na medida em que os “alunos
desenvolvam-se com fortes carácteres cristãos” (SMITH, 1905, p. 19). A missionária
Willie Bowman, reportando também sobre Ribeirão Preto, sintetizava: “é através das
crianças que queremos alcançar seus pais” (BOWMAN, 1904, p. 11). Na mesma direção de
suas colegas, dessa feita tratando sobre Birigui, já avançando pela década de 1920, Lelia
F. Epps afirmara que o colégio naquela cidade era a “única escola em todo maravilhoso
noroeste que oferece educação cristã a centenas e milhares de pequenas mentes e
corações famintos” (EPPS, 1924, p. 26).
Martha Watts tinha certeza da validade da conjugação entre escola e moralização
ao modo metodista, pois entendia que, onde existisse uma igreja, deveria haver “uma
escola paroquial, cuja diretora se tornaria parte da vida das alunas e suas famílias e da
igreja” (MESQUITA, 2001, p. 136). Desde os primeiros anos de sua chegada ao Brasil,
Watts sustentava essa posição, a começar pelos anos de sua presença em Piracicaba,
entre 1881 e 1895, onde refundara o colégio metodista local a partir do qual, devido à
“integridade transmitida” aos alunos, o trabalho escolar, segundo ela, alcançara “além de
nossas paredes” (MESQUITA, 2001, p. 71). Semelhante efeito repercutiu em Petrópolis,
onde ela também atuou, quando o noticiário da Gazeta de Petrópolis aconselhava “aos
paes de familia que não hesitem em entregar a educação de suas filhas aos cuidados” da
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Vasni de Almeida (1997) articula a tríade converter, ensinar e conformar para sugerir, grosso modo, que a
pedagogia metodista atendia, em larga medida, aos ideais da sociedade ribeirão-pretana na Primeira
República.