FACES DA HISTÓRIA, Assis-SP, v.6, nº1, p.182-202, jan.-jun., 2019
NEVES, Anne Caroline Peixer Abreu
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ano de 1950
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, era filha dos professores da escola: Maria Cecília Moskorz e José Moskorz,
que chegaram em Blumenau no ano de 1947, tendo sido a professora removida para essa
escola. Em sua entrevista, de forma bem humorada, com risos e descontração na fala
recordou sobre sua participação e também de outras crianças nessas “festinhas”:
“Porque a gente sempre tinha as festinhas. Hoje em dia não fazem, né? Ou fazem ainda,
para os alunos dizerem um versinho. Eu só sei dizer que, aí meu deus, eu também dizia
bastante versinho”. (Marilena Teresina Godizigiogesk, entrevista, 23 set. 2018.)
A senhora Maria de Lourdes, entrevistada já apresentada, também recordou das
“festinhas” e mais uma vez assumiu a sua admiração pela professora Alice Pauli da Silva,
associando as boas lembranças dessas “festinhas” ao empenho da professora que se
dedicava a esses movimentos na Escola Pública de Itoupava Norte. Por meio de uma
narração que apresentou pela tonalidade da voz e nas expressões faciais um sentimento
de saudade daquelas experiências, a entrevistada foi descrevendo como aconteciam
aqueles movimentos que passaram a pertencer à cultura escolar:
Lembro assim das festas que ela promovia, do jeito que a gente tinha
festa, dia 1º de maio, então ela festejava o dia 22 de abril que era o
descobrimento do Brasil [...], cantava o hino nacional, a gente cantava o
hino a bandeira, [...] dizia versinho do Brasil, aquilo tudo para a gente era
[sorriso]. (Maria de Lourdes Pereira, entrevista, 26 set. 2018.)
É possível perceber que essa recordação de participar com a leitura de versinhos
e dos cantos dos hinos, foi narrada com entusiasmo e no plural, relacionando com suas
recordações, outros alunos e considerando que era um movimento que agradava as
crianças da escola, e não apenas ela. Na sequência, a senhora Maria de Lourdes recorda
um acontecimento onde, após as manifestações cívicas, os alunos foram encaminhados
para o campo de futebol e puderam interagir por meio das atividades direcionadas pela
professora Alice Pauli da Silva envolvendo brincadeiras e comidas:
Depois a gente ia lá para o campo do Guarani e lá a gente fazia uma festinha,
então ela fazia corrida de saco, ela fazia corrida de ovo na colher, corrida dos
meninos. Depois ela fazia assim um balde cheio de capilé, aquilo era groselha
com água do poço e pirulito. Então aquilo para nós era a maior festa. Só que a
gente tinha que ir de meia branca e grampo no cabelo, as meninas. Os meninos
com sapatos, bem, muitos não tinham sapatos, aqueles que tinham botavam
uma meia branca, camisinha. Tinha que ser bem bonitinho. E aquilo era a nossa
festa. Aí então, a gente chegava, 7 de setembro, então era aquela festa, bandeira
hasteada, todos os sábados a gente hasteava a bandeira [...]. (Maria de Lourdes
Pereira, entrevista, 26 de set. 2018.)
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A presença dela na escola é afirmada nesse ano devido algumas atas do “Pelotão da Saúde” encontradas
no Arquivo Público do Estado de Santa Catarina - APESC.