tenentes, não queria leis. Eles queriam era a Ditadura perpétua... Não vê que eles eram
trouxas!” (MINAS, 1934c, p. 149). Mais adiante, numa conversa entre Setúbal e Felipe
sobre o momento político, quando o médico se dispõe, já paulistanizado, a “brigar por S.
Paulo”, Luciana esbraveja:
Você não tem medo de uma violência?... A Ditadura pode instaurar a pena de
morte. É melhor deixar de tolices, essas infames conspiraçõesinhas. Eu sou
ditadurista... S. Paulo precisa de paz, de trabalho. Isso é que é patriotismo. Esses
politiqueiros descarados, como seu Morato, esse traidor Pedro de Toledo, o seu
Sílvio de Campos, Ataliba e outros vagabundos, que roubaram à beça na
República Velha, não hão de arrancar os nossos... os nossos... digamos os
nossos filhos, dos nossos braços, para servir aos seus miseráveis estômagos.
(...) Sou! Sou! sou contra essa... guerra de S. Paulo! Não, guerra de alguns
cavadores, que querem instalar no poder o Julinho, o Barbado, e se encherem
mais ainda do suor amoedado do povo. Malditos! Bandidos!!!! (MINAS, 1934c, p.
171).
Assim, no meio das comemorações e do luto pelo conflito, os constitucionalistas
não estão imunes à sátira do autor João de Minas; por meio do discurso da personagem
Luciana, por interesse em sua paixão, se volta contra as aspirações políticas paulistas.
Em Uma Mulher... Mulher!, a mobilização Constitucionalista de 1932 é mais fortemente
parte da estrutura da narrativa que qualquer outro livro, impactando bastante a vida das
personagens. Isto ocorre, todavia, sem se forjar um sentido positivo para o patriotismo
paulista e para a mobilização de julho de 32. Por exemplo, o sentimento de Felipe por São
Paulo se inflamara tanto que
doou a herança de sua mãe, as 8.000 libras, ao MMDC de São Paulo, num gesto
que os jornais matracaram, assombrados de tanto civismo. Ganhou logo o posto
de coronel honorário do Exército Constitucionalista. Mas ele jogou essa patente
na lata do lixo, insultado com o caráter de traficância que deram à patente.
Escreveu ao general Klinger um bilhete áspero, dizendo-lhe que ‘as patentes só
se ganham nas batalhas’. Um puxão de orelha nos fabricantes de oficiais em
série! E alistou-se como soldado raso, no Regimento 9 de Julho. Há dez dias
partira para as trincheiras. Setúbal, dois dias depois, também como soldado raso
(dessa vez a lata do lixo recebeu uma patente de capitão), correu atrás do filho,
e nada pode impedi-lo de o fazer. Como se vê, tudo se atrapalhara, com o diabo
da guerra santa... (MINAS, 1934c, p. 184-185).
Assim, os combates de 32 levam a um desfecho negativo para aquelas
personagens que se apegam a valores patrióticos. Felipe morrera em batalha, assim
como Ana Petrina, prima de Setúbal, comunista que lutara a favor do governo federal, foi
deportada para Matogrosso. O sentido patriótico desses desfechos é esvaziado na visão
de Margarida, amiga de Luciana, a única personagem bem-sucedida. Prostituída depois
de um escândalo social, no Rio de Janeiro ligou-se ao Piloto do Crato, um soldado que
viera do norte com a Revolução de 30 para depor Washington Luís, e se apaixonou pela